Com o aumento da importância da saúde mental na vida das pessoas, principalmente após a pandemia da Covid-19, é muito comum os internautas buscarem saber o que é o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) e para que servem esses importantes equipamentos de saúde pública, havendo inclusive memes sobre o assunto.
Neste texto, vamos discutir a história e a importância dos CAPS, bem como entender quando faz sentido acessá-los ou buscar outros serviços, como uma UBS ou um Ambulatório de Saúde Mental, por exemplo.
O que é o CAPS e como surgiu
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), são espaços de acolhimento e tratamento para pessoas com transtornos mentais graves, persistentes ou dependência de substâncias. Como são pertencentes ao Sistema Único de Saúde (SUS), seu objetivo é oferecer um espaço acolhedor e humanizado, respeitando as necessidades e o ritmo de cada paciente no cuidado da sua saúde mental.

Os CAPS surgem na década de 80 no Brasil, como resultado da busca de construção de um modelo de saúde mental que tivesse como base a construção de vínculos entre pacientes e profissionais, com tratamentos para além de medicamentos, envolvendo atividades terapêuticas e integrativas e acompanhamento constante de uma equipe multiprofissional, composta por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e assistentes sociais.
Nesse caminho, o grande diferencial do CAPS é promover o cuidado, mantendo a liberdade dos pacientes, buscando evitar a internação e fortalecendo a reinserção social de quem está em tratamento.
Esse modelo contrasta fortemente com o padrão “manicomial”, que dominava o tratamento de saúde mental no Brasil, e era amplamente centrado em hospitais psiquiátricos, onde os pacientes, muitas vezes, eram internados por longos períodos em condições inadequadas e desumanas. O modelo “manicomial” priorizava o isolamento e a contenção dos indivíduos com transtornos mentais, resultando em práticas de violação de direitos e exclusão social.
Quais pacientes podem ser atendidos no CAPS?
Os CAPS atendem pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, como esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão severa, além de indivíduos com dependência de álcool e outras drogas. Eles também oferecem suporte a crianças e adolescentes com transtornos mentais graves, por meio do CAPS Infantojuvenil (CAPSi).
Além disso, pacientes em situações de crise aguda ou que necessitam de acompanhamento intensivo encontram nesses centros uma rede de apoio, com tratamentos terapêuticos, acompanhamento psiquiátrico e atividades de reintegração social. O atendimento é direcionado para aqueles que precisam de cuidados contínuos e intensivos, mas que podem ser realizados em liberdade, sem a necessidade de internação prolongada.
Como obter tratamento em um CAPS?
Para conseguir ser atendido em um CAPS, o primeiro passo é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde um médico ou profissional de saúde fará a avaliação inicial e, se necessário, encaminhará o paciente ao CAPS mais próximo.
O CAPS também pode ser acessado diretamente em casos de emergência psiquiátrica ou por encaminhamento de hospitais e ambulatórios de saúde mental. Após a triagem no CAPS, será elaborado um plano terapêutico individualizado, que pode incluir consultas psiquiátricas, acompanhamento psicológico, atividades em grupo e oficinas terapêuticas, tudo visando o cuidado contínuo e a reinserção social do paciente.
Pessoas com depressão ou que tentaram suicídio podem procurar um CAPS
Alguém que esteja apresentando um quadro depressivo, especialmente em casos graves, ou que tenha tentado suicídio, pode e deve procurar um CAPS. Isso porque a unidade oferece atendimento especializado para pessoas em sofrimento psíquico intenso, incluindo aqueles que enfrentam crises de depressão e risco de suicídio.

Para esses pacientes, o Centro oferece acompanhamento contínuo com uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde, que trabalham para estabilizar o quadro, prevenir novas crises e promover a recuperação emocional. Em situações de crise aguda, o atendimento pode ser feito de forma emergencial, sem necessidade de encaminhamento prévio.
Outras opções de atendimento para situações de depressão ou tentativa de suicídio são as Unidades Básicas de Saúde (UBS), que são o primeiro ponto de contato para casos leves a moderados, onde um clínico geral ou psicólogo pode realizar a triagem e iniciar o tratamento ou encaminhar para serviços especializados.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são indicadas em crises agudas, oferecendo suporte emergencial até que o paciente possa ser transferido para um CAPS ou hospital. Hospitais gerais, que possuem leitos psiquiátricos, também podem ser procurados para internação em situações graves de risco iminente à vida. Essas unidades formam uma rede integrada de atenção psicossocial, chamada de Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que é o organismo do SUS responsável pela saúde mental das pessoas no país.
Tipos de CAPS que existem
Existem cinco tipos centrais de CAPS, cada um com características voltadas para atender diferentes perfis de pacientes e níveis de complexidade. São os seguintes:
- CAPS I, que atua em municípios menores e atende pacientes com transtornos mentais graves, oferecendo atendimentos diários, mas sem internação noturna;
- CAPS II, voltado para cidades de porte médio, com um fluxo maior de atendimentos e a possibilidade de realizar intervenções terapêuticas para casos de maior gravidade, mas ainda com atendimento em regime diurno;
- CAPS III, que atende grandes cidades e oferece atendimento intensivo, 24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo acolhimento noturno para pacientes em crise, funcionando como uma alternativa à internação hospitalar;
- CAPSi, voltado para crianças e adolescentes com transtornos mentais graves ou uso de substâncias psicoativas, proporcionando um ambiente adaptado às suas necessidades de desenvolvimento;
- CAPSad, modelo destinado ao atendimento de pessoas com dependência de álcool e outras drogas, oferecendo suporte tanto para o tratamento da dependência quanto para as questões emocionais associadas.
Conheça os 10 principais serviços oferecidos pelos CAPS
Para termos uma ideia melhor das funcionalidades dos CAPS, separamos uma lista sucinta dos serviços mais importantes oferecidos por essas unidades de saúde:
- Atendimento psiquiátrico: São feitas consultas com psiquiatras para diagnóstico e tratamento de transtornos mentais graves e persistentes.
- Acompanhamento psicológico: Sessões de psicoterapia individual ou em grupo voltadas à promoção do bem-estar emocional e a saúde mental.
- Terapias em grupo: Grupos terapêuticos servem para a troca de experiências e apoio mútuo entre os pacientes.
- Atendimento de urgência em saúde mental: Em casos de crises agudas ou risco de suicídio, o CAPS oferece intervenções imediatas, dando suporte emergencial.
- Atividades terapêuticas e ocupacionais: Oficinas e atividades que estimulam a criatividade, interação social e desenvolvimento de habilidades funcionais.
- Apoio à reinserção social: São realizadas ações para integrar o paciente à vida comunitária, promovendo a autonomia e o convívio social.
- Atendimento domiciliar: Profissionais do CAPS também fazem visitas para pacientes que necessitam de acompanhamento em casa.
- Dispensação de medicamentos: Fornecimento de medicação psiquiátrica controlada, com acompanhamento regular do uso.
- Suporte à família: Esse é um ponto muito importante, pois a orientação e o acolhimento aos familiares são primordiais para a recuperação do paciente.
- Reuniões de planejamento terapêutico individualizado: É elaborado um plano de tratamento personalizado, envolvendo a equipe de saúde e o paciente.
Desafios e perspectivas do CAPS no Brasil
Apesar dos avanços, ainda há muitos desafios para a plena implementação de um sistema efetivo de saúde mental no Brasil. No caso dos CAPS, seus principais desafios incluem a sobrecarga de demanda, a insuficiência de recursos financeiros e a falta de profissionais especializados em saúde mental. Muitas unidades têm filas de espera e, em alguns casos, acompanhamento insuficiente.
Além disso, há um déficit na capacitação contínua das equipes, o que pode comprometer a qualidade do atendimento. A falta de integração plena entre os CAPS e outros serviços de saúde do SUS também é um desafio, dificultando o encaminhamento adequado dos pacientes entre os diferentes níveis de cuidado.
Em termos de perspectivas, há um crescente movimento em prol do fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e da expansão dos CAPS, tanto em quantidade quanto em qualidade de atendimento. Com investimentos maiores e políticas públicas que priorizem a saúde mental, é possível ampliar o acesso e garantir a continuidade do cuidado.
Por fim, vale destacar que a valorização do cuidado em liberdade e a busca por humanização no tratamento são tendências no mundo todo que devem ganhar ainda mais força, promovendo a reinserção social e a autonomia dos pacientes. Além disso, iniciativas de educação em saúde mental para a população podem ajudar a reduzir o estigma associado aos transtornos mentais, favorecendo a busca precoce por tratamento.
O CAPS e o Setembro Amarelo
Conhecer o trabalho do CAPS é algo importante o ano todo, mas principalmente durante o Setembro Amarelo, em que a sociedade busca maneiras de se mobilizar para criar redes de apoio contra a depressão e o suicídio. Para isso, é fundamental que todas as pessoas entendam a rede de apoio que existe no Brasil e possam acessá-la ou indicá-la para seus amigos e parentes.
Como vimos, ao promover atendimento humanizado, contínuo e acessível, o CAPS oferece tratamento especializado, apoio terapêutico e orientação tanto para os pacientes quanto para suas famílias, ajudando na recuperação e reintegração social. Divulgar esse serviço é essencial para que mais pessoas saibam onde buscar ajuda e recebam o suporte necessário em momentos críticos.
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