Já sabemos que, com o passar do tempo, o número de folículos ovarianos se reduz paulatinamente. A figura mostra um ovário, ao ultrassom, com três folículos, bolsas que contêm um óvulo envolto em líquido nutritivo. A redução da quantidade de folículos se acentua particularmente após os 37 anos (veja no gráfico), pelo que a taxa de gravidez da mulher também declina mais rapidamente a partir desta idade. A quantidade de folículos que existe no ovário, a uma certa idade, é denominada de reserva ovariana, e seu conhecimento é muito importante para realização de procedimentos assistidos (inseminação ou fertilização in vitro), porque o sucesso do procedimento está ligado, até certo ponto, à reserva ovariana da mulher.
Além da idade, que é um indicador mais antigos embora menos preciso, existem técnicas que permitem avaliar de modo relativamente mais seguro a reserva ovariana da mulher:
1..dosagem de FSH (hormônio folículo estimulante) no sangue: quanto mais alto, menor a reserva ovariana;
2..dosagem de hormônio anti-mülleriano no sangue: quanto menor, menor a reserva ovariana;
3..contagem de folículos ovarianos quando a mulher está perto da menstruação: quanto maior o número, maior a reserva ovariana;
4..dosagem de inibina B: semelhantemente ao hormônio anti-mülleriano, quanto menor, menor a reserva ovariana.
È muito comum, nos consultórios de Reprodução Humana, que a paciente pergunte: “Doutor, eu menstruei pela primeira vez muito cedo. Isto quer dizer que entrarei na menopausa mais cedo?”
Até então sem resposta adequada, um trabalho elucidativo sobre este tema foi publicado por pesquisadores da Universidade de Viena e da Universidade de Yale, em outubro do ano passado. Os autores mostraram que mulheres inférteis, que tiveram a primeira menstruação (chamada menarca) antes dos 13 anos, tem chance maior de apresentarem redução da reserva ovariana do que as que tiveram a menarca após os 13 anos. Concluiram, então, que existe relação entre a menarca precoce e a redução mais rápida da reserva ovariana. Devemos observar que se trata apenas de uma evidência estatística. A veracidade depende de confirmação por meio de outras evidências e, principalmente, do encontro de uma explicação para essa ocorrência. A reserva ovariana da mulher depende do número inicial de folículos que ela possui e da velocidade de perda dos mesmos. Enquanto o primeiro parece depender mais de aspectos genéticos, a segunda tem alguma relação com aspectos ambientais: por exemplo, exposição a ambientes potencialmente tóxicos (radiações, quimioterapia, etc..) tem relação com redução da reserva ovariana.
No entanto, não é necessário desistir da maternidade porque a reserva ovariana é baixa. De fato, embora seja um dificultante (às vezes de grande magnitude), a presença de poucos óvulos não é um impedimento absoluto para a gravidez. Lembremos que um único oócito (óvulo) de qualidade, capaz de gerar um bom embrião, pode trazer a alegria da gravidez ao casal.
Mais informes sobre Reprodução Humana:
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Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo