Em 2019, o Hospital Geral de Pirajussara se destacou entre seus pares pela quantidade de órgãos captados. Entre janeiro e novembro, o HGP identificou 23 potenciais doadores, que resultou na captação de 44 órgãos – 32 rins, um pâncreas, 4 fígados, um par de pulmões, cinco córneas e um coração, que beneficiaram inúmeros receptores. Segundo o Dr. Paulo Neustein, coordenador da Unidade de Terapia Intensiva do HGP, diariamente é feita a busca ativa de potenciais doadores em todas as unidades críticas do HGP, através de protocolo desenvolvido com sinais de alerta, que têm contribuído para o aumento da detecção destes pacientes.
Segundo ele, todo o processo da doação, aprovação e captação dos órgãos obedece à legislação vigente. Para determinação da morte encefálica são realizadas duas provas clínicas e um exame complementar. Na sua maioria, a equipe da unidade de terapia intensiva é quem realiza os testes. Porém, quando o potencial doador é detectado fora da unidade de terapia intensiva, a equipe de neurocirurgia também contribui para conclusão do processo. “O exame complementar é fornecido pelo Governo do Estado de São Paulo, através da OPO (Organização de Procura de Órgãos) EPM (Escola Paulista de Medicina), e convênio firmado entre as partes”, explica.
A equipe multiprofissional da instituição, composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, recebe orientação para lidar com a doação de forma profissional e, ao mesmo tempo, humana. Esses profissionais devem estar preparados para lidar com a perda e a dor de cada família e, paralelamente, orientar e auxiliar na tomada de decisão, já que a doação só é autorizada na entrevista familiar. Por isso, a intenção de ser doador precisa ser compartilhada com a família, pois é a única forma de garantir que a vontade do doador seja realizada.
A abordagem inicial, para comunicar a morte encefálica aos familiares é feita em um local reservado, pelo médico coordenador, intensivista ou emergencista de plantão, quando no Pronto Atendimento. Os familiares são acolhidos pela equipe e todos os questionamentos são esclarecidos, para total transparência do processo. Já a abordagem quanto à doação é realizada pela equipe da OPO (Organização de Procura de Órgãos) da Escola Paulista de Medicina ( EPM).
A retirada dos órgãos para doação é realizada por equipe externa, utilizando as dependências do centro cirúrgico do hospital. As retiradas são, geralmente, realizadas no período noturno ou madrugada. “Este fato se dá pela distância do HGP dos hospitais transplantadores, o que não podemos interferir, respeitando a logística necessária para que o tempo de transporte não se prolongue”, conclui.