A inseminação intrauterina é um método mais simples de reprodução assistida, consistindo em introduzir espermatozoides no útero quando a mulher está ovulando. Na figura, os espermatozoides (SPM) são colocados dentro do útero por meio de uma cânula. Espera-se que eles penetrem na tuba e o óvulo seja fertilizado por um deles. Quando se utiliza a inseminação, é obrigatório que haja ovulação (natural ou induzida com medicamentos), que as trompas estejam funcionando e que haja espermatozoides em quantidade suficiente. Entretanto, mesmo para casais que obedecem a todos esses requisitos, a inseminação pode não ser tão efetiva.
De fato, alguns casais são mais bem-sucedidos que outros. Um estudo da Universidade de Amiens (cidade francesa, famosa pela sua grande Catedral e por ter sido onde viveu, por muitos anos, o escritor Júlio Verne), feito com 1.038 ciclos para inseminação, mostrou que os casais que têm mais chance de sucesso com a inseminação intrauterina são aqueles em que:
1. a mulher tem até 30 anos de vida, porque os óvulos tendem a apresentar melhor qualidade, facilitando a fertilização e implantação;
2. a causa da infertilidade é a dificuldade do espermatozoide penetrar no muco cervical (a espécie de “clara de ovo” que separa a vagina da cavidade uterina);
3. a causa da infertilidade é a falta de ovulação, facilmente suplantada com administração de medicamentos específicos;
4. a quantidade de espermatozoides móveis, na amostra a ser introduzida no útero, é maior ou igual a cinco milhões;
5. a estimulação ovariana produza dois folículos com um mínimo de 16 mm de diâmetro;
6. os espermatozoides com morfologia normal sejam no mínimo 30% do total da amostra (conforme a Organização Mundial de Saúde).
Evidentemente, casais que obedeçam a esses critérios podem engravidar com mais facilidade. No entanto, não significa que os outros não tenham sucesso. Os critérios estatísticos indicam um rumo, mas não definem o resultado. Como sempre, apenas a análise criteriosa das necessidades de cada casal poderá indicar o procedimento mais adequado.
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo