Medo é um sentimento inerente a quase todos os seres vivos evoluídos e é fundamental para a preservação das espécies, pois faz com que os indivíduos se protejam e evitem situações de risco.
Já a fobia caracteriza-se por uma sensação de medo muito intensa, muitas vezes acompanhada de sintomas físicos (tremor, taquicardia e sudorese, entre outros), e que é gerada diante de algum fator ou situação não necessariamente ameaçador à vida.
Podemos dizer que a ameaça está mais na fantasia do fóbico e muito pouco baseada na realidade. Veja, se alguém apresenta uma reação como a descrita anteriormente enquanto está sob a mira de um revólver, por exemplo, é ilógico pensarmos que essa pessoa é portadora de um transtorno fóbico.
Por outro lado, se a mesma reação ocorre diante de um filhote de cachorro ou do simples fato de entrar em um elevador, então podemos sugerir que essa pessoa pode precisar de ajuda. Em resumo, a fobia é um medo intenso e desproporcional ao estímulo que o causa.
Classicamente, as fobias estão alocadas na classificação dos transtornos de ansiedade dos manuais, e realmente é o que vivenciamos na prática. Os portadores são normalmente bastante ansiosos, muitas vezes ao longo de toda a vida. Em alguns casos, um evento estressante pode ser o gatilho para o início dos sintomas, como ficar preso em um elevador ou ser atacado por um cachorro, para os casos já citados, por exemplo, mas isso não é obrigatório.
Muitas pessoas não conseguem relatar ter passado por nenhuma situação realmente intensa que pudesse justificar tais medos a partir de então. O grande problema das fobias reside no fato de que os pacientes experimentam sensações tão ruins que eles passam a limitar sua vida para evitar a possibilidade de exposição ao objeto de seus medos.
Dessa forma, restringem seu campo vivencial e deixam de viver a vida de uma forma plena. Isolam-se, deixam de ir a lugares e eventos, perdem contato com pessoas e, consequentemente, também acabam por desenvolver sintomas depressivos.
Tais limitações podem ter intensidades diferentes, dependendo, entre outros fatores, do tipo de fobia que se apresenta. Uma pessoa que tem fobia a gatos ou a lugares fechados, por exemplo, pode ter sua vida restrita de uma forma muito mais significativa do que alguém que tenha fobia de voar de avião, já que as primeiras situações são muito mais corriqueiras do que a última. Por outro lado, se a pessoa exercer alguma atividade que exija viagens constantes, as coisas se invertem.
Frequentemente nos deparamos com notícias, mesmo que a título de curiosidade, que relatam medos muito específicos e suas denominações – claustrofobia (locais fechados), acrofobia (altura), aracnofobia (aranhas) etc. O importante é entendermos o fenômeno como um todo para que seja destinado o cuidado adequado.
O tratamento normalmente baseia-se no uso de antidepressivos – podendo estes estar associados ou não a outras medicações, de acordo com a sintomatologia apresentada – e em psicoterapia.
Psiquiatra
Coordenador da equipe de Psicogeriatria do
AME Psiquiatria Dra. Jandira Masur