Caderneta de vacinação: a importância de manter sempre em dia

Manter a caderneta de vacinação em dia é essencial para as crianças, mas também importante para os adolescentes
criança cumprindo a caderneta de vacinação|exemplar da caderneta de vacinação|bebê tomando vacina

O Brasil sempre foi tido como referência quando o assunto é vacina. Manter a caderneta de vacinação dos filhos atualizada era algo comum, tido como um dever dos pais, que também davam o exemplo como adultos.

A caráter de exemplo, em 1980, a OMS concedeu ao Brasil a certificação de erradicação da varíola, cujo último caso havia sido registrado em 1971. A campanha de vacinação contra esta doença, iniciada no final do século XIX, foi um grande sucesso e considerada um marco na saúde quanto à eficiência das vacinas.

Em 1989, nosso país confirmou o último caso de poliomielite. Em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) o certificado de eliminação da doença.

Mas este quadro de referência, infelizmente, encontrou revés no passado recente. Entre 2015 e 2020, houve queda em pelo menos 10 vacinas administradas pelo SUS para crianças e adolescentes. A BCG, por exemplo, que protege contra a tuberculose, teve redução de 30%, enquanto a vacinação contra a poliomielite caiu 22,81% nesse período. O número foi acentuado pelo cenário pandêmico: entre 2019 e 2020, estas duas vacinas tiveram quedas de 15,12% e 9,87%, respectivamente.

Este cenário começou a ser revertido em 2023, impulsionado também pelo Movimento Nacional pela Vacinação, projeto com foco prioritário na retomada de altas coberturas vacinais no país. A mobilização incluiu a vacinação contra a Covid-19 e outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação em diversas etapas.

E agora, no último dia 15/07, de acordo com as estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil deixou a lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas. Um sinal positivo, e que indica que é necessário um processo contínuo para que nosso país não apareça novamente neste ranking.

Pensando nisto, preparamos este conteúdo com o propósito sobre a importância de manter a caderneta de vacinação em dia. Para isso, falaremos sobre os tipos de vacinas obrigatórias, para quais doenças se aplicam, com qual frequência devem ser tomadas e a importância de se combater à desinformação sobre o tema.

Confira também no blog – Controle da asma em crianças pequenas: gatilhos e cuidados para evitar crise

 

O que é a caderneta de vacinação?

A caderneta de vacinação é um documento que registra todas as vacinas tomadas pelas crianças e adolescentes, com acompanhamento das doses necessárias e respectivas datas de aplicação. Ela é distribuída pelo SUS por meio das unidades de saúde presentes em todo país.

exemplar de caderneta de vacinação

Novo modelo da caderneta de vacinação do Ministério da Saúde

 

O novo modelo de caderneta de vacinação do Ministério da Saúde contempla uma versão para meninos e outra para meninas; há também a distinção entre crianças e adolescentes. A Caderneta de Saúde da Criança acompanha a saúde, crescimento e desenvolvimento de crianças até nove anos, contemplando uma série de registros que vão além da vacina, como recomendações alimentares, cuidados com dentição e afins. A partir dos 10 anos é substituída pela Caderneta de Saúde do Adolescente, que dá continuidade ao processo de acompanhamento nesta nova fase.

Esta nova edição traz a atualização do calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI), incluindo as doses contra a covid-19, já disponíveis para bebês a partir de seis meses de idade. Ela também deve ser integrada ao aplicativo Meu SUS Digital.

 

O que é o Programa Nacional de Imunizações?

Criado em 1973 por determinação do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem por objetivo garantir à população do Brasil o acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde).

A iniciativa surgiu para coordenar as ações de imunização que até então se caracterizavam pela descontinuidade e pela cobertura reduzida. É uma das maiores do mundo, e disponibiliza gratuitamente no SUS 31 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas para toda a população brasileira.

É de responsabilidade do programa a aquisição, distribuição e normatização do uso dos imunobiológicos especiais, indicados para situações e grupos populacionais específicos que são atendidos em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), além de coordenar a implantação do Sistema de Informação e a consolidação dos dados de cobertura vacinal em todo o país.

 

Quais são as vacinas que as crianças devem tomar?

A caderneta de vacinação deve ser preenchida seguido um cronograma que acompanha a criança durante toda sua infância, começando logo após seu nascimento.

Este cronograma é dividido em diferentes etapas da vida das crianças. As vacinas são aplicadas de acordo com a necessária divisão etária, ocorrendo da seguinte forma:

Crianças recém-nascidas

  • Vacina de Hepatite B (intramuscular), até 12 horas após o nascimento
  • BCG para Tuberculose (intradérmica), até 1 mês de vida

Idealmente estas vacinas devem ser aplicadas o mais cedo possível, ainda na maternidade, desde que pese ao menos 2 kg.

Com 2 meses

  • 1ª dose da Hexavalente: difteria, tétano, coqueluche acelular, hepatite B, poliomielite e Haemophilus influenzae b (no SUS, é aplicada a pentavalente + vacina inativada da poliomielite)
  • 1ª dose da Rotavírus (No SUS, é usada a monovalente em duas doses, aos 2 e 4 meses)
  • 1ª dose da Pneumocócia 13 ou 15 valente

Com 3 meses

  • 1ª dose da Meningocócica ACWY + Meningocócica B

Com 4 meses

  • 2ª dose da Hexavalente: difteria, tétano, coqueluche acelular, hepatite B, poliomielite e Haemophilus influenzae b (no SUS, é aplicada a pentavalente + vacina inativada da poliomielite)
  • 2ª dose da Rotavírus (No SUS, é usada a monovalente em duas doses, aos 2 e 4 meses)
  • 2ª dose da Pneumocócia 13 ou 15 valente

Com 5 meses

  • 2ª dose da Meningocócica ACWY + Meningocócica B

Com 6 meses

  • 3ª dose da Hexavalente: difteria, tétano, coqueluche acelular, hepatite B, poliomielite e Haemophilus influenzae b (no SUS, é aplicada a pentavalente + vacina inativada da poliomielite)
  • 3ª dose da Rotavírus (No SUS, é usada a monovalente em duas doses, aos 2 e 4 meses)
  • 3ª dose da Pneumocócia 13 ou 15 valente
  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – dose zero
  • Influenza (gripe), duas doses no primeiro ano

Com 9 meses

  • 1ª dose da Febre Amarela

Com 12 meses

  • 1ª dose da Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • 1ª dose da Varicela (catapora)
  • 1ª dose da Hepatite A
  • Reforça da Pneumocócica 13 ou 15 valente
  • 1º reforço da Meningocócica ACWY + Meningocócica B

Perceba que há um rigoroso e importante calendário a ser seguido. Vale ressaltar que este é apenas o início da jornada de vacinação, que se estenderá por toda a infância e adolescência (e posteriormente, na fase adulta).

 

Vacinas para crianças maiores e adolescentes

Boa parte das vacinas que acompanham o crescimento das crianças dão continuidade à imunização iniciada em seu primeiro ano de vida, como é o caso da tetra viral, que além de imunizar contra o sarampo, caxumba e a rubéola, protege também contra a varicela.

As vacinas a serem aplicadas são:

  • Difteria, tétano, pertussis (DTP) – Protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche. Primeira dose aplicada aos 15 meses e segunda aos 4 anos de idade
  • Tetra viral SCRV – Protege contra o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela. Aplicada aos 15 meses de idade
  • Hepatite A (HA) – aplicada aos 15 meses de idade
  • Varicela – aplicada aos quatro anos de idade, constitui segunda dose em continuidade à SRCV
  • Difteria, tétano (dt) – Deve ser administrada a partir dos 7 anos de idade
  • Papilomavírus humano (HPV) – Para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Devem ser administradas duas doses em um intervalo de seis meses
  • Meningocócica ACWY (Conjugada) – Protege contra a meningite meningocócica sorogrupos A, C, W e Y. Aplicada em adolescentes entre 11 e 14 anos de idade.

Compondo ainda o quadro de vacinas estão a da Influenza, Covid-19 e Dengue, que devem ser aplicadas conforme os grupos prioritários definidos em cada campanha e de acordo com a recomendação dos órgãos de saúde.

A vacinação pode ser realizada em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) do país.

 

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