Leucemia Mieloide Crônica: como o diagnóstico precoce e os novos tratamentos transformam a vida do paciente

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LMC: como o diagnóstico precoce e os novos tratamentos transformam a vida do paciente

Introdução

No Dia Mundial da Leucemia Mieloide Crônica (LMC), 22 de setembro, reforçamos uma mensagem essencial: diagnóstico precoce e terapias-alvo modernas mudaram o curso da doença e permitem que muitos pacientes sigam a vida com alta qualidade e perspectivas de sobrevida próximas à população geral quando bem acompanhados. 

O que é a LMC e por que identificar cedo faz diferença

A LMC é uma neoplasia mieloproliferativa marcada pela presença do gene de fusão BCR-ABL1, geralmente decorrente do cromossomo Filadélfia. Esse biomarcador ativa uma tirosina-quinase central para a patogênese da doença, e também é a “chave” do tratamento moderno. A suspeita clínica costuma surgir em hemograma (leucocitose), e a confirmação diagnóstica é feita por citogenética e biologia molecular (ex.: RT-PCR quantitativo para BCR-ABL1). Quanto mais cedo a doença é confirmada, sobretudo na fase crônica, melhores os desfechos com terapia adequada. 

A revolução dos inibidores de tirosina-quinase (TKIs)

O tratamento da LMC mudou radicalmente com os TKIs, que inibem a proteína BCR-ABL1:

  • Imatinibe inaugurou a era de terapia-alvo, elevando taxas de resposta hematológica, citogenética e molecular e prolongando a sobrevida.

  • Dasatinibe, nilotinibe e bosutinibe ampliaram as opções de primeira linha e oferecem caminhos quando há intolerância ou resistência ao imatinibe.

  • Em linhas subsequentes e em cenários específicos de resistência, fármacos de nova geração, como o asciminibe (inibidor STAMP), têm se mostrado eficazes.

Graças a essa classe terapêutica, muitos pacientes alcançam respostas moleculares profundas e mantêm rotina ativa por anos, desde que sigam o tratamento. 

Quando o transplante ainda tem papel

Antes dos TKIs, o transplante alogênico de células-tronco hematopoéticas era a principal alternativa de cura. Hoje, ele permanece indicado para casos de alto risco, falha terapêutica ou mutações específicas, conforme avaliação individualizada em centros especializados. 

Acesso e linhas de cuidado no SUS

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) organiza o cuidado por Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs), que definem critérios de diagnóstico, tratamento, acompanhamento e monitoramento, inclusive quais medicamentos são ofertados e como manejar falhas terapêuticas. Há PCDTs para adultos e para crianças e adolescentes com LMC, atualizados pelo Ministério da Saúde/Conitec. 

Como usar isso a seu favor:

  1. Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) para avaliação inicial e encaminhamento à Hematologia.

  2. Confirme o diagnóstico com exames recomendados (citogenética/FISH, RT-PCR para BCR-ABL1) e estratificação de risco.

  3. Inicie TKI conforme PCDT e perfil clínico; mantenha monitoramento molecular periódico para guiar ajustes (otimização de dose, troca de TKI, manejo de eventos adversos).

  4. Em caso de falha, progressão ou toxicidade, a equipe do SUS segue algoritmos do PCDT (troca de linha, avaliação para transplante, etc.).

Qualidade de vida: o que mudou para o paciente

A era dos TKIs trouxe:

  • Sobrevida significativamente ampliada quando há resposta molecular sustentada;

  • Seguimento ambulatorial com impacto menor no cotidiano;

  • Foco crescente em adesão, manejo de efeitos colaterais e decisão compartilhada para personalizar a terapia ao longo do tempo.

O papel da SPDM

Profissionais e unidades vinculadas à Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) atuam na assistência hematológica, educação e conscientização do público sobre leucemias, apoiando o itinerário do paciente no SUS com informação de qualidade e cuidado integral.

Diagnóstico precoce + TKIs transformaram a LMC em uma condição crônica controlável para grande parte dos pacientes. No SUS, os PCDTs asseguram critérios claros para diagnóstico, tratamento e monitoramento, garantindo equidade e acesso. Informar-se, aderir ao tratamento e manter o acompanhamento especializado são os pilares para qualidade de vida duradoura.

Fontes Consultadas: 

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