Só no Brasil, em 2014, houve 576.580 novos casos de câncer. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 8,2 milhões de pessoas morreram por câncer no mundo, no ano passado.
Com status de epidemia, o câncer é um problema de saúde pública mundial. E a estimativa para o ano de 2030, da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, Iarc, na sigla em inglês, órgão da OMS, é de 27 milhões de novos casos de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivendo, anualmente, com câncer.
Conhecendo o inimigo
O câncer é uma anomalia celular: “Se inicia quando as células de algum órgão ou tecido começam a crescer fora de controle. Em vez de morrer, as células cancerígenas continuam crescendo e formando novas células anômalas. As células cancerígenas também podem invadir outros tecidos, algo que as células normais não fazem”, explica Rosyane Rena de Freitas, cirurgiã oncológica, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Geral de Guarulhos, unidade gerenciada pela SPDM.
As causas são variadas, e ainda não totalmente conhecidas pela medicina, mas sabe-se que fatores externos, como exposição às radiações, produtos químicos, vírus, consumo de cigarro, consumo de álcool, dieta inadequada, sedentarismo, alguns tipos de trabalho, e fatores internos, como problemas hormonais, condições imunológicas e mutações genéticas podem contribuir para o desenvolvimento do câncer.
“Os fatores causais podem agir em conjunto ou em sequencia para iniciar ou promover o processo de carcinogênese. Em geral, dez ou mais anos se passam entre exposições ou mutações e a detecção do câncer”, explica a médica.
Os tipos mais comuns de câncer são o de pele não melanoma, próstata, pulmão, colorretal e estômago para o sexo masculino. No caso das mulheres são mais prevalentes os tumores de pele não melanoma, mama, colorretal, colo do útero e de pulmão.
Mesmo os tipos de câncer causados por vírus não são contagiosos, quer dizer, não passam de uma pessoa para outra. Mas essa afirmação só vale para a doença.
O Papiloma Vírus Humano – HPV, por exemplo, é um vírus oncogênico, ou seja, ele pode produzir câncer de colo de útero, e o vírus em si é transmitido através do contato sexual, de transfusão de sangue ou de seringas compartilhadas. Outro vírus carcinogênico é o da hepatite B, que causa câncer de fígado.
Prevenção continua sendo o melhor negócio!
Algumas vacinas, como a do HPV e a da hepatite B já são liberadas pois sua eficácia e segurança são reconhecidas pela medicina em todo o mundo, mas ainda é muito pouco. “Podemos considerar que estamos vivendo um momento de grandes promessas na área da imunoterapia do câncer”, revela a médica Rosyane.
Mas a boa notícia mesmo é que a prevenção de verdade está nas mãos de cada um de nós. Várias pequenas coisas que fazemos – ou precisamos fazer – podem diminuir o risco de ter câncer.
Mais de 30% das mortes por câncer poderiam ser evitadas modificando ou evitando fatores de risco importantes.
– Não fume. Os tabagistas são 10 vezes mais susceptíveis de ter câncer de pulmão comparado àqueles que nunca fumaram. O cigarro é responsável por 20% das mortes globais por câncer em geral, e cerca de 70% das mortes globais por câncer de pulmão. O consumo de tabaco é a causa de morte que mais pode ser prevenida atualmente.
– Abandone costumes alimentares pouco saudáveis e fuja da obesidade, que tem sido apontada como relacionada a vários tipos de câncer. Escolha alimentos com fibras, grãos e com pouca gordura. Consuma frutas diariamente. Seja fisicamente ativo e mantenha um peso adequado.
– Evite a exposição excessiva ao sol. Use protetor solar (FPS 15-30) e roupas minimizando sua exposição aos raios ultravioletas. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil o câncer mais frequente é o de pele, correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas. A radiação ultra-violeta natural, proveniente do sol, é o seu maior agente etiológico.
– Evite o consumo de álcool. Beber grandes quantidades de álcool pode provocar câncer de boca, esôfago e fígado. Consuma com moderação, especialmente se você também fumar.
– Evite a exposição ocupacional. Siga as normas para evitar exposição às radiações, agentes químicos e pesticidas.
Luta contra o câncer
A luta contra o câncer é uma batalha de todos os dias. “É preciso ampliar o diagnóstico precoce, garantir acesso aos serviços, oferecer procedimentos de qualidade e profissionais bem capacitados. Não apenas os especialistas, mas todos os níveis de atenção e todos os profissionais de saúde têm um grau de responsabilidade e de contribuição para esta causa”, afirma a médica do HGG.
E continua: “Também é preciso aperfeiçoar o sistema de informação, sobretudo quanto aos tipos de câncer passíveis de rastreamento, para que todos os casos possam ser acompanhados, de forma que a abordagem correta se dê no momento adequado. As ações de prevenção e detecção precoce precisam superar dificuldades frente aos segmentos da população que, por deficiência de escolaridade e acesso à informação, se mostram refratários às recomendações médicas, tornando-se, assim, duplamente vitimizados”.