Cansaço. Falta de ar. Chiado no peito. Estes são sinais que, tão logo aparecem, provocam arrepios nos pais. A asma em crianças pequenas é, infelizmente, bastante comum: no Brasil, cerca de 20% delas possuem a doença.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, a asma afligia aproximadamente 262 milhões de pessoas no mundo, sendo responsável por mais de 455 mil mortes. Estamos falando de uma doença que não apenas traz um enorme incomodo aos seus enfermos, mas que, derivando em eventuais complicações, pode mesmo levar ao óbito. E se pensarmos na fragilidade dos pequenos, são necessários cuidados ainda maiores.
No artigo abaixo, falaremos mais sobre o que é a asma, seus sintomas, suas principais causas, gatilhos e quais cuidados devem ser tomados em relação às crianças.
O que é asma?
A asma é uma doença pulmonar crônica capaz de afetar pessoas de todas as idades. É causada por inflamação e contração muscular ao redor das vias aéreas, dificultando a respiração da pessoa acometida pela enfermidade.
Trata-se de uma das doenças respiratórias mais comuns ao lado de outras como a rinite alérgica e a doença pulmonar obstrutiva crônica. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a asma afeta cerca de 20 milhões de brasileiros; de acordo com o DATASUS – o banco de dados do Sistema Único de Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde -, ocorrem no Brasil aproximadamente 350 mil internações anualmente em virtude da doença. É considerada, ainda, umas das principais causas de falta ao trabalho e, no caso das crianças, de faltas escolares.
Apesar de não ter cura, a asma e seus sintomas podem ser atenuados com tratamento adequado, inclusive tendo períodos longos de inatividade, especialmente durante a fase adulta, na qual a pessoa pode viver mesmo sem manifestação de sintomas.
Quais são os sintomas da asma?
É importante compreender que a asma pode variar de pessoa para pessoa, tanto na manifestação de determinados sintomas como na intensidade destes. Fatores climáticos, ambientais e mesmo emocionais também podem agravar o quadro asmático, o que também pode ocorrer com maior força durante exercícios físicos ou à noite.
De modo geral, os sintomas mais comuns de asma incluem:
- Tosse seca e persistente, especialmente à noite
- Chiado ao expirar e às vezes ao inspirar
- Falta de ar ou dificuldade para respirar (muitas vezes mesmo em repouso)
- Aperto no peito, dificultando a respiração profunda
- Desconforto toráxico
O agravamento do quadro pode levar ao que se chama de ataque de asma ou crise asmática. Trata-se de uma exacerbação da inflamação crônica dos brônquios, agravando a obstrução dos bronquíolos. Seus sintomas podem evoluir gradativamente, sendo:
- Tosse forte carregada de chiado
- Falta de ar ou dificuldade em respirar
- Sensação de peito pesado
- Extremidades do corpo azuladas (pontas dos dedos e os lábios, por exemplo)
- Mudança na coloração do rosto, podendo ficar avermelhado ou pálido
- Ansiedade intensa, devido à dificuldade de respirar
Uma crise asmática pode ser precedida de um grande esforço físico ou da ativação de seus gatilhos. A asma pode, ainda, desencadear complicações que limitem a saúde e bem-estar do paciente – algumas delas graves, como:
- Tosse persistente
- Insônia
- Alterações permanentes no funcionamento dos pulmões
- Capacidade reduzida de realizar atividades físicas
- Tosse persistente
- Dificuldade para respirar por conta própria, necessitando de ventilação
- Hospitalização
- Efeitos colaterais de remédios
- Morte
É preciso se atentar aos sinais, observando se a criança está manifestando parte desses sintomas, bem como o grau de intensidade deles.
Qual a diferença da asma em crianças e adultos?
De modo geral, a manifestação da asma em crianças e adultos não se difere em termos de sintomas. Em todas as faixas etárias, ela se caracteriza pela inflamação dos brônquios.
Entretanto, a diferença se dá especialmente em relação a seus efeitos, uma vez que as vias respiratórias das crianças são menores e, a passagem de ar, também menor. O sistema respiratório delas ainda está em desenvolvimento; seu sistema imunológico também é mais frágil.
Logo, a inflamação na fase infantil pode levar ao fechamento parcial ou total das vias aéreas, desencadeando crises asmáticas que podem culminar na necessidade de internação.
Quais são as causas da asma em crianças?
Quando falamos do que pode originar a asma, há diversos fatores, pois trata-se de uma doença de causa multifatorial, ou seja, que existe devido a uma combinação de causas e não somente em virtude de uma.
Falando da asma em crianças, a predisposição genética é considerada a principal origem. Quem possui pais, irmãos ou mesmo avós – parentes próximos – portadores da asma tem mais chances de manifestar a doença. Outras causas incluem:
- Alergias: a inalação de alérgenos pode levar à inflamação no organismo e nos brônquios, resultando em ataques de asma. A alergia alimentar também pode levar ao surgimento da doença, em virtude de alguma intolerância ou presença de determinados ingredientes na comida;
- Tabagismo na gravidez: filhos de mães que fumaram durante a gestação ou crianças que convivem com fumantes têm maior risco de desenvolver doenças como a asma. O tabaco pode afetar o desenvolvimento pulmonar, causando predisposição à asma.
- Prematuridade: crianças prematuras apresentam maior chance de desenvolver asma em virtude da imaturidade do sistema respiratório. A prematuridade pode deixar sequelas leves no desenvolvimento pulmonar;
A manifestação em si, no entanto, decorre da ativação de gatilhos, como alérgenos e demasiado esforço físico. Os principais gatilhos são:
- Infecção por vírus respiratórios: um dos principais desencadeadores de sintomas de asma na infância, visto que a imunidade das crianças é mais frágil que dos adultos. Podem induzir inflamação, danos ao epitélio respiratório, estimular reação imune e hiperresponsividade brônquica;
- Exposição ao cigarro: portadores de asma devem evitar a todo custo o fumo. Crianças, muitas vezes, acabam sendo alvo de fumo passivo quando vivem em um ambiente onde seus pais ou outros adultos fumam. Podem desenvolver tosse e outros sintomas em qualquer época da infância;
- Exposição a alérgenos: a inalação de poeira, pelos de animais de estimação, mofo, ácaros, entre outros, pode desencadear um processo alérgico, culminando em inflamação e, potencialmente, em crise asmática;
- Alimentação: alimentos como leite de vaca, ovos e amendoim são mais propensos a desencadear reações alérgicas, que podem culminar em asma. Trigo, produtos de soja, sementes, peixes, mariscos e nozes são outros alimentos aos quais se atribuem possíveis manifestações alérgicas;
- Poluição: o ar poluído pode precipitar asma em crianças com esta predisposição, assim como a ausência de ventilação. Pode-se atribuir também a este gatilho a exposição à fumaça e odores fortes, como o do cloro;
- Mudanças climáticas: mudanças de estação ou transições bruscas de clima, do calor para o frio (algo cada vez mais frequente), podem provocar crises asmáticas. Em estações como a primavera, o aumento da presença de pólen pode aparecer como mais um fator de risco;
- Esforço físico: a atividade física demasiada pode levar à falta de ar chiado e tosse, e posterior ataque de asma.
Como dito acima, é importante lembrar que a asma é uma enfermidade multifatorial, o que significa que nem todos estes gatilhos se aplicam a uma mesma pessoa, enquanto também é possível que um conjunto deles possa desencadear uma crise asmática severa.
Como evitar a crise asmática em crianças?
A principal forma de prevenção à asma em crianças é evitar sua exposição aos gatilhos supracitados. De modo especial, fazer com que a criança não seja exposta a alérgenos, fumo, poluição e esforço físico severo.
Alguns cuidados podem ser tomados para com a criança:
- Evitar ambientes muito frios ou contato direto com correntes de ar frio (quando não for possível, mantê-la agasalhada)
- Ter uma boa alimentação
- Monitorar a alimentação, observando potenciais reações alérgicas
- Incentivar a prática de exercício físico regular, com o aval médico
- Vacinar a criança contra o vírus da Influenza
A asma dispõe de vários tratamentos que podem atenuar os sintomas, aumentando a qualidade de vida das crianças. O mais comum é o uso do inalador, pelo qual se administra o medicamento diretamente nos pulmões.
O uso de broncodilatadores, por exemplo, ajuda a aumentar a passagem de ar, relaxando as vias aéreas. Há também o tratamento com medicação controladora, a longo prazo, que pode incluir o uso de corticoides inalatórios em baixas doses, diminuindo a inflamação nas vias aéreas.
Para se observar o melhor tratamento, é recomendado o acompanhamento médico.
Como saber se meu filho tem asma?
O conjunto de sintomas, uma vez manifestado, pode induzir à percepção de que a criança, automaticamente, é portadora de asma. No entanto, para se obter o diagnóstico, é necessária a avaliação médica.
Portanto, em caso de suspeita da doença, procure um pediatra.
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