Os abraços são vitais para a saúde e desenvolvimento das crianças, dirão que ela é amada, querida e protegida, que está em boas mãos, dando-lhe a sensação de segurança de uma forma que a palavra não consegue dar.
Quando uma criança pequena cai e se machuca, a primeira coisa que faz é procurar esse afago, o abraço da mãe, ou pai, alguém que lhe forneça segurança. Quando um filho passa no vestibular, é saudado com abraços. Quando um time faz gol, os amigos se abraçam. Quando estamos tristes, procuramos um abraço amigo. Quando perdemos alguém, todos nos abraçam.
“Dentre os elementos que compõe os tipos de comunicação não verbal, talvez seja o abraço uma das forças mais reveladoras dos sentimentos e emoções”, afirma Maria Fernanda Costa e Silva, psicóloga da equipe de Transtornos Afetivos do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Psiquiatria Vila Maria, na zona norte da capital paulista.
O abraço, ou amplexo, é uma troca de sentimentos de carinho e afeto, uma troca de energias que acontece quando duas ou mais pessoas se apertam uma nos braços da outra. É uma forma de dividir coisas boas e ruins da vida, e serve também para expressar algo, quando nos faltam palavras.
Sim, quando apertamos alguém nos nossos braços, os benefícios para os envolvidos vão muito além da alegria de se sentirem queridos: o cérebro recebe mensagens de satisfação e começa a trabalhar liberando endorfina, ocitocina, dopamina e serotonina, hormônios responsáveis pela sensação de prazer, bem-estar, regulação do batimento cardíaco.
Mas como tudo isso pode acontecer?
Quando acontece um abraço, os níveis de ocitocina liberados pelo organismo aumentam, diminuindo a pressão arterial e reduzindo o risco de doenças cardíacas, estresse e ansiedade. Outra função redutora de estresse e ansiedade acontece quando, com o abraço, os níveis de cortisol diminuem.
E este primeiro toque é primordial desde a infância, para estimular o processo de vinculo, que vai refletir-se no desejado desenvolvimento saudável e equilibrado da criança.
“O contato corporal mãe – bebê, desde o momento do nascimento, resulta em efeitos positivos na interação entre os dois, acrescentando que, ao longo do desenvolvimento as manifestações de carinho são essenciais para construção de laços afetivos e confiança com os pais, estabelecendo uma relação mais segura”, explica a psicóloga.
A ocitocina extra no organismo ainda aumenta o bom-humor e tem o delicioso efeito de deixar qualquer um mais tranquilo.Também estimula a glândula timo, fortalecendo o sistema imunológico, o que regula e equilibra o corpo.
O abraço ainda pode liberar endorfina, aquela substância mágica que produzimos depois de um bom exercício físico ou que percebemos quando comemos chocolate, e que traz a sensação de bem-estar. Ainda tem um efeito analgésico: relaxa os músculos e libera a tensão no corpo, aliviando ou acalmando a dor e aumentando a circulação.
Os carinhos que recebemos dos nossos pais a partir do nascimento promovem a auto-estima. “O toque, princípio do abraço, é uma ferramenta importante na infância”, explica a psicóloga.
“Vale ressaltar que dar um abraço ou manifestar afeto é importante para demonstrar uma relação sensível às necessidades do outro. Isto é, o abraço deve surgir de forma adequada ao contexto e os sinais que os são transmitidos, sempre respeitando as características individuais de cada um, de forma que não sejam vistas como algo invasivo”, completa Maria Fernanda. Isso porque em um abraço invasivo, quando a pessoa que recebe o abraço não quer estar ali, o efeito pode ser contrário, criando tensão nos músculos e sentimentos ruins.
Voltando para o lado bom da história, um estudo da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, mostrou que um abraço de apenas 20 segundos já pode causar essa explosão de coisas boas. Não precisa nem ser muito!
Vale a pena refletir: quantos abraços deixamos de dar, na correria do dia a dia?
Quanto maior for a ligação afetiva com quem abraçamos, mais poder tem o abraço. É gostoso, não custa nada e ainda traz conforto e faz bem a saúde.