O Outubro Rosa, muito forte no Brasil, é um movimento conhecido em todo o mundo que busca conscientizar sobre a importância da prevenção ao câncer de mama. Para isso, todos os anos, durante esse mês, entidades da sociedade civil, empresas e órgãos públicos realizam ações sobre o tema. Mutirões de exames e campanhas de sensibilização mobilizam a sociedade. Neste texto você entenderá melhor por que o Outubro Rosa foi criado. Conhecerá também a origem do movimento, seu impacto no país e a importância do diagnóstico precoce e da prevenção ao câncer de mama.
A origem do Outubro Rosa: Como surgiu o movimento?
O embrião do Outubro Rosa nasceu na década de 1980 com Charlotte Haley, uma moradora da cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Ela decidiu começar a agir após ter familiares com a doença. Sua decisão foi passar a distribuir fitas de cor pêssego, que era sua cor preferida. Com isso, ela queria sensibilizar os cidadãos para a necessidade de pesquisas e ações de conscientização sobre o câncer de mama.
Após sua campanha, a então editora da revista “Self” Alexandra Penney passou a divulgar uma fita cor-de-rosa como símbolo das ações. O movimento ganhou visibilidade em 1991, durante a corrida “Komen New York City Race for the Cure”, um evento em prol da conscientização sobre o câncer de mama. Além disso, no ano seguinte, em 1992, a fita rosa se tornou amplamente reconhecida, graças a uma edição especial da “Self” dedicada à causa.
Depois disso, o laço rosa se tornou como símbolo da luta contra o câncer de mama, ganhando abrangência mundial, e a cor rosa passou a ser associada à conscientização do câncer de mama em diferentes países. Já em 1997, a cidade de Nova York iniciou as iluminações de prédios em rosa para destacar a campanha. No Brasil, entre campanhas de centenas de órgãos e empresas, prédios públicos como o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, em Brasília, costumam ganhar iluminação rosa. Outros locais como o Viaduto do Chá e a Ponte Estaiada, em São Paulo, além de monumentos e edifícios em dezenas de cidades brasileiras também participam da campanha.
O Outubro Rosa no Brasil: Crescimento e impacto
Aqui no Brasil, as ações do movimento passaram a ter destaque a partir dos anos 2000, aumentando em relevância ano a ano. Hoje centenas de governos, ONGs e empresas desenvolvem suas campanhas com objetivo de incentivar mulheres, bem como homens trans, a realizarem exames preventivos.
Vale destacar que, além das campanhas, exames de mamografia gratuitos são oferecidos durante o mês de outubro em várias cidades do Brasil, em conjunto com palestras educativas e ações de rua. A campanha também possui um grande alcance nas redes sociais, com ONGs e influenciadores utilizando a hashtag #OutubroRosa para disseminar informações.
Esse trabalho é fundamental, pois, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, sendo ainda a principal causa de morte por câncer no país.
Importância da prevenção e métodos disponíveis
Com o avanço da medicina, há diversos métodos de prevenção e detecção precoce. Destaques para:
- Mamografia: Trata-se de um exame essencial que, para sua realização, precisa de orientação médica. Vale destacar que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece esse exame gratuitamente.
- Autoexame das mamas: Essa prática não substitui exames clínicos, mas é muito importante para conhecer o próprio corpo e identificar mudanças, que podem ser depois verificadas por um médico.
- Ter um estilo de vida saudável: Uma alimentação equilibrada, a prática de exercícios físicos e evitar o consumo excessivo de álcool são medidas preventivas, que reduzem o risco de câncer de mama.
Fatores de risco para o câncer de mama
Não existe uma causa única para o câncer de mama, sendo que diversos fatores podem desencadear seu desenvolvimento, como: envelhecimento, determinantes específicos da vida reprodutiva, histórico familiar, consumo de álcool, excesso de peso e atividade física.
Os principais fatores são:
- Obesidade e sobrepeso, após a menopausa
- Atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana)
- Consumo de bebida alcoólica
- Exposição frequente a radiações ionizantes (tomografia, Raios-X)
- Histórico de tratamento prévio com radioterapia no tórax
- Primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos
- Não ter filhos
- Primeira gravidez após os 30 anos
- Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos
- Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona)
- Ter feito terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona), especialmente se por mais de cinco anos
- Histórico familiar de câncer de ovário e de mama, principalmente antes dos 50 anos, e caso de câncer de mama em homem
- Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.
Como usar o SUS para a prevenção e tratamento
A atender a todas as pessoas do Brasil com universalidade, integralidade e equidade é o objetivo do SUS, que oferece uma série de serviços, todos gratuitos, de prevenção e tratamento do câncer de mama. Alguns deles são:
- Exames de mamografia: deve ter lugar a cada 2 anos em pessoas de 50 a 69 anos, podendo ser útil em outras idades, mediante indicação médica.
- Consultas e outros exames: é possível agendar consultas com médicos ginecologistas ou mastologistas e realizar exames de rotina no SUS, em Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
- Tratamento integral: em caso de diagnóstico, o SUS oferece tratamentos como cirurgias, quimioterapia e radioterapia, além de suporte psicológico para pacientes.
Desigualdade no acesso à prevenção e ao tratamento
Sendo um país extremamente desigual, o Brasil apresenta dificuldades diferentes de acesso à saúde para pessoas, de acordo com fatores como nível socioeconômico, cor da pele e região de moradia. Algumas destas situações são:
- Populações vulneráveis: são as mulheres de baixa renda, principalmente moradoras de áreas rurais e regiões do Norte e Nordeste do país, aquelas com mais dificuldade para realizar exames preventivos.
- Atrasos no diagnóstico: devido à falta de infraestrutura em algumas regiões, muitas mulheres só conseguem realizar exames de diagnóstico após a doença estar em estágio avançado.
- Diferenças raciais: Existem também estudos indicando que mulheres negras no Brasil têm maior dificuldade de acesso a exames preventivos e tratamento adequado, resultando em taxas de mortalidade mais altas.
Dados do IBGE mostram que a cobertura de mamografias no Brasil é insuficiente, e isso é pior entre mulheres de baixa renda. A falta de acesso aos serviços de saúde aumenta a desigualdade no combate ao câncer de mama.
Por fim, um problema das campanhas de câncer de mama é que elas geralmente se restringem a mulheres cisgênero, ou seja, aquelas que foram designadas como mulheres ao nascer, ignorando o problema entre as pessoas trans. Na verdade, tanto as mulheres trans, que fazem terapia hormonal com estrogênio, devem realizar exames de mamografia a partir de orientações médicas específicas, como os homens trans, especialmente aqueles que não realizaram mastectomia total, também estão em risco e devem ser incluídos nas campanhas de prevenção.
O impacto do Outubro Rosa na conscientização e prevenção
O movimento Outubro Rosa tem gerado grande impacto na conscientização sobre o câncer de mama. Desde sua criação, o número de mulheres que realizam exames preventivos aumentou significativamente. De acordo com a pesquisa Vigitel Brasil 2006-2021, a porcentagem de mulheres entre 50 e 69 anos que já fizeram mamografia passou de 82,8% em 2007 para 93,3% em 2021.
Muitas são as atividades do Outubro Rosa que impactam esse resultado, com destaque para mutirões de mamografia, oferecidos em várias cidades, atingindo milhares de mulheres que não teriam acesso de outra forma; e para as campanhas, que ganham grande força nas redes sociais, com ONGs e influenciadores promovendo o engajamento das pessoas, e também campanhas de arrecadação e conscientização.
Conclusão: A relevância contínua do Outubro Rosa
Por tudo que vimos, o Outubro Rosa é um movimento essencial para a saúde pública, que tende só a crescer nos próximos anos, promovendo cada vez mais a conscientização e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Sua importância se estende a todas as classes sociais e regiões do país, incluindo populações vulneráveis, além de mulheres e homens trans.
A prevenção é ainda o caminho mais eficaz para combater o câncer de mama. Além disso, o conhecimento sobre os acessos aos serviços de saúde gratuitos oferecidos pelo SUS é vital para reduzir as desigualdades no tratamento da doença. Por isso, participar do movimento é contribuir para salvar vidas.
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