O lado masculino do casal responde, isoladamente, por cerca de 30% dos casos de infertilidade conjugal e, em conjunto com o lado feminino, por cerca de 40% dos casos. Mais uma vez sublinhamos: a infertilidade é do casal, e a investigação só pode ser completa se envolver os dois parceiros.
O principal exame que reflete o potencial masculino para a reprodução é o espermograma. Esse exame, mesmo com resultado normal, não é prova definitiva de fertilidade do homem: apenas mostra seu potencial. Isto decorre de que existem outros fenômenos implicados na reprodução do casal, que o espermograma não consegue avaliar. Um exemplo é a fusão do espermatozoide com o óvulo, que pode não ocorrer mesmo em pessoas com espermograma normal.
A figura ao lado mostra um espermatozoide normal. Na cabeça estão os 23 cromossomos, que, juntamente com os 23 do óvulo, formarão o embrião após a fertilização. O acrossoma contém substâncias que ajudarão o espermatozoide a penetrar no óvulo. A peça intermediária e a cauda são responsáveis pelo movimento. Defeitos nessas regiões podem impedir a fertilização.
Os espermatozoides são produzidos nos testículos, armazenados em bolsas chamadas epidídimos e, juntamente com as secreções das vesículas seminais e da próstata, formam o líquido seminal. Apenas cerca de 5% do volume do líquido seminal é constituído pelos espermatozoides, o restante se devendo às secreções. Dessa forma, mesmo que o ejaculado contenha muito volume, pode não conter espermatozoides. O volume mais comum de uma amostra de sêmen está entre 2 e 5 mililitros.
Quando são depositados na vagina, eles devem penetrar no útero e nas trompas, para fertilizar o óvulo. Considera-se normal que haja mais de 20 milhões de espermatozoides por mililitro no ejaculado, o que corresponderia algo em torno de 40 a 100 milhões de espermatozoides no total da ejaculação.
No entanto, nem todos esses espermatozoides têm qualidade para fertilização do óvulo. Por um lado, alguns deles têm alterações na movimentação e não conseguem prosseguir para o útero e trompas: o normal é que pelo menos a metade deles apresentem mobilidade que permita o deslocamento até o óvulo. Por outro lado, a forma dos espermatozoides pode estar alterada, refletindo defeitos em seu funcionamento: considera-se que são necessários mais de 4% deles de forma normal para que haja chance de gravidez natural.
Embora, no ejaculado, existam aos milhões, poucos chegam ao óvulo. Isso porque, durante a sua “travessia” da vagina até o óvulo, muitos são vítimas dos mecanismos de defesa femininos, já que são corpos estranhos. Acredita-se que, para que haja boa possibilidade de reprodução natural, devam existir no mínimo cinco milhões de espermatozoides móveis. Todos os que atingem o óvulo participam da “limpeza” de sua superfície, abrindo caminho para a penetração.
Apenas um espermatozoide penetrará no óvulo e participará da fertilização. O “escolhido”, ao menos teoricamente, é o que apresenta melhor potencial genético para a fertilização e para a formação de um embrião de boa qualidade, como mostrado na figura ao lado. Os blastômeros são células resultantes da divisão do óvulo fertilizado, e a zona pelúcida é a membrana do óvulo que reveste, também, o embrião. A Natureza, por meio de todos esses mecanismos seletivos, espera que o indivíduo formado por esse embrião possa ser um humano mais bem adaptado ao seu ambiente (o que nem sempre é verdadeiro).
Créditos
Espermatozoide: wwwcienciasdanatureza.blogspot.com
Óvulo + espermatozoides: WWW.isaude.net