Depressão Sazonal: definição e influência da luz solar

aparentando estresse ou cansaço durante o trabalho.

A depressão sazonal, também chamada de transtorno afetivo sazonal (TAS), é um tipo de depressão recorrente que ocorre principalmente nos meses de outono e inverno, quando há menor incidência de luz solar natural e que geralmente melhoram quando os dias mais longos retornam durante a primavera e verão.

 

A redução da luminosidade influencia o ritmo circadiano e a produção de neurotransmissores, como a serotonina e a melatonina.

Os sintomas incluem tristeza profunda, fadiga excessiva, aumento do apetite e diminuição do interesse em atividades diárias.

A prevalência é maior em regiões de latitude elevada, com invernos mais longos e escuros. 

O que é depressão sazonal, entenda melhor 

A depressão sazonal caracteriza-se por episódios de humor deprimido e perda de energia que se repetem anualmente em determinadas estações do ano.

Ela dura, em média, quatro a cinco meses, geralmente iniciando no outono ou inverno e melhorando com a chegada da primavera.

Distinta da depressão maior, apresenta padrão cíclico previsível.

Afeta cerca de 2% a 10% da população em países de clima temperado. A prevalência do  transtorno afetivo sazonal varia com a latitude geográfica, idade e sexo. A prevalência aumenta em latitudes mais elevadas, sendo o  transtorno afetivo sazonal mais comum em pessoas que vivem longe do Equador, onde há menos horas de luz do dia no inverno. Pessoas mais jovens e mulheres também correm maior risco.

Causas da depressão sazonal

Os principais fatores envolvidos são:

  • Diminuição da luz solar: reduz o estímulo fotossensorial aos núcleos do hipotálamo, afetando a regulação do ritmo circadiano.

  • Alterações hormonais: aumento da produção de melatonina, que regula o sono.

  • Desequilíbrio de neurotransmissores: queda nos níveis de serotonina, associada ao bem-estar.

  • Fator genético: histórico familiar de TAS ou depressão maior.

  • Estimulação fotopigmentar: menor atividade de fotorreceptores retinais que influenciam o relógio biológico.

Tratamentos disponíveis

Existem diversas abordagens terapêuticas para o TAS, combináveis conforme a gravidade dos sintomas:

Modalidade Descrição
Fototerapia Exposição diária a lâmpadas de espectro específico
Psicoterapia cognitivo-comportamental Identificação e reestruturação de pensamentos negativos
Antidepressivos Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS)
Exercício físico regular Auxilia na regulação de neurotransmissores
Suplementação de vitamina D Compensa a redução da exposição solar

Aspectos importantes na abordagem da depressão sazonal

A escolha do tratamento deve levar em conta:

  • Intensidade dos sintomas: leve, moderada ou grave.

  • Preferências do paciente: tolerância a medicamentos e rotina.

  • Acesso à fototerapia: disponibilidade de equipamentos específicos.

  • Acompanhamento contínuo: monitorar resposta e ajustar doses.

VEJA MAIS: Depressão tem cura? Saiba como lidar com esta doença

Tabela comparativa de tratamentos

Tratamento Vantagens Desvantagens
Fototerapia Rápida ação, não invasivo Requer equipamento e disciplina
Psicoterapia Sem efeitos colaterais físicos Processo mais longo
Antidepressivos Eficaz em casos moderados a graves Possíveis efeitos adversos

Outras dicas para lidar com a depressão sazonal

  • Mantenha uma rotina de sono consistente.
  • Evite consumo excessivo de açúcar e álcool.
  • Passe mais tempo ao ar livre, mesmo em dias nublados.
  • Use luz branca intensa em casa nas primeiras horas do dia.
  • Converse com amigos ou grupos de apoio online.

Após adotar estratégias de rotina e ambiente, é importante incorporar métodos que garantam o acompanhamento contínuo do seu bem-estar ao longo das estações.

Monitoramento e autocuidado contínuos

  1. Registro de humor diário
    Use um aplicativo ou agenda física para anotar seu nível de energia, humor e padrões de sono, identificando quedas precoces.

  2. Check-ins fototerápicos semanais
    Marque no calendário sessões de fototerapia e avalie objetivamente a resposta, ajustando horários conforme necessidade.

  3. Diário de atividades externas
    Liste dias e horários em que passou ao ar livre, correlacionando com oscilações de humor para otimizar sua exposição ao sol.

  4. Acompanhamento remoto com profissional
    Agende teleconsultas regulares para revisar seu plano de tratamento e receber orientações adaptadas à evolução dos sintomas.

  5. Grupos de apoio virtuais temáticos
    Participe de fóruns ou comunidades online focadas em TAS para trocar experiências sazonais e obter motivação compartilhada.

Enquanto o acompanhamento rigoroso e as práticas de autocuidado garantem que você identifique oscilações nos sintomas, é igualmente importante organizar o seu ambiente e a rotina diária de forma a minimizar os gatilhos ambientais da depressão sazonal.

Ajustes ambientais e de hábitos diários

A arquitetura e o design de interiores podem ser aliados poderosos no manejo da depressão sazonal. Investir em cortinas translúcidas que maximizem a entrada de luz natural, mesmo em dias nublados, ajuda a manter o ritmo circadiano mais estável. 

Posicionar a mesa de trabalho ou de refeições próximo a janelas voltadas para leste, onde o sol da manhã é mais suave, potencializa os efeitos da luminosidade terapêutica.

Além disso, incorporar plantas de interior que tolerem baixa luminosidade não só purifica o ar, mas cria um ambiente mais acolhedor e vivo, estimulando o bem-estar psicológico. 

Substituir lâmpadas incandescentes por LEDs de espectro completo, que imitam a luz solar, pode ser especialmente útil durante as primeiras horas da manhã e no final da tarde, momentos críticos para quem sofre de TAS.

No âmbito dos hábitos diários, ajustar gradualmente o horário de sono para coincidir com o nascer do sol, mesmo que isso signifique despertar um pouco mais cedo reforça o sincronismo do relógio biológico com o ciclo natural de luz e escuridão. 

Praticar breves exercícios de alongamento ou ioga perto de uma janela ensolarada pode ajudar a estimular a produção de serotonina logo ao acordar.

Esses ajustes, integrados de forma orgânica ao seu dia a dia, funcionam como complementos contínuos ao tratamento médico e psicoterapêutico, criando um ambiente propício à manutenção do equilíbrio emocional ao longo das estações.

Conheça a SPDM

Procure redes de apoio gerenciadas pela SPDM, que apoia hospitais e profissionais na assistência à saúde mental. 

A SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina oferece programas de capacitação e suporte para melhorar o atendimento a pacientes com depressão sazonal.

Perguntas Frequentes

1. O que diferencia a depressão sazonal de uma depressão comum?

O Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) tem um padrão cíclico previsível, geralmente ocorrendo no outono e inverno, com melhora na primavera. Já a depressão maior pode surgir em qualquer época do ano e não segue um ritmo sazonal.

2. Quem está mais propenso a desenvolver TAS?

Pessoas que vivem em latitudes elevadas, com invernos rigorosos, histórico familiar de depressão e alterações hormonais predisponentes.

3. Quanto tempo leva para sentir melhora com a fototerapia?

Geralmente, os pacientes relatam melhora nas primeiras duas semanas de sessões diárias, de 20 a 30 minutos.

4. Antidepressivos são necessários em todos os casos?

Nem sempre. Casos leves podem responder bem a intervenções como fototerapia e mudanças no estilo de vida. Em quadros moderados a graves, é comum a prescrição de antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS).

5. Como a vitamina D ajuda no tratamento?

A vitamina D participa da regulação da serotonina, neurotransmissor ligado ao bem-estar. Níveis adequados podem contribuir para a redução dos sintomas depressivos.

6. A prática de exercícios faz diferença?

Sim. A atividade física regular estimula a liberação de endorfinas e melhora o humor, o sono e a disposição, sendo um importante aliado no tratamento da TAS.

7. Quando procurar um especialista?

Se os sintomas persistirem por mais de duas semanas e começarem a interferir na rotina, é fundamental buscar ajuda de um psiquiatra ou psicólogo para avaliação e orientação adequada.

 

Fontes Consultadas:

 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39956653/ 

https://www.nimh.nih.gov/sites/default/files/documents/health/publications/seasonal-affective-disorder/seasonal-affective-disorder-508.pdf

https://www.psychiatry.org/patients-families/seasonal-affective-disorder

Chronobiology

 Dr. Norberto Mendonça Garcia Filho atua no HUB de Cuidados em Crack e outras Drogas e é pós-graduando em Psiquiatria pela Santa Casa de São Paulo

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