O papel do SUS no acesso a tratamentos especializados: avanços, desafios e como utilizá-lo a seu favor

No dia 19 de setembro, celebramos mais um ano do Sistema Único de Saúde (SUS), símbolo da conquista de um direito fundamental: o acesso universal à saúde no Brasil.  Há mais de três décadas, o SUS tem avançado significativamente, especialmente no que diz respeito ao acesso a tratamentos especializados garantindo, na prática, a democratização de cuidados complexos, como oncologia, reabilitação, saúde mental e tecnologia de ponta.

Avanços recentes promovidos pela SPDM

A  Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) tem desempenhado papel crucial na ampliação do acesso a tratamentos especializados por meio de projetos inovadores e gestão eficiente.

  1. Expansão da radioterapia no Hospital São Paulo
    O Hospital São Paulo, vinculado à SPDM, ampliou seu serviço de radioterapia com a aquisição de um acelerador linear moderno, elevando em 160% o número de pacientes atendidos por mês (de 50 agora para cerca de 130 por mês), graças ao investimento de R$ 3,2 milhões do Ministério da Saúde SPDM.
  2. Capacitação e atendimento em ecografia vascular
    Em 28 de junho de 2025, o Hospital São Paulo realizou um mutirão que atendeu mais de 300 pacientes do SUS, ao mesmo tempo em que formou aproximadamente 150 médicos em ecografia vascular com Doppler e tratamento de varizes, fortalecendo a formação e reduzindo a fila de espera SPDM.
  3. Humanização do cuidado: Terapia de Reiki na Atenção Básica
    Uma iniciativa da Clínica da Família no Rio de Janeiro, também sob gestão SPDM, passou a oferecer sessões de Reiki gratuito para pacientes e profissionais, visando aliviar o estresse e promover bem-estar, refletindo uma abordagem mais humanizada e integral do atendimento SPDM.

Avanços estruturais do SUS no acesso a tratamentos

Além das ações da SPDM, o SUS tem apresentado avanços estruturais consistentes:

  • Regulação e redes integradas de atenção: as Redes de Atenção à Saúde (RAS) coordenam ações entre atenção primária, secundária e terciária, promovendo continuidade e integralidade na assistência.

  • Saúde mental comunitária: a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) transformou o modelo assistencial, levando a criação de mais CAPS e serviços residenciais terapêuticos, reduzindo internações prolongadas.

  • Telessaúde e telediagnóstico: o Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes tem ampliado o acesso em regiões remotas, permitindo teleconsultoria, segunda opinião, teleducação e telediagnóstico, reduzindo deslocamentos e custos.

  • Digitalização com “Meu SUS Digital”: o antigo Conecte SUS foi substituído pelo Meu SUS Digital, que integra históricos clínicos, vacinas, exames e oferece telemedicina e suporte em tempo real, facilitando o uso do sistema pelo cidadão.

Desafios persistentes

Apesar dos avanços, o SUS ainda enfrenta obstáculos importantes:

  • Desigualdades regionais e barreiras de acesso: limitações geográficas, financeiras, organizacionais e informacionais continuam dificultando o acesso a serviços especializados, especialmente em áreas rurais e periféricas.

  • Financiamento insuficiente: há desafios estruturais ligados ao subfinanciamento histórico do SUS, que comprometem expansão, manutenção e inovação nos serviços.

  • Desigualdade na saúde mental: mesmo com avanços, a RAPS ainda enfrenta insuficiência de recursos, sobrecarga dos CAPS, estigma em torno da saúde mental e distribuição desigual dos serviços entre regiões.

Como o paciente pode utilizar o SUS a seu favor

Para acessar e aproveitar os recursos oferecidos pelo SUS, o cidadão pode:

  • Buscar a UBS ou Clínica da Família mais próxima para iniciar o atendimento na atenção primária, porta de entrada para acesso a especialistas.

  • Informar-se sobre mutirões e capacitações locais (como os promovidos pela SPDM e Hospital São Paulo) que muitas vezes incluem atendimentos especializados gratuitos.

  • Cadastrar-se no aplicativo “Meu SUS Digital” para consultar histórico, vacinas, exames e acompanhar consultas, facilitando comunicação e acesso.

  • Consultar opções de Telessaúde se estiver distante ou em áreas com dificuldade de acesso físico, por exemplo, teleconsultoria, telediagnóstico e segunda opinião.

  • Utilizar RAPS quando houver necessidade de saúde mental, buscando CAPS ou atendimento na rede conforme indicação da UBS.

  • Exigir seus direitos; caso encontre barreiras de acesso, procure os canais de ouvidoria e conselhos de saúde locais.

Serviço Quando procurar Porta aberta? Encaminhamento necessário?
UBS (Unidade Básica de Saúde) Consultas de rotina, acompanhamento de doenças crônicas, pré-natal e vacinas. ✔️ Sim ❌ Não
AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Casos de baixa/média complexidade que não exigem hospital. ✔️ Sim ❌ Não
UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Urgência e emergência de média complexidade (dor no peito, febre alta, fratura, falta de ar). ✔️ Sim ❌ Não
CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Saúde mental: transtornos graves, crises psiquiátricas, uso de álcool e drogas. ✔️ Sim (na área de referência) ✔️ Sim, em casos graves via CROSS ou hospital
AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Consultas com especialistas e exames complexos. ❌ Não ✔️ Sim, via UBS/AMA/CROSS
Hospitais Casos graves, cirurgias e emergências de alta complexidade. ❌ Não (exceto pronto-socorro) ✔️ Sim, via CROSS, UPA ou SAMU
CROSS (Central de Regulação) Organiza encaminhamentos e vagas hospitalares. Não é porta de entrada. ❌ Não

Tipos de CAPS e suas finalidades

Tipo de CAPS Público-alvo Finalidade Funcionamento
CAPS I Municípios pequenos Transtornos mentais graves Horário comercial/estendido
CAPS II Municípios médios Transtornos mentais severos Horário estendido
CAPS III Municípios grandes Crises e acolhimento noturno 24h
CAPS AD (Álcool e Drogas) Usuários de álcool e drogas Tratamento e reinserção social Estendido ou 24h
CAPSi (Infantojuvenil) Crianças e adolescentes Saúde mental infantojuvenil Horário comercial/estendido



Classificação de risco por cores (triagem em urgência/emergência)

  • Vermelho – Emergência: atendimento imediato; risco iminente de morte.

  • Laranja – Muito Urgente: atendimento em minutos; risco de rápida deterioração.

  • Amarelo – Urgente: atendimento rápido, mas pode aguardar em fila controlada.

  • Verde – Pouco Urgente: quadro estável, pode esperar mais tempo.

  • Azul – Não Urgente: casos eletivos, resolvidos em atenção básica.

No aniversário do SUS, é essencial reconhecer que o sistema foi, e continua sendo, uma conquista coletiva que oferece acesso a tratamentos especializados, avanços tecnológicos e atenção humanizada. A atuação da SPDM é exemplar nesse contexto, ao apoiar e ampliar o acesso com inovação e compromisso social. Mas ainda existem desigualdades regionais, falta de recursos e dificuldades organizacionais que precisam ser enfrentadas com políticas públicas efetivas.

Para o cidadão, conhecer seus direitos e saber como navegar no sistema (via atendimento primário, telessaúde, Meu SUS Digital) faz toda a diferença: o SUS existe para todos, e seu uso consciente, coletivo e informado é a melhor forma de fortalecê-lo.

Acesse mais informações em nosso site: spdm.org.br

Fontes Consultadas: 

  • Ampliação da radioterapia no Hospital São Paulo – SPDM, 3 de junho de 2025 SPDM

  • Mutirão de capacitação e atendimento em ecografia vascular – SPDM, 2 de julho de 2025 SPDM

  • Projeto de Reiki na Clínica da Família – SPDM, 23 de maio de 2025 SPDM

  • Subfinanciamento e desafios do SUS BVS Aludactbr.org.br

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