Estamos enfrentando surtos de dengue em diversas regiões do país. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde esta semana, nos primeiros quatro meses do ano foram registrados 542 mil casos da doença. No ano passado inteiro, o Brasil somou 544 mil. O estado de São Paulo é um dos mais afetados, com 126 mil casos. O número de óbitos no país já passa de 160.
Segundo o infectologista Dr. Eduardo Medeiros, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as epidemias de dengue têm um padrão sazonal e evoluem em ciclos a cada três a quatro anos, com grande aumento de casos. “Este ano tivemos um clima favorável com chuvas intensas e prolongadas em muitas regiões do país, e isso favoreceu o aumento de casos pela maior facilidade de multiplicação do mosquito em águas paradas. Outro fator que contribui para o aumento de casos é a precarização das moradias que veio com a pandemia, o que facilita a transmissão da doença”, afirma o infectologista.
Principais sintomas
De acordo com Dr. Eduardo, a dengue é uma doença que pode se instalar de forma assintomática ou com sintomas leves. Porém, alguns indivíduos evoluem para febre alta, dor de cabeça e nos olhos, dores musculares e articulares. A doença pode, ainda, progredir para dengue hemorrágica, que é grave e se caracteriza por hipotensão arterial, falta de ar e sangramento intenso.
Uma vez que o Coronavírus ainda está em circulação, é preciso atenção para não confundir os sinais das duas doenças. “Embora os sintomas possam ser confundidos com a Covid-19 como a febre e as dores pelo corpo, a Covid-19 habitualmente apresenta sintomas de vias aéreas superiores como dor de garganta, coriza, congestão nasal e tosse. Sintomas estes, que não são vistos normalmente na dengue”, afirma Medeiros.
Tratamento
O paciente precisa ficar em repouso para facilitar o combate ao vírus pelo organismo. A hidratação também é parte importante do tratamento. Por isso, é preciso beber muita água, sucos e isotônicos. Não existe um medicamento específico para a dengue. A automedicação nesses casos pode ser muito perigosa. “Não é recomendado o uso de aspirina, pois pode aumentar a incidência de hemorragias e complicações da dengue”, diz o infectologista.
Prevenção
O mosquito pode se reproduzir tanto em grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, quanto em pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta. Portanto, é importante sempre verificar locais que podem ser foco de mosquito, com atenção especial para calhas, lixeiras e lugares que podem acumular água da chuva. Em locais com maior incidência da doença, usar repelentes na pele pode ajudar na prevenção.