A Variante Delta do coronavírus, identificada pela primeira vez na Índia, já circula em 92 países e gera preocupação na Organização Mundial da Saúde. Em entrevista coletiva, a líder técnica de resposta da OMS à pandemia Maria Van Kerkhove disse que a “cepa tem demonstrado uma maior taxa de contaminação”, mas que ainda não há dados sobre sua taxa de mortalidade.
A epidemiologista afirmou que as já conhecidas medidas de prevenção à Covid-19 como uso de máscara, distanciamento, higienização de mãos com água e sabão ou álcool em gel 70% funcionam contra a linhagem B.1.617.2. Diante dos alertas, a SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina segue com suas ações de conscientização e prevenção da população nas unidades que administra para assim evitar as novas cepas em território nacional.
O infectologista da SPDM Rafael Pardo alerta para as consequências caso a variante delta chegue ao país ao dizer que “seu potencial de transmissão em conjunto com a baixa taxa de distanciamento social que ocorre no Brasil são a receita perfeita para a sobrecarga do sistema de saúde e seu colapso”.
Estudo da autoridade sanitária britânica Public Health England (PHE) aponta que a cepa tem capacidade 60% maior de infectar outras pessoas do que as variantes já conhecidas do coronavírus. Além disso, os testes revelaram que ela é capaz de se multiplicar com mais facilidade no organismo.
“O fato de a multiplicação ser maior no organismo não está diretamente relacionado com a mortalidade do paciente e sim com a sobrecarga no sistema de saúde, e isso gera um aumento de óbitos por falta de cuidados adequados”, ressalta Rafael Pardo.
A alta no número de hospitalizações também seria resultado da dominância da variante no país, o que faria com que a maioria dos casos de infecção fosse causada por ela. “Levando em conta a maior taxa de transmissão, caso a variante se espalhe pelo Brasil há grandes riscos de se tornar uma variante dominante, como foi o caso da variante P1”, diz Rafael Pardo.
Vacinas protegem contra a variante delta?
Estudo publicado na revista Lancet mostrou que as vacinas disponíveis protegem contra a variante delta, mas possuem menor neutralização do vírus em comparação com a variante alfa. A vacina da Pfizer-Biontech tem até 79% de eficácia contra a variante delta, em comparação com 92% no caso da alfa. Já a proteção da vacina da AstraZeneca contra a delta é de 60% em comparação com 73% no caso da alfa.
Uma análise da Public Health England (PHE) assegurou que aqueles com a imunização completa da Pfizer-Biontech ou da AstraZeneca estão bem protegidos contra sintomas mais severos da Covid-19. O estudo apontou ainda que o risco de hospitalização foi reduzido em mais de 90% na comparação com outras vacinas.