O número de atendimentos a vítimas de violência entre a população LGBTQIA+ realizados em serviços do SUS (Sistema Único de Saúde) do Estado de São Paulo cresceu 1.198% entre os anos de 2014 e 2023.
É o que aponta levantamento realizado pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) em parceria com o Ministério Público de São Paulo, com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.
Segundo o estudo, em 2023 foram registrados 13.804 atendimentos de violência cometida contra a população LGBTQIA+ em unidades da rede pública de saúde, contra 1.063 em 2014, primeiro ano da série histórica avaliada.
Houve 5.308 atendimentos em 2015, 6.382 em 2016, 6.198 em 2017, 7.298 em 2019, 6.892 em 2020 (ano do início da pandemia de Covid-19), 8.001 em 2021 e 9.980 em 2022.
Os casos de violência motivados por sexismo, homofobia, lesbofobia, bifobia ou transfobia representaram 23,74% dos 72.654 atendimentos aos LGBTQIA+ nos serviços do SUS entre 2014 e 2023.
Conforme o levantamento 43,9% dos atendimentos médicos à população LGBTQIA+ vítima de violência no período analisado foram de pessoas que se declararam pardas, 38,1% de brancos e 11,7% de negros.
Mulheres trans representaram 28,6% das vítimas atendidas, seguidas por homens trans (8,2%) e travestis (5,7%). Não foi possível identificar a identidade de gênero em 20,6% dos casos.
Em relação à orientação sexual, homossexuais (gays e lésbicas) corresponderam a 55,7% dos casos de violência contra os LGBTQIA+ atendidos em serviços do SUS, seguidos por heterossexuais (24,3%) e bissexuais (14,1%).
Entre os tipos de violência, foram registrados 55.199 casos de agressão física, 23.926 de violência psicológica, 3.040 casos de tortura e 14.584 de violência sexual, dentre outras.
Em 4,11% dos casos o pai das vítimas foi relatado como provável agressor. Em outros 3,73%, a mãe. A extensa lista de prováveis agressores dos LGBQTIA+ inclui padrastos, cônjuge, ex-cônjuge, namorados, ex-namorados, filhos, desconhecidos, irmãos, conhecidos, cuidadores, patrões e até mesmo policiais.
Em 15,87% do total de casos o motivo da violência foi sexismo. Em outros 7,88%, homofobia, lesbofobia, bifobia ou transfobia. Os demais motivos apontados pelas vítimas foram racismo, intolerância religiosa, xenofobia, conflito geracional, situação de rua e deficiência.
“A violência contra a população LGBTQIA+, além de condenável, já pode ser considerada um problema de saúde pública. É fundamental que os serviços de saúde estejam preparados para atender adequadamente as vítimas com equipes multiprofissionais especializadas, acolhimento e humanização”, afirma Ronaldo Laranjeira, professor-titular da Unifesp, presidente da SPDM e um dos responsáveis pelo estudo em parceria com o MP-SP.
Confira:
Folha de S. Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2025/06/atendimentos-no-sus-de-sp-a-vitimas-lgbtqia-que-sofreram-violencia-crescem-quase-1200-em-10-anos.shtml
Metrópoles: https://www.metropoles.com/sao-paulo/vitimas-lgbtqia-sus-sp-sobem-10-anos