Frida Kahlo era uma revolucionária. Fazia parte da elite do México, mas fazia questão de valorizar a cultura mexicana: usava jóias e roupas das índias, objetos de devoção a santos populares, andava pelos mercados de rua e gostava mesmo é das comidas cheias de pimenta. Dizia ser filha da Revolução Mexicana.
Nasceu em 1907 e aos 18 anos sofreu um trágico acidente em que o ônibus em que estava se chocou em um trem em movimento. Frida foi trespassada por uma barra de ferro que atingiu seu abdome, a coluna vertebral e saiu pela pélvis. Passou por 35 cirurgias por conta das muitas fraturas. Muito tempo de sua vida esteve acamada e usou um colete de gesso até o fim, mas as dores atrozes nunca a abandonaram.
Frida sentia que era o retrato do azar, e chegou a declarar: “E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo”.
Foi nesse período de recuperação que a artista começou a pintar. Os auto-retratos começaram aí: sua mãe tinha pendurado um espelho em frente à sua cama. Neles mostrava toda sua dor e assim ela explicou: “Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Casou com o pintor Diogo Rivera em 1929, quatro anos depois do acidente. Amou Rivera profundamente e sua relação com ele sempre foi muito conturbada. A família dela comparou a união como o casamento de um elefante com uma pomba, talvez ainda pelo fato de ele ser 21 anos mais velho e ser muito maior que ela.
Os dois se entregaram a outros romances, Frida se envolveu com homens e mulheres, inclusive com o revolucionário russo León Trotski. A maior angústia dela, no entanto, foi a de nunca ter conseguido levar uma gravidez até o fim.
Rivera era intempestivo e mulherengo, um socialista e artista de enorme talento. E foi ele quem mais incentivou Frida com sua arte. Foi com ela à Nova Iorque para uma exposição. Isso antes de se envolver com a irmã dela.
Frida Kahlo deu cor e luz a todas as suas dores, à natureza morta, ao corpo e demonstrou seu fascínio por magia e crenças populares, tudo carregado de erotismo, emoção e, especialmente, empoderamento.
É a história dessa mulher excepcional e única que o filme Frida, de 2002, conta. Dirigido por Julie Taymor, com Salma Hayek como Frida e Alfred Molina como Alfredo Rivera, o filme é apenas um vislumbre da vida intensa da artista, mas serve para fazer conhecer uma personagem tão intrigante e importante da história recente da arte mundial.
Frida (Frida, EUA , Canadá , México, 2002), dirigido por Julie Taymor, com Salma Hayek-Pinault, Alfred Molina, Geoffrey Rush, Ashley Judd, Edward Norton, Antonio Banderas, Mia Maestro e Valeria Golino.