*Por Adriana Moraes
Prevenir o uso indevido de drogas constitui ação de inquestionável relevância nos mais diversos contextos sociais – escola, família, comunidade, empresa, dada a complexidade da questão e os prejuízos associados ao abuso e à dependência de substâncias psicoativas. [1]
Iniciamos o ano de 2017 com boas notícias de “prevenção ao uso de drogas nas escolas”. Cerca de 10 milhões de adolescentes poderão ser beneficiados com o estudo da dependência química em sua grade curricular. A disciplina será uma atividade extracurricular, ministrada por instituições especializadas no assunto. O projeto foi aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ( Alesp) e aguarda sanção do governo.
As drogas são um assunto polêmico que, direta ou indiretamente, diz respeito a todos nós. O especialista em Prevenção do Uso de Drogas Claudemir Moraes dos Santos que atua na COED (Coordenação de Políticas sobre Drogas) fez uma reflexão: ” Você já imaginou o que poderia ser evitado com ações de prevenção mais efetivas? Quantas vidas seriam salvas? Quanta violência seria evitada?” Alertou que certamente é quase impossível mensurar com precisão o impacto da prevenção eficiente, mas uma coisa é certa: prevenir é sempre melhor que remediar!
Claudemir, na cartilha “Seminário de Boas Práticas de Prevenção”, disse que, quando remetemos à palavra prevenção, sempre nos referimos a impedir ou evitar algum dano ou mal. Prevenimos delitos, doenças, comportamentos de risco, abuso de drogas, etc. [2]
A escola abriga a maior parte das crianças e dos adolescentes de uma comunidade ou município. Frequentemente é na fase escolar que o adolescente tem o primeiro contato com o mundo das drogas. O problema é que o uso precoce de drogas pode afastar o adolescente de seu desenvolvimento normal, impedindo-o de experimentar outras atividades importantes nessa fase da vida. [3]
A adolescência é um período marcado por inúmeras transformações e conquistas importantes. No entanto, fatores como o uso de drogas podem transformar o adolescente em um adulto problemático com sequelas irreversíveis para o desenvolvimento de sua vida futura. O consumo de drogas nessa fase pode trazer sérias consequências físicas e/ou psíquicas para o desenvolvimento, como déficits cognitivos, problemas físicos, envolvimento em acidentes e infrações. [4]
A curiosidade natural dos adolescentes é um dos fatores de maior influência na experimentação de álcool e drogas, ao lado de fatores externos, como a opinião dos amigos e a facilidade de obtenção dessas substâncias. O adolescente vive o presente, busca realizações imediatas e os efeitos das drogas vão ao encontro desse perfil, proporcionando o “prazer” passivo e imediato.
Adolescente e o uso de drogas
Álcool
Para a maioria dos adolescentes, as bebidas alcoólicas e o tabaco serão a combinação mais frequente, seguidos de álcool e maconha, tabaco e maconha e álcool e alucinógenos. [5]
Maconha
A maconha é a substância proibida por lei mais usada em nosso país. Um em cada dez adolescentes usuários de maconha é dependente da droga. O uso de maconha muitas vezes começa a ser associado a várias situações pelas quais o indivíduo passa: se ele está nervoso, fuma; se está tenso, fuma para relaxar; se ele se sente depressivo, fuma; se tem um problema, fuma antes de pensar em tentar resolvê-lo e assim por diante, tornando-se cada vez mais dependente.
Crack
Se a experimentação ocorrer com a cocaína, em especial na forma de crack, o risco de o jovem tornar-se dependente é muito grande. Isso acontece porque, ao ser fumado, o crack atinge de maneira muito rápida, em 10 a 15 segundos, a circulação cerebral, produzindo efeitos intensos e fugazes que duram cerca de apenas 5 minutos. Tais efeitos estimulam o uso repetitivo da droga, o que provocará uma diminuição do prazer, obrigando o jovem a buscar a droga, muitas vezes de forma compulsiva. [5]
A sociedade de modo geral, principalmente os adolescentes agradecerá hoje e no futuro por todas as ações de prevenção ao uso de drogas. Finalizo no aguardo da aprovação do projeto!
*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).
Referências:
[1] Prevenção ao uso de álcool e drogas: o que cada um de nós pode e deve fazer? Um guia para pais, professores e profissionais que buscam um desenvolvimento saudável para crianças e adolescentes/ Organizadores, Alessandra Diehl, Neliana Buzi Figlie – Porto Alegre: Artmed, 2014.
[2] Cartilha – Seminário de Boas Práticas de Prevenção em Políticas sobre Drogas – Programa Recomeço Governo do Estado de São Paulo/2016.
[3]Dependência Química: prevenção, tratamento e políticas públicas / Alessandra Diehl – Daniel Cruz Cordeiro – Ronaldo Laranjeira – Porto Alegre: Artmed, 2011.
[4] http://www.uniad.org.br/images/stories/TCCS/TCC_ADRIANA.pdf
[5] O tratamento do usuário de crack – Marcelo Ribeiro, Ronaldo Laranjeira (Orgs) 2ª edição – Porto Alegre: Artmed, 2012.