Principais causas de infecção intestinal e o que fazer para tratar e prevenir gastroenterites

A gastroenterite aguda é um processo inflamatório que acomete o trato gastrointestinal causando sintomas como diarreia, vômitos, dores abdominais e febre leve.

Chamadas popularmente de “infecção intestinal”, as gastroenterites representam um dos principais motivos de atendimento médico em pronto-socorros e consultórios pediátricos.

Elas ocorrem quando patógenos, vírus, bactérias ou parasitas invadem ou alteram a função da mucosa intestinal.

Em crianças menores de cinco anos, esse quadro pode levar a desidratação grave e comprometer o estado nutricional.

Em idosos e pacientes imunocomprometidos, aumenta o risco de complicações sistêmicas.

Principais agentes etiológicos

A identificação do agente causador auxilia na definição de medidas específicas de controle.

Tipo de Agente Exemplos Comuns Características
Viral Rotavírus, Norovírus, Adenovírus, Astrovírus Alta transmissibilidade; quadro geralmente autolimitado.
Bacteriano Campylobacter jejuni, Salmonella spp., Shigella spp., E. coli Pode cursar com sangue nas fezes; antibióticos indicados em casos graves.
Parasitário Giardia lamblia, Cryptosporidium spp., Entamoeba histolytica Manifestações prolongadas; requer tratamento antiparasitário específico.

Mecanismos de transmissão

A transmissão fecal-oral é a via predominante em gastroenterites agudas.

Pode ocorrer pelo consumo de água ou alimentos contaminados, contato direto com pessoas infectadas ou superfícies contaminadas.

Locais com saneamento deficiente e manipulação inadequada de alimentos apresentam maior risco de surtos.

Quadro clínico

Os sintomas iniciam, em geral, de 12 a 48 horas após a exposição ao agente infeccioso.

Diarreia aquosa, cólicas abdominais intensas e vômitos frequentes são os sinais mais comuns.

Febre e mal-estar geral podem acompanhar o quadro.

Em infecções bacterianas invasivas, observa-se presença de sangue e muco nas fezes.

Já nas infecções parasitárias, os sintomas tendem a perdurar por semanas se não houver tratamento adequado.

Tratamento

O manejo inicial baseia-se na reposição hídrica e eletrolítica, bem como no suporte nutricional.

Protocolos de tratamento

Intervenção Indicação Observações
Terapia de Reidratação Oral (TRO) Desidratação leve a moderada Solução de glicose e eletrólitos; fracionar doses para tolerância.
Reidratação Intravenosa Desidratação grave ou vômitos incoercíveis Acesso venoso imediato; monitorar balanço hídrico e sinais vitais.
Antieméticos Vômitos persistentes Uso de ondansetrona em crianças; reduzir náuseas e facilitar TRO.
Antibióticos Suspeita ou confirmação de bactéria invasiva Macrólidos preferenciais em pediatria; seguir protocolos locais.
Antiparasitários Infecções por protozoários Metronidazol para Giardia; nitazoxanida para Cryptosporidium, conforme dose.

Reidratação oral

A Terapia de Reidratação Oral é o pilar do tratamento em casos leves e moderados.

As soluções orais padronizadas garantem reposição adequada de sódio, potássio e glicose.

Administrar pequenos volumes a cada 5–10 minutos melhora a absorção e reduz o risco de vômitos.

Reidratação endovenosa

Indicada em pacientes com desidratação grave, vômitos incessantes ou dificuldade de aceitação oral.

Permite restauração rápida do volume intravascular e correção de distúrbios hidroeletrolíticos.

Uso de fármacos

Antieméticos controlam náuseas e facilitam a TRO.

Antibióticos são reservados para diarreia sanguinolenta e suspeita de bactérias invasivas.

Antiparasitários devem ser usados conforme identificação laboratorial do protozoário.

VEJA MAIS: doença inflamatória intestinal

Prevenção

Medidas preventivas individuais e comunitárias reduzem a incidência de gastroenterites.

É fundamental reforçar boas práticas de higiene e saneamento.

Vacinação contra rotavírus demonstra eficácia na redução de internações por diarreia grave em lactentes.

Principais ações de prevenção:

  • Lavar as mãos com água e sabão antes de comer e após usar o banheiro.
  • Consumir apenas água tratada ou fervida.
  • Evitar ingestão de alimentos crus ou mal cozidos em condições duvidosas.
  • Assegurar o manejo seguro de resíduos e a manutenção de redes de esgoto adequadas.
  • Realizar limpeza e desinfecção de superfícies contaminadas em surtos.
  • Promover campanhas de educação em saúde para manipuladores de alimentos.

Após consolidar as práticas de prevenção, é importante pensar também em como nutrir e restaurar o intestino para acelerar a recuperação e reduzir recidivas.

Suporte nutricional e reabilitação intestinal

Antes de retomar a alimentação habitual, realize uma realimentação gradual, passando de líquidos claros a refeições leves e de fácil digestão.

Inclua alimentos ricos em prebióticos (como banana-verde e aveia) para estimular o crescimento de bactérias benéficas.

Adote probióticos específicos , por exemplo, Lactobacillus rhamnosus GG ou Saccharomyces boulardii ,  para repor rapidamente a microbiota.

Considere suplementar com glutamina ou zinco, nutrientes que promovem a regeneração da mucosa e melhoram a integridade intestinal.

Agende acompanhamento nutricional para avaliar deficiências e ajustar o plano alimentar conforme a evolução clínica.

FONTE: Arquivo científico 

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Oferece capacitação de equipes, atualização de protocolos clínicos e implantação de redes de vigilância.

Para prevenção e gerenciamento de casos de gastroenterite, procure redes de apoio gerenciadas pela SPDM e conte com suporte técnico e treinamento especializado.

Perguntas Frequentes

Quais são os primeiros sinais de desidratação em crianças com gastroenterite?

Fique atento a olhos profundos, lábios e mucosas secas, diminuição da emissão de urina e irritabilidade.

Quando devo procurar atendimento hospitalar?

Se houver vômitos incessantes, sangue nas fezes, sinais de desidratação grave ou letargia.

Posso interromper o aleitamento materno durante o episódio?

Não, o leite materno deve ser mantido, pois ele continua fornecendo nutrientes essenciais e anticorpos que ajudam na recuperação.

Qual a eficácia da vacina contra rotavírus?

Reduz em até 80% as hospitalizações por diarreia grave causada pelo vírus em lactentes.

Probióticos ajudam na recuperação?

Sim, probióticos específicos podem ajudar a reduzir a duração da diarreia em alguns casos, mas sempre use sob orientação médica.

Antidiarreicos são indicados?

Não são recomendados em pediatria. Eles podem, na verdade, atrasar a eliminação do agente infeccioso que está causando a diarreia.

Como evitar surtos em creches e escolas?

É fundamental reforçar a lavagem das mãos, manter a higiene dos brinquedos e limitar o contato direto com crianças que apresentem sintomas suspeitos.

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