A pandemia da Covid-19 causou impactos negativos em outras linhas de cuidados e uma delas foi a saúde do homem. Devido ao medo e risco de contaminação, o público masculino passou a fazer menos seus exames de rotina. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de consultas urológicas realizadas pelo SUS caiu 33,5% em 2020, na comparação com o ano anterior.
Houve diminuição também no número de cirurgias para retirada da próstata por câncer, de 21,5%. Já as coletas do antígeno prostático específico (PSA) e de biópsia da próstata que, junto com o exame de toque retal, diagnosticam a doença, registraram quedas de 27% e 21%, respectivamente, entre 2019 e 2020.
Com a vacinação e a melhora nos dados da pandemia, como queda nos números de casos e mortes, a expectativa é que os homens voltem a frequentar o médico urologista como prevenção ao câncer de próstata e outros problemas de saúde. “A importância dos exames de rotina é de fazer diagnóstico precoce de doenças, reduzindo o impacto delas na saúde (aumentando a cura e reduzindo os efeitos colaterais), e, também, conversando com o médico sobre formas de evitar a própria doença”, explica Claudio Murta, urologista e coordenador do Centro de Referência em Saúde do Homem.
Os cuidados diários seguidos de acompanhamentos de rotina, possibilitam a descoberta de doenças ainda no começo. No caso do câncer de próstata, quando identificado no início, as chances de cura são de 90% e o “tratamento pode ser menos agressivo, com menos efeitos colaterais”, ressalta Claudio Murta. Em casos de tumores iniciais, de pequeno volume, uma das opções é a chamada “vigilância ativa”, que é o acompanhamento com realização do exame de PSA a cada seis meses e ressonância magnética uma vez por ano. Caso o tumor apresente evolução, o tratamento mais adequado será recomendado.
O câncer de próstata é o tipo de tumor mais comum na população masculina e é a causa da morte de 28,6% dos homens que desenvolvem neoplasias malignas. Entre os sintomas estão dor óssea, dores ao urinar, vontade de urinar com frequência, presença de sangue na urina e/ou no sêmen. Mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 45 anos com fatores de risco (histórico familiar ou homens negros, público mais suscetível a esse tipo de tumor), ou 50 anos sem fatores, devem ir ao urologista para realizar o exame de toque retal, que permite ao médico avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos, e o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico).