O HUB de Cuidados em Crack e outras Drogas, unidade do Governo do Estado de São Paulo gerenciada pela Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina, iniciou a implantação de um sistema de testagem toxicológica que permitirá a detecção e monitoramento do uso de canabinóides sintéticos entre pacientes que buscam a unidade.
O equipamento concluiu recentemente a coleta de amostras de cabelo de pacientes que relataram o uso de K9 e/ou outros canabinóides sintéticos como a K2 ou Spice. Esse foi o primeiro passo para a implantação do sistema, que deve garantir um monitoramento periódico e sistemático de quais drogas estão sendo consumidas pelos pacientes para melhor avaliar riscos e condutas clínicas.
“A análise das amostras para o rastreamento toxicológico encontra-se em andamento e permitirá a confirmação sobre qual – ou quais – tipos de canabinóides sintéticos estão sendo usados e garantir um melhor atendimento”, afirma o diretor da unidade, Quirino Cordeiro.
O conhecimento sobre quais canabinóides estão sendo utilizados e até mesmo se de fato as drogas que os usuários acreditam é fundamental para que as intervenções clínicas sejam mais efetivas em casos de emergência e tratamento do transtorno aditivo. A vigilância sobre quais substâncias estão em circulação também será essencial para oferecer à gestão pública informações relevantes que possam colaborar no planejamento de estratégias de prevenção e de redução de oferta.
A confirmação do uso de canabinóides sintéticos entre a população que acessa os serviços prestados pelo HUB é um indicador importante, uma vez que pode apontar para o aumento da disponibilidade dessas drogas na região e colaborar com as forças de segurança que atuam nas cenas abertas de uso.
O monitoramento do consumo de canabinóides sintéticos e das novas drogas psicoativas de forma são grandes desafios para a comunidade médica e científica, uma vez que não são facilmente identificadas em exames tradicionais e os consumidores quase nunca sabem de fato qual droga foi usada, podendo se expor a riscos muito maiores que o já esperado.
A validação de diferentes variações de canabinóides sintéticos vai ser realizada por meio de uma parceria entre pesquisadores da SPDM e o Laboratório Chromatox, da Dasa, com financiamento internacional proveniente da colaboração com o pesquisador Thom Browne Jr, Chefe Executivo do “Colombo Plan”, uma organização que promove o avanço socioeconômico de mais de 26 países ao redor do mundo.
Histórico do uso de Canabinóides Sintéticos no Brasil
O uso de diferentes tipos e formatos de canabinóides sintéticos como o K9 não é um fenômeno recente no Brasil. Desde 2016 o uso de variações dessas substâncias é detectado no país, através do Global Drug Survey, a maior pesquisa online sobre consumo de substâncias no mundo, realizada em mais de 20 países que é coordenado pela pesquisadora Clarice Madruga da Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e teve apoio da instituição para sua coleta de dados no Brasil.