Foram as antigas sociedades do México e da América Central (maias, astecas e toltecas) entre 250-900 d.C., que amassaram as sementes de cacau e criaram o tchocolatl – uma bebida amarga, gordurosa e temperadíssima, com pimentas e especiarias.
Tratava-se de um alimento divino, mais precisamente do deus da sabedoria e do conhecimento, Quetzalcoatl que, como os astecas acreditavam, trouxe dos céus a semente do cacau.
As sementes de cacau, nessa época, eram tão valiosas que eram usadas como dinheiro. Fascinado com a história, no século XVIII o botânico sueco Carlos Lineu batizou a árvore do cacau de Theobroma cacao, que em grego quer dizer alimento divino.
Foi na Espanha que os temperos e pimentas saíram da receita para dar lugar ao mel ou açúcar. Coube aos monges a tarefa de procurar novas receitas e por um período de quase cem anos o chocolate passou a ser um artigo de alto luxo.
O chocolate só veio a se popularizar no século XIX, depois que Coenrad Van Houten inventou uma máquina maravilhosa que extraía o licor da manteiga de cacau. Com o licor fazia-se chocolate em pó, e com a massa a nossa velha conhecida barra de chocolate.
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Mas não é exatamente para falar de história que estamos aqui. A grande novidade sobre o chocolate vem agora dos laboratórios, hospitais e universidades. E as novidades são todas boas. Quer saber quais?
Não é novidade que o comer chocolate produz endorfina e serotonina, hormônios que provocam uma sensação de bem estar no cérebro. Mas você sabia que chocolate previne câncer de intestino? Protege contra AVC? Previne diabetes, problemas cardiovasculares, retarda o envelhecimento, ajuda na memória, melhora a pressão arterial e algumas “cositas más”?
“Nós estamos falando especificamente do chocolate preto, que tem em sua composição 75% ou 85% de cacau, que tem menos açúcar e gordura”, esclarece o cardiologista Pedro Duccini, do Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence, em São José dos Campos.
Flavonoides. Esse é o nome dado aos componentes do bem do cacau, responsáveis por atividades antioxidantes, antiinflamatórias, vasodilatadoras e combativas à obstrução arterial. “O consumo regular moderado de flavonoides presentes no chocolate melhora a função dos vasos sanguíneos, prevenindo até 50% de morte por infarto”, diz Pedro.
Ainda tem a ação de redução da pressão arterial, ação antioxidante, que reduz o colesterol mau (o LDL) e aumenta o bom (o HDL). O paradoxo mais curioso, segundo o cardiologista, é que “o chocolate melhora a sensibilidade à insulina, melhorando, nos portadores de diabetes, a adesão do açúcar”.
Aviso aos diabéticos – qualquer mudança na dieta deve ser prescrita e acompanhada pelo seu endocrinologista!!!
Além disso, o chocolate contém as vitaminas A, B, C, D e E e minerais como fósforo e ferro.
“Mas é preciso reforçar que estamos falando do chocolate com alta concentração de cacau, a partir de 75%. E a quantidade considerada ideal e segura de consumo é entre 40 e 50 gramas por dia, o equivalente a um tablete”, ensina doutor Pedro.
É que os chocolates ao leite têm muito açúcar e muita gordura, e a quantidade da pasta de cacau diminui, diminuindo também a quantidade de flavonoides. Além de contribuir para a obesidade, não traz a sensação de saciedade que o meio amargo tem, provocando aquela vontade de quero-mais.
Nunca é tarde para lembrar que flavonoides são encontrados em outros alimentos. “50 gramas de chocolate amargo têm 200 ml de flavonoides, a mesma quantidade encontrada em três taças de vinho”, revela Pedro. Pode ainda ser encontrados no açaí e no maracujá, por exemplo.
Páscoa, OBA!!!!!!!
Com todas essas notícias boas, a farra do chocolate está liberada na páscoa?
Sim e não. Todo o exagero é prejudicial à saúde em algum grau, já nos ensinavam nossos avôs. No caso do exagero em chocolate, em uma ocasião isolada, como a visita do coelhinho, pode-se ter um problema intestinal, com dor de barriga e tudo. É passageiro, mas incomoda. E, passados alguns dias, o organismo fica novo de novo. “Nosso metabolismo se adapta”, explica o cardiologista.