Suponhamos que um casal apresente todos os requisitos necessários para engravidar por meio de uma inseminação intrauterina: a mulher tenha tubas (trompas) permeáveis e hormônios normais, e o espermograma seja também regular. Nessa condição, a pergunta é: quantas vezes esse casal pode tentar a inseminação com chance real de sucesso?
A resposta é difícil, sobretudo se surpreendentemente um casal desse tipo desistir após algumas tentativas de inseminação intrauterina e ter uma gravidez normal. Os exemplos são muitos.
Mesmo assim, baseando-se em trabalho técnico, é possível encontrar uma resposta razoável para esse tema. O que se observou é que, quando existe possibilidade de sucesso pela inseminação intrauterina (como no casal descrito acima), a chance de gravidez em mais de mil tentativas foi de apenas 13,5%, isto é, apenas 141 tentativas culminaram com gravidez. Delas, apenas 122 (cerca de 12% das tentativas) terminaram com parto.
Das 141 gravidezes, 113 (80%) ocorreram dentro das três primeiras tentativas (mais da metade, 62%, na primeira e segunda). Além disso, após a sexta tentativa, não houve mais gravidez.
Assim, é razoável realizar até três tentativas de inseminação. Se não ocorrer gravidez, é preferível, pelo menos do ponto de vista apenas estatístico, não prosseguir nas tentativas. Cabe ao médico julgar se as tentativas oferecerão chance real de gravidez. Em caso positivo, pode-se escolher outro método para a reprodução.
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo