O Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, unidade da Secretaria de Estado da Saúde gerenciada pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), na zona sul da capital, realizou o seu 1000º transplante de medula óssea neste ano.
A unidade é referência nacional para tratamento de doenças hematológicas e conta com uma estrutura modernizada composta por 2 enfermarias com 60 leitos, uma unidade de Transplantes de Medula Óssea com 14 leitos, uma unidade de quimioterapia ambulatorial que realiza cerca de 1500 sessões/mês, unidade transfusional hospital dia com 8 leitos, laboratório de citogenética e anatomia patológica que atendem mensalmente mais de 600 pacientes com diversas doenças do sangue.
“O transplante de medula óssea iniciou-se no Hospital em 1997 e até 2009 foram realizados 210 procedimentos. A SPDM assumiu a gestão da unidade em 2010 e, até o momento, mais de 790 transplantes de medula óssea foram realizados, alcançando a marca dos mil.” disse o Prof. Dr. Otávio Monteiro Becker Jr, diretor técnico do Hospital de Transplantes. “Nosso projeto agora é de realizarmos os próximos mil transplantes nos próximos cinco anos”, afirmou.
A medula óssea é a responsável pela produção das células sanguíneas, pois a partir dela são produzidos os glóbulos brancos (leucócitos) que atuam diretamente no sistema de defesa do organismo, os glóbulos vermelhos (hemácias) que transportam oxigênio para todo o corpo e as plaquetas responsáveis pelo sistema de coagulação do sangue.
Em alguns casos, a medula óssea pode apresentar insuficiência, ou seja, produzir os glóbulos e plaquetas em uma quantidade abaixo da ideal, como consequência de diversas doenças cujo sinal é principalmente a anemia, caracterizada pela baixa quantidade de glóbulos vermelhos. Dentre as diversas causas de anemia por doenças da medula óssea, temos a leucemia, um tipo de câncer oriundo dos glóbulos brancos, por exemplo.
Outras doenças do sangue, além das leucemias, como linfomas e mielomas, em seus tratamentos, podem requerer grandes doses de quimioterápicos e radiação que afetam diretamente a medula óssea, “zerando” sua produção, sendo assim os pacientes necessitam, como consequência, de um transplante de medula óssea.
O transplante de medula óssea pode ser considerado autólogo isto é, coleta-se a medula óssea do próprio paciente antes da quimioterapia/radioterapia e a transplanta-se após o tratamento, mais comum nos casos de linfomas e mielomas, ou alógeno quando o doador é diferente do receptor que pode ser de doador aparentado (mãe, pai, filhos, irmãos, etc.) ou não aparentado. A modalidade de transplante de medula óssea alogênico é a mais usada em casos de leucemias.
Doação é essencial
No processo de doação de medula óssea, as células-tronco hematopoiéticas (células que dão origem a todos os tipos de células sanguíneas) são coletadas do doador por meio de um equipamento semelhante a uma máquina de diálise e são posteriormente administradas na veia do paciente receptor. Essas células então “viajam” para a medula óssea do paciente e começam a produzir novas células sanguíneas saudáveis. Nos casos de transplante autólogos, a coleta e infusão são na mesma pessoa.
Quando não há doador na própria família, busca-se por um doador cadastrado no REDOME (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea), que é um sistema informatizado gerenciado pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer). Para ser um doador, a pessoa deve ser saudável e ter entre 18 e 55 anos. O candidato preenche um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue de 5 ml para o teste de tipagem, que fica cadastrado então o doador e suas características no sistema. O sistema então compara os dados dos pacientes que necessitam de um transplante com as informações dos doadores cadastrados.
A probabilidade de se encontrar um doador compatível fora da família do receptor é, em geral, de 1 para cem mil pessoas. No Brasil, devido ao alto nível de miscigenação da população, a localização de doadores compatíveis é mais difícil do que em países com população mais homogênea. Por isso, é necessário que o Brasil conte com um grande número de doadores de todos os grupos étnicos, para facilitar o encontro do doador compatível.









