O ato de fumar está, reconhecidamente, associado a doenças do pulmão: bronquite, enfisema e câncer. Também se associa ao aumento de chance de doenças obstrutivas das artérias, aumentando a chance de acontecer um infarto do coração ou um acidente vascular cerebral (derrame), entre outros efeitos igualmente deletérios à saúde.
Em relação à reprodução, vários efeitos negativos foram demonstrados. Do ponto de vista estatístico, há cinco anos atrás, foi demonstrado que casais, em que o homem ou a mulher são fumantes, tem chance menor de gravidez. Também existem evidências de que o fumo reduz a motilidade, e também aumenta o grau de quebra do DNA do espermatozóide. Com isso, a capacidade do espermatozóide atingir o óvulo e fertilizá-lo se reduz muito.
Embora esses fatos ainda necessitem um melhor entendimento, tem sido atribuídos ao fato de o cigarro alterar as reações químicas das células do indivíduo, produzindo uma maior quantidade de substâncias nocivas à saúde, denominadas em conjunto de “espécies oxigênio-reativas”. Esses verdadeiros “venenos” são produzidos normalmente pelas reações químicas de nossas células e eliminados. O hábito de fumar aumenta muito essa produção, seu acúmulo sendo associado às alterações celulares que culminariam com a redução da fertilidade.
Em relação ao efeito do fumo em mulheres, parece que um primeiro efeito ocorreria nos ovários. Lembremo-nos que a mulher já nasce com o número de óvulos (chamado reserva ovariana) fixo, isto é, não haverá mais produção de óvulos após o nascimento. E, ao longo da vida, ocorre a redução desse número. O fumo parece favorecer uma redução mais rápida: de fato, a reserva ovariana reduzida é encontrada três vezes mais em pacientes fumantes, quando comparada com as não fumantes. O cigarro interfere no movimento das tubas, e pode, dificultar a captura dos óvulos. Além disso, como as tubas transportam o embrião para o útero, uma falha pode determinar uma gravidez tubária. Também está sendo sugerido que o fumo possa prejudicar o ambiente uterino, prejudicando a implantação do embrião.
Tomados em conjunto, esses fatos mostram que o cigarro tem, de fato, efeito negativo sobre a fertilidade. Entretanto, embora reduzam a fertilidade, não são impedimentos absolutos: em geral, contribuem mais para atrasar do que para impedir a gravidez. Somando esses efeitos a outros, também negativos, observados em fetos de mulheres fumantes, a recomendação evidente é para que, uma vez que se pense em gravidez, sejam feitos todos os esforços para abandonar o fumo.
Para mais informações:
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55392814 – 55395526 – 55392084 – 55392581
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo