As doenças reumáticas fazem parte de um grupo de mais de 120 condições crônicas que afetam articulações, músculos, tendões e ossos. Embora muitas pessoas associam o reumatismo apenas ao envelhecimento, essas doenças podem acometer indivíduos de todas as idades, inclusive crianças e jovens adultos.
O Dia Nacional de Luta do Paciente Reumático, celebrado em 30 de outubro, é uma oportunidade para reforçar a importância do diagnóstico precoce, do acompanhamento médico contínuo e da adesão aos tratamentos que permitam preservar a mobilidade e a qualidade de vida.
O que são doenças reumáticas
As doenças reumáticas são condições inflamatórias ou autoimunes que afetam o sistema musculoesquelético e, em alguns casos, órgãos internos. Elas podem causar dor, rigidez, inchaço e perda de função, interferindo diretamente nas atividades cotidianas e na capacidade de locomoção.
De acordo com o Ministério da Saúde (2024), estima-se que mais de 15 milhões de brasileiros convivam com algum tipo de doença reumática, sendo o reumatismo a segunda causa de afastamento do trabalho por invalidez no país.
Entre as principais doenças estão:
- Artrite reumatoide: doença autoimune que causa inflamação nas articulações, levando à dor e deformidades.
- Artrose (ou osteoartrite): desgaste progressivo das articulações, mais comum em idosos e pessoas com sobrepeso.
- Lúpus eritematoso sistêmico: doença autoimune que pode atingir múltiplos órgãos, como rins, pele e coração.
- Fibromialgia: condição caracterizada por dor muscular difusa e fadiga constante.
- Espondilite anquilosante: inflamação das articulações da coluna vertebral, podendo causar rigidez e limitação de movimentos.
- Gota: causada pelo acúmulo de ácido úrico nas articulações, provocando crises agudas de dor e inflamação.
Cada uma dessas condições possui mecanismos, sintomas e abordagens terapêuticas diferentes, mas todas têm em comum a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento contínuo.
Diagnóstico: reconhecer precocemente faz a diferença
O diagnóstico precoce é determinante para evitar o avanço das doenças reumáticas e suas complicações.
Os primeiros sintomas podem ser sutis dores nas articulações pela manhã, rigidez ao acordar ou fadiga persistente e muitas vezes são confundidos com o cansaço do dia a dia.
Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que qualquer pessoa com dor articular recorrente por mais de seis semanas procure avaliação médica. O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos, laboratoriais e de imagem, que permitem identificar o tipo e a extensão da doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o atraso no diagnóstico é um dos principais fatores que comprometem a mobilidade e aumentam os custos do tratamento. Quanto antes a inflamação for controlada, maiores são as chances de preservar a função articular e manter uma boa qualidade de vida.
Avanços no tratamento e acompanhamento contínuo
Nas últimas décadas, houve avanços significativos no tratamento das doenças reumáticas.
Além dos medicamentos anti-inflamatórios e imunossupressores, o surgimento das terapias biológicas revolucionou o controle de doenças autoimunes como a artrite reumatoide e o lúpus.
Esses medicamentos atuam diretamente nos mecanismos inflamatórios do organismo, reduzindo a atividade da doença e evitando deformidades.
O tratamento é sempre individualizado, podendo incluir:
- Uso de medicamentos específicos, conforme a orientação médica;
- Fisioterapia e exercícios de fortalecimento muscular, que ajudam na mobilidade e reduzem dores;
- Acompanhamento nutricional, para controle do peso e redução de inflamações;
- Apoio psicológico, fundamental para lidar com o impacto emocional da dor crônica;
- Revisões médicas regulares, garantindo o monitoramento contínuo e o ajuste de doses ou terapias.
A adesão ao tratamento é um dos maiores desafios, mas também o principal fator de sucesso.
Deixar de tomar os medicamentos ou interromper o acompanhamento pode causar reações inflamatórias graves e danos irreversíveis às articulações.
O papel da atenção primária e do SUS no cuidado integral
O Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental na detecção precoce e no acompanhamento de pacientes com doenças reumáticas.
Por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), é possível realizar avaliações iniciais, encaminhamentos para especialistas, acesso gratuito a medicamentos e acompanhamento multidisciplinar.
O Brasil também conta com centros de referência em reumatologia, responsáveis por oferecer diagnóstico especializado e tratamentos avançados, incluindo o uso de terapias biológicas de alto custo.
Esses medicamentos fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), garantindo acesso gratuito pelo SUS para pacientes que preenchem critérios clínicos específicos.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS Brasil) ressalta que a abordagem integral, que une prevenção, diagnóstico precoce e reabilitação, é a estratégia mais eficaz para reduzir o impacto das doenças reumáticas na população.
A atuação da SPDM na promoção da saúde e no cuidado contínuo
A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) desempenha papel essencial na gestão de serviços públicos que oferecem atendimento multiprofissional a pacientes com doenças reumáticas e condições crônicas.
Nas unidades sob sua administração, a instituição investe em:
- Programas de acompanhamento ambulatorial e reabilitação física, com foco na melhoria da mobilidade e no controle da dor;
- Capacitação contínua de profissionais de saúde, fortalecendo o diagnóstico precoce e a abordagem humanizada;
- Campanhas educativas e informativas que incentivam a busca por atendimento médico diante dos primeiros sinais;
- Promoção de práticas de autocuidado, orientando pacientes e familiares sobre exercícios, alimentação e rotina de tratamento.
Essas ações reafirmam o compromisso da SPDM com uma saúde pública de qualidade, humanizada e acessível, que valoriza o cuidado integral e a autonomia do paciente.
Preservar a qualidade de vida é possível
Conviver com uma doença reumática pode representar um desafio diário, mas com diagnóstico precoce, acompanhamento médico e adesão ao tratamento, é possível manter uma vida ativa e produtiva.
O autocuidado, o apoio familiar e a orientação profissional são pilares fundamentais para preservar a autonomia e a qualidade de vida.
A SPDM reafirma seu compromisso com a promoção da saúde e o fortalecimento do SUS, garantindo que pacientes com doenças crônicas recebam o cuidado e o acolhimento necessários para viver com mais conforto, dignidade e bem-estar.
Fontes consultadas
- Ministério da Saúde (MS). Diretrizes de atenção às doenças reumáticas e cuidado integral. Disponível em: https://www.gov.br/conselho-nacional-de-saude/pt-br/reunioes-do-conselho/copy_of_resumos-executivos/copy2_of_363a-reuniao-ordinaria/item-5/gt-reumato-proposta-de-politica-nacional-atencao-integral
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Global Report on Musculoskeletal Conditions. Disponível em https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/musculoskeletal-conditions
- Unifeso FUNCIONALIDADE MUSCULOESQUELÉTICA Disponível em: https://revista.unifeso.edu.br/index.php/jopic/article/view/4624/1772
- Fiocruz. Sintomas de Doenças Reumáticas é tema de webinar do Projeto Echo
- Disponível em: https://campusvirtual.fiocruz.br/portal/?q=noticia/88896
- SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina. Programas institucionais de acompanhamento e reabilitação. Disponível em: https://spdm.org.br









