Uma grande causa de infertilidade é a ausência de espermatozoides no líquido ejaculado (azoospermia), pode ocorrer ou por obstrução dos canais (como na vasectomia), ou por redução drástica (ou mesmo falta) de produção dos espermatozoides.
Quando a causa é obstrutiva, a cirurgia praticamente garante a retirada de espermatozoides para injeção nos óvulos femininos. Os embriões formados serão colocados no útero, com chance real de gravidez.
No entanto, quando a causa é obstrutiva, o acúmulo de espermatozoides nos testículos é uma incógnita: eles podem ou não ser encontrados. Algumas vezes, para que se tenha certeza da presença de espermatozoides, pode ser retirado um fragmento do testículo (biopsia) que, analisado ao microscópio, pode revelar a existência ou não de espermatozoides.
Se não houver espermatozoides nesse fragmento, supõe-se que não existam espermatozoides em todo o testículo. Assim, para a gravidez, recorre-se ao banco de sêmen.
No entanto, nem sempre isso é conclusivo. Em algumas ocasiões, mesmo quando não se encontram espermatozoides na biopsia, eles podem estar presentes no testículo, desde que sejam procurados ativamente.
O processo que faz esse tipo de busca ativa se chama microTESE. Nele, os testículos são abertos sob microscópio cirúrgico. A observação direta permite a retirada dos túbulos mais grossos, que têm chance de conter espermatozoides.
Fazendo isso, foi possível encontrar espermatozoides em quase a metade dos pacientes que teve, previamente, biopsia mostrando azoospermia (pesquisa realizada em New York, no Weill Cornel Medical College, neste ano). Esses espermatozoides foram utilizados para fertilização in vitro.
Assim, mesmo indivíduos azoospérmicos e com biopsia testicular mostrando ausência de espermatozoides, que antes utilizavam banco de sêmen para reprodução, hoje podem se beneficiar de microTESE e se tornarem pais biológicos.
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo