Muitas vezes os exames básicos de pesquisa da infertilidade são normais, e se fala, então, em infertilidade sem causa aparente. Precisamente nessas ocasiões, quando temos um espermograma “normal” e a morfologia estrita também “normal”, é que são úteis os chamados testes funcionais com o espermatozoide. Cada um testa uma função específica do espermatozoide, e tem potencial para esclarecer o diagnóstico da infertilidade do casal.
No acrossoma se concentram substâncias (chamadas enzimas) que vão facilitar a entrada do espermatozoide no óvulo. Quando o espermatozoide adere ao óvulo, o acrossoma se rompe, liberando essas substâncias. Mesmo em pacientes com espermograma normal, se houver defeito na penetração do espermatozoide, isso resulta em infertilidade. O teste de integridade do acrossomo permite descobrir esse defeito: por meio de um corante que adere ao acrossomo normal, os espermatozoides sem defeitos tem o acrossoma corado em verde (figura, extraída de www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana) enquanto os anormais não coram.
Na peça intermediária estão os mitocôndrios, a “casa de força” do espermatozoide, de onde sai a energia para o movimento do flagelo. Se a atividade do mitocôndrio é pequena, então, embora possa haver fertilização, a chance diminui. O teste de atividade mitocondrial cora a peça intermediária normal, enquanto a anormal não é corada (figura extraída da mesma fonte anterior).
Por fim, é possível testar a integridade do DNA do espermatozoide. Essas moléculas, formadoras dos genes, podem se fragmentar e dificultar o processo de fertilização e ligação do embrião com o útero (implantação). Mesmo que haja elevação do índice de fragmentação, pode haver gravidez natural, se os outros fatores forem todos normais. Em geral, a gravidez natural ocorre após um tempo maior do que o esperado e, se for necessário procedimento assistido, o número de tentativas será maior se a fragmentação do DNA for alta. A figura ao lado, extraída também de www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana, mostra o aspecto microscópico da fragmentação do DNA (F).
Portanto, uma vez mais, o espermograma, importante ferramenta de pesquisa da infertilidade masculina, mesmo normal, não indica necessariamente homem fértil.
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http://www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana
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Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo