A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e o Hospital São Paulo estão realizando um inquérito sorológico em 63 municípios de diversos estados brasileiros, como parte de um grande projeto de pesquisa nacional para definir a melhor estratégia para a eventual introdução de uma vacina contra a dengue no calendário nacional de imunizações.
“O objetivo do projeto é entender a condição de ocorrência da dengue no Brasil para propor ao Ministério da Saúde a melhor estratégia vacinal”, explica o infectologista Marcelo Burattini, coordenador da iniciativa.
Foram escolhidas cidades com população entre 100 mil e um milhão de habitantes, que nos últimos cinco anos tiveram pelo menos três episódios epidêmicos, com 300 ou mais casos de dengue para cada 100 mil habitantes. Em cada município, serão colhidas amostras de sangue de 900 a 1.200 pessoas, entre um e 20 anos de idade. Em São Paulo, foram selecionadas as cidades de Araraquara, Araçatuba, Caraguatatuba, Mogi das Cruzes, Santos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Sumaré.
As amostras coletadas são direcionadas para uma pesquisa de anticorpos, que permite estimar a fração da população que teve contato com qualquer um dos quatro sorotipos de vírus da dengue, bem como identificar os locais no país onde a transmissão da doença é mais intensa. “A pesquisa deve terminar ainda no segundo semestre de 2015 e já tem aproximadamente 36 mil amostras coletadas, de quase 65 mil previstas”, conta Burattini.
A doença, que apareceu pela primeira vez no Brasil em 1865 e foi eliminada na década de 50, voltou a acontecer na década de 1980. Hoje em dia, quatro tipos de vírus circulam no país, sendo que foram registrados 587,8 mil casos de dengue em 2014, de acordo com o Ministério da Saúde. “O maior número de notificações foi em 2013, com 1 milhão e 350 mil casos notificados e 379 óbitos”, finaliza Burattini.