As festas de fim de ano costumam ser associadas a celebração, união e renovação. No entanto, para muitas pessoas, esse período também traz uma carga significativa de pressão emocional. A expectativa de convivência harmoniosa, a cobrança por realizações, a comparação com familiares e a intensificação das responsabilidades sociais podem gerar ansiedade, cansaço e frustração.
Com mais de 90 anos de história dedicados à promoção da vida, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) reforça a importância de compreender os fatores emocionais que emergem nesta época do ano e de oferecer apoio por meio da educação em saúde e da valorização do cuidado integral.
A pressão social nas celebrações de fim de ano
As festas são momentos de encontro, mas também podem despertar conflitos, memórias difíceis e comparações. Estudos publicados em artigos da PubMed indicam que períodos de alta demanda emocional podem aumentar o estresse, especialmente quando existem expectativas não alinhadas entre familiares e amigos.
Entre os fatores, mais comuns estão:
- cobranças por metas não alcançadas no ano;
- expectativas sobre aparência, comportamento e interação social;
- comparações profissionais ou financeiras entre familiares;
- participação em eventos sociais extensos, que podem sobrecarregar pessoas mais sensíveis ou com rotina exaustiva;
- idealização das festas que contrasta com a realidade de muitas famílias.
Esses elementos podem favorecer sentimentos de inadequação, cansaço emocional e irritabilidade.
Expectativas familiares e seus impactos emocionais
As expectativas familiares desempenham papel central no aumento da tensão. Em alguns casos, familiares esperam que todos participem de forma ativa das celebrações ou que se comportem de um jeito específico, o que pode gerar desconforto para quem vivencia momentos de luto, adoecimento, dificuldades financeiras ou sobrecarga laboral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que ambientes familiares pouco acolhedores ou marcados por cobranças excessivas podem intensificar o estresse e comprometer o bem-estar emocional.
Reconhecer essas pressões é um passo fundamental para lidar de maneira saudável com o período.
Estratégias para lidar com a pressão e proteger a saúde emocional
É possível vivenciar as festas de forma mais equilibrada quando se adota uma abordagem cuidadosa, que considera os próprios limites e necessidades. Estratégias baseadas em evidências científicas e em recomendações de organismos internacionais de saúde incluem:
1. Estabelecer limites claros
Permitir-se dizer não a convites, discussões ou situações que geram desconforto. Limites saudáveis protegem a saúde mental e evitam sobrecarga.
2. Ajustar expectativas
Compreender que nem todas as celebrações precisam ser perfeitas. Flexibilizar expectativas reduz frustrações e ajuda a focar no que é realmente significativo.
3. Planejar pausas
Incluir momentos de descanso antes e depois das festas. Pequenas pausas ajudam a reorganizar emoções e evitar o acúmulo de tensão.
4. Evitar comparações
Cada pessoa vive um contexto diferente. Comparar conquistas, rotinas e estilos de vida tende a intensificar a insatisfação. Valorizar a própria trajetória é fundamental.
5. Praticar o autocuidado
Sono adequado, alimentação equilibrada e atividades que promovam relaxamento são essenciais para manter o equilíbrio emocional.
6. Buscar apoio quando necessário
Conversar com profissionais de saúde pode auxiliar na compreensão dos gatilhos emocionais e na elaboração de estratégias personalizadas de enfrentamento.
O papel da SPDM no cuidado emocional da população
A SPDM atua na gestão de unidades públicas de saúde onde equipes multiprofissionais promovem acolhimento, educação em saúde e ações de suporte psicossocial ao longo de todo o ano. Durante o período de festas, quando o estresse emocional tende a aumentar, o cuidado humanizado torna-se ainda mais importante.
A instituição investe na capacitação de profissionais de atenção primária para acolher demandas emocionais, fortalecer vínculos e orientar pacientes e famílias sobre práticas de autocuidado. Também desenvolve projetos e campanhas que valorizam o bem-estar, a escuta ativa e a construção de ambientes mais saudáveis e acolhedores.
Essas iniciativas reafirmam o compromisso da SPDM com uma saúde pública baseada em evidências, centrada nas pessoas e conectada às necessidades emocionais da população.
As festas de fim de ano podem ser momentos positivos, mas também desafiadores. Reconhecer a pressão social e as expectativas familiares é essencial para viver esse período com mais equilíbrio emocional. Ajustar limites, acolher as próprias necessidades e buscar apoio quando necessário são atitudes que fortalecem o bem-estar.
A SPDM reafirma seu compromisso com a promoção da saúde integral e com a disseminação de informações que auxiliem a população a enfrentar este período com mais tranquilidade, autonomia e consciência.
Fontes consultadas
- Ministério da Saúde. SUS e a Saúde Mental. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-mental/sus-e-a-saude-mental
- Pubmed. Regulação emocional, estresse parental e funcionamento familiar: famílias de crianças com deficiência versus famílias sem deficiência. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37320995/
- Pubmed. Ansiedade, estresse e depressão em familiares de pacientes com insuficiência cardíaca. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28327877/
- Fiocruz. Saúde mental e estratégias de enfrentamento emocional. Disponível em:
https://fiocruz.br/glossario/saude-mental - Organização Mundial da Saúde (OMS). Saúde mental. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/mental-health
- SPDM. Saúde Mental Unidades de saúde se mobilizam para acolher profissionais e usuários. Disponível em: https://www.spdmpais.org.br/Noticia/CarregaModelo?idNoticia=1036