O transtorno de personalidade narcisista (TPN) é uma condição psiquiátrica que causa um padrão persistente de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5- TR), citado no site Manual MSD, esse transtorno se manifesta no início da vida adulta e se mantém em diferentes contextos. Para o diagnóstico, a pessoa precisa apresentar pelo menos cinco dos nove critérios definidos pelo manual.
O nome do transtorno foi inspirado no mito grego de Narciso, um jovem que se apaixonou pela própria imagem refletida na água e acabou morrendo por sua obsessão. Assim como no mito, o transtorno envolve autoimportância exagerada, necessidade constante de admiração e falta de empatia.
Conforme estudo publicado pela Mayo Clinic, pessoas com TPN enfrentam dificuldades em relacionamentos interpessoais e sociais. Elas buscam reconhecimento constante e muitas vezes demonstram arrogância. Essas características podem causar prejuízos emocionais, profissionais e sociais ao longo da vida.
A identificação correta do transtorno é essencial para que o paciente receba um tratamento adequado. Muitas vezes, o transtorno de personalidade narcisista pode ser confundido com outros transtornos de personalidade, como o borderline ou o antissocial. A precisão do diagnóstico contribui para uma abordagem terapêutica mais eficaz e personalizada, segundo artigo publicado na RECIMA2.
O que caracteriza o transtorno de personalidade narcisista?

A MSD define o transtorno de personalidade narcisista como um padrão fixo de pensamento e comportamento marcado por:
- Sentimento exagerado de autoimportância;
- Fantasias de sucesso, poder e inteligência ilimitados;
- Crença de ser único e só poder ser compreendido por pessoas especiais;
- Necessidade de admiração constante;
- Exploração de outras pessoas para alcançar seus objetivos;
- Falta de empatia e incapacidade de reconhecer os sentimentos dos outros;
- Comportamento arrogante e superioridade exagerada.
Segundo a Mayo Clinic, já citada, é fundamental diferenciar o narcisismo saudável do transtorno patológico. Ter autoestima elevada e confiança não significa que alguém tenha TPN. A diferença está na rigidez e disfuncionalidade do comportamento. Enquanto o narcisismo saudável pode ajudar na busca por objetivos, o transtorno gera sofrimento e afeta negativamente a vida do indivíduo e das pessoas ao seu redor.
Além disso, estudos indicam que pessoas com transtorno de personalidade narcisista frequentemente necessitam de validação externa. Como aponta artigo da Psychology Today, essas pessoas podem manipular os outros para satisfazer suas necessidades emocionais, o que pode prejudicar suas relações interpessoais.
Causas e fatores de risco
Os cientistas ainda investigam as causas do transtorno de personalidade narcisista, mas fatores genéticos parecem desempenhar um papel significativo. Segundo o estudo da RECIMA21, apresentado acima, indivíduos com histórico familiar de transtornos de personalidade têm maior risco de desenvolvê-lo.
Experiências na infância também influenciam. Crianças que sofreram negligência emocional, abuso psicológico ou receberam uma criação extremamente permissiva podem desenvolver traços narcisistas patológicos na vida adulta. Pais que supervalorizam ou criticam excessivamente seus filhos podem reforçar padrões disfuncionais de autoimagem, como explica o texto da Psychology Today.
Para além desses pontos, pesquisas de neuroimagem, de acordo com a RECIMA21, indicam que pessoas com transtorno de personalidade narcisista apresentam diferenças na estrutura e no funcionamento de áreas cerebrais ligadas à regulação emocional. O córtex pré-frontal e o sistema límbico, que controlam a empatia e o processamento de recompensas, mostram padrões de ativação diferentes nos indivíduos com o transtorno.
O impacto do TPN nas relações interpessoais e profissionais

O transtorno de personalidade narcisista afeta profundamente os relacionamentos pessoais e a carreira profissional. Alguns pontos são:
- Indivíduos com esse transtorno podem manipular e explorar os outros para atender às suas necessidades emocionais. A falta de empatia dificulta a construção de laços genuínos;
- No ambiente de trabalho, buscam reconhecimento constante e podem demonstrar comportamentos competitivos extremos. Isso pode prejudicar o trabalho em equipe;
- O comportamento arrogante e a dificuldade em aceitar críticas geram conflitos interpessoais, tornando desafiador o convívio diário.
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Diagnosticar o transtorno de personalidade narcisista corretamente é um desafio, pois ele compartilha características com outros transtornos de personalidade. O transtorno borderline, por exemplo, também envolve instabilidade emocional, mas se manifesta com comportamentos impulsivos e medos de abandono, que não são típicos dessa condição. Já o transtorno antissocial, por outro lado, envolve manipulação e falta de empatia, mas geralmente sem a necessidade de admiração excessiva, de acordo com o texto da RECIMA21.
O transtorno de personalidade narcisista frequentemente ocorre junto com transtornos de humor, ansiedade e abuso de substâncias. Depressão e transtorno bipolar são condições comuns em indivíduos com TPN, tornando essencial uma avaliação detalhada para um diagnóstico preciso, segundo a MSD.
Abordagens terapêuticas e tratamento
O tratamento do transtorno de personalidade narcisista envolve abordagens terapêuticas específicas. Segundo o artigo da Psychology Today, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido uma das mais eficazes. Ela ajuda os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento distorcidos e disfuncionais.
A terapia baseada em esquemas pode complementar a TCC, pois trabalha crenças centrais arraigadas, promovendo mudanças duradouras no funcionamento emocional e nas relações interpessoais, segundo a RECIMA21.
Pesquisas recentes investigam o uso da neuromodulação para tratar o TPN. A RECIMA21 também destaca que a estimulação magnética transcraniana (EMT) tem sido estudada como uma possível estratégia para regular áreas cerebrais envolvidas no processamento de emoções.
Um dos principais desafios do tratamento é a resistência do paciente. Muitas pessoas com transtorno de personalidade narcisista não reconhecem seus comportamentos como problemáticos, o que pode dificultar a adesão à terapia, como explica a Mayo Clinic, anteriormente mencionada.
Perspectivas futuras e pesquisas em andamento
Pesquisadores continuam explorando novas formas de tratar o transtorno de personalidade narcisista. Estudos recentes, como o publicado pela RECIMA21, indicam que abordagens terapêuticas inovadoras podem melhorar a autorregulação emocional e a adaptação social dos pacientes. A pesquisa sobre terapias alternativas e personalizadas busca entender como diferentes técnicas podem auxiliar na modificação de padrões disfuncionais do transtorno.
Algumas áreas de estudo incluem:
- Novas terapias comportamentais para facilitar a autorreflexão e empatia. Segundo o estudo RECIMA21, intervenções baseadas em esquemas têm demonstrado potencial para ajudar os pacientes a reestruturar crenças rígidas e disfuncionais, promovendo maior autoconhecimento e melhoria nos relacionamentos interpessoais;
- Técnicas avançadas de neuromodulação para regular áreas cerebrais alteradas. Segundo a Psychology Today, pesquisas recentes indicam que a estimulação magnética transcraniana (EMT) pode atuar na regulação de circuitos neurais responsáveis pela empatia e pelo controle emocional, oferecendo novas possibilidades terapêuticas para o TPN;
- Diagnósticos mais precisos baseados em biomarcadores neurobiológicos, segundo a MSD. Estudos sugerem que o avanço nas neurociências pode levar à identificação de padrões específicos no cérebro associados ao transtorno, permitindo diagnósticos mais acurados e personalizados, reduzindo a confusão com outras condições psiquiátricas.
Conclusão
O transtorno de personalidade narcisista é uma condição complexa que impacta tanto as relações pessoais quanto as profissionais. Seu diagnóstico e tratamento requerem uma abordagem cuidadosa e individualizada.
Conscientizar a sociedade sobre essa condição é fundamental para reduzir o estigma e promover uma compreensão mais ampla e empática.
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