Nefrologia: cuidando da saúde dos rins

Os rins desempenham funções essenciais para o equilíbrio do organismo: filtram o sangue, eliminam toxinas, regulam a pressão arterial, mantêm o equilíbrio de líquidos e sais minerais e produzem hormônios importantes. 

Quando esses órgãos falham, todo o corpo sofre. A nefrologia, especialidade médica dedicada à saúde renal, atua tanto na prevenção quanto no diagnóstico e tratamento das doenças que afetam os rins.

Com o aumento da expectativa de vida e a incidência crescente de hipertensão e diabetes, os problemas renais estão se tornando mais comuns. 

Entender como cuidar da saúde dos rins é fundamental para evitar complicações graves, como insuficiência renal crônica e necessidade de diálise ou transplante.

Por que a saúde dos rins merece atenção

A doença renal crônica (DRC) é silenciosa em seus estágios iniciais. Muitas pessoas só descobrem que têm problema renal quando já existe perda importante da função dos rins.

Essa evolução discreta aumenta o risco de complicações cardiovasculares e metabólicas e pode levar à necessidade de tratamentos complexos e de alto custo.

Além da DRC, os rins podem ser afetados por diversas condições: infecções urinárias recorrentes, cálculos renais, inflamações (glomerulonefrites), doenças autoimunes e efeitos colaterais de medicamentos. 

Por isso, acompanhar a saúde renal faz parte de uma rotina preventiva de qualidade.

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Como prevenir doenças renais

A prevenção é a melhor estratégia para manter os rins funcionando bem ao longo da vida. Pequenas atitudes diárias podem fazer grande diferença:

  • Controle da pressão arterial e da glicemia: hipertensão e diabetes são as principais causas de doença renal crônica. Mantê-las controladas protege os vasos sanguíneos que irrigam os rins.

  • Alimentação equilibrada: reduzir sal, ultraprocessados e excesso de proteínas; priorizar frutas, verduras e alimentos frescos.

  • Hidratação adequada: beber água na quantidade certa ajuda o rim a filtrar toxinas. Pessoas com doenças cardíacas ou renais já diagnosticadas devem seguir orientação médica para definir a quantidade ideal.

  • Evitar abuso de medicamentos nefrotóxicos: o uso frequente e sem prescrição de anti-inflamatórios, por exemplo, pode causar lesões renais.

  • Estilo de vida saudável: atividade física regular, controle do peso, parar de fumar e moderar o consumo de álcool protegem não apenas os rins, mas todo o sistema cardiovascular.

Indivíduos com fatores de risco, como histórico familiar de doença renal, hipertensão ou diabetes, devem realizar exames preventivos com frequência maior.

Diagnóstico precoce: identificar problemas antes que evoluam

O diagnóstico precoce é essencial para evitar que doenças renais avancem sem tratamento. 

Ele começa com avaliação clínica detalhada, que investiga histórico médico, uso de medicamentos, hábitos de vida e sintomas discretos, como mudanças na urina, inchaço ou pressão alta difícil de controlar.

Os principais exames para avaliar a função renal incluem:

  • Exames de sangue: medição da creatinina e cálculo da taxa de filtração glomerular estimada (eTFG), que indica quanto os rins estão filtrando.

  • Exames de urina: pesquisa de proteínas (proteinúria ou albuminúria), presença de sangue ou sinais de inflamação.

  • Ultrassonografia renal: avalia o tamanho e a anatomia dos rins, detectando alterações estruturais ou obstruções.

  • Biópsia renal: indicada em casos específicos, quando é preciso entender a causa da lesão para definir o melhor tratamento.

Novos biomarcadores renais vêm sendo estudados para detectar lesão ainda em estágios iniciais, antes mesmo da queda da função. Embora ainda em consolidação, essas tecnologias prometem revolucionar a prevenção.

Manejo: como tratar e controlar doenças renais

Quando há diagnóstico de doença renal, o objetivo é frear a progressão, tratar complicações e preservar a função restante.

O tratamento inclui:

  • Controle rigoroso da pressão arterial: muitas vezes com medicamentos que protegem os rins, como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA).

  • Controle glicêmico adequado: essencial para diabéticos, reduzindo danos vasculares.

  • Ajustes na alimentação: redução de sódio, fósforo, potássio e, em alguns casos, proteínas; sempre com orientação nutricional.

  • Tratamento de complicações associadas: anemia, distúrbios ósseos, desequilíbrios de eletrólitos e ácido-base.

  • Evitar novas agressões aos rins: suspender ou substituir medicamentos nefrotóxicos sempre que possível.

Nos casos avançados, pode ser necessário recorrer à diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal) para substituir parcialmente a função dos rins, ou ao transplante renal para pacientes elegíveis. 

A decisão é feita de forma individualizada, considerando estado clínico e qualidade de vida.

Quando procurar o nefrologista

Não é preciso esperar sintomas graves para buscar um nefrologista. Procure avaliação se você:

  • Tem pressão alta ou diabetes de longa data;

  • Possui histórico familiar de doença renal;

  • Percebe alterações na urina (espuma, sangue, cor escura ou volume reduzido);

  • Sofre com inchaços frequentes, especialmente nas pernas e tornozelos;

  • Usa medicamentos potencialmente tóxicos aos rins com frequência.

A consulta preventiva permite detectar problemas cedo e evitar danos irreversíveis.

Perguntas frequentes

1. Quais são os primeiros sinais de problema nos rins?

Inchaço nos pés e pernas, urina com espuma ou sangue, pressão alta difícil de controlar e cansaço excessivo podem indicar alterações renais.

2. Beber mais água sempre faz bem para os rins?

Hidratação adequada é importante, mas não deve ser exagerada. Quem tem doenças cardíacas ou renais precisa seguir orientação médica sobre a quantidade ideal.

3. Anti-inflamatórios fazem mal aos rins?

O uso frequente ou prolongado pode causar lesão renal, especialmente em pessoas com pressão alta, diabetes ou função renal já comprometida.

4. É possível reverter doença renal crônica?

Na maioria dos casos, não. Mas o tratamento adequado pode retardar bastante a progressão e evitar complicações.

5. Quem tem histórico familiar deve fazer exames preventivos?

Sim. Pessoas com parentes que tiveram doença renal têm risco aumentado e precisam de acompanhamento periódico.

6. Creatinina alta significa que os rins pararam de funcionar?

Não necessariamente, mas indica que algo pode estar afetando a função renal. É preciso avaliação médica detalhada.

7. Quais alimentos ajudam a proteger os rins?

Frutas, verduras, legumes e alimentos frescos com pouco sal. É importante evitar ultraprocessados e excesso de proteína sem indicação médica.

8. Exercícios físicos melhoram a saúde dos rins?

Sim. Atividade física regular ajuda a controlar pressão, peso e glicemia, reduzindo fatores que levam a doenças renais.

9. Toda pessoa com doença renal precisa fazer diálise?

Não. Muitos pacientes conseguem estabilizar a função com tratamento clínico, desde que diagnosticados e acompanhados precocemente.

10. Como posso saber se meus rins estão saudáveis?

A única forma segura é realizar exames periódicos de sangue e urina. Sintomas geralmente aparecem apenas em estágios avançados.

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Fontes Consultadas

Preventing chronic kidney disease and maintaining kidney health — foco em estratégias de prevenção da doença renal crônica e promoção da saúde renal. Disponível em: https://www.kidney-international.org/article/S0085-2538%2825%2900334-5/fulltext Kidney International 

Emerging Preventive Strategies in Chronic Kidney Disease — revisão sobre estratégias emergentes para prevenção da DRC. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11552309/ PMC 

Chronic kidney disease and the global public health agenda — artigo que alinha doença renal crônica à agenda de saúde pública global, incluindo desafios no diagnóstico e manejo. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41581-024-00820-6 Nature 

Comprehensive review of current management guidelines of chronic kidney disease — revisão das diretrizes atuais para manejo da doença renal crônica. Disponível em: https://journals.lww.com/md-journal/fulltext/2023/06090/comprehensive_review_of_current_management.13.aspx Lippincott The prevention and management of chronic kidney disease among metabolic syndrome components — revisão sobre como componentes da síndrome metabólica influenciam risco renal e manejo. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0085253825001413 ScienceDirect

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