Consumo de cocaína e saúde mental: quais são os impactos e quais soluções podem ser buscadas

O III Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) apresenta dados que ajudam a compreender o panorama atual do consumo de cocaína no Brasil e suas consequências na saúde da população. A pesquisa mostra como o uso da substância está associado a riscos importantes, entre eles dirigir sob efeito da droga, além de revelar sua forte conexão com transtornos mentais, como depressão e ansiedade. A partir desses dados, torna-se essencial discutir não apenas os perigos, mas também os caminhos possíveis de tratamento e acompanhamento especializado para quem enfrenta problemas relacionados ao uso da cocaína.

Principais dados do III LENAD

O levantamento, conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), traz informações relevantes sobre o padrão de consumo da cocaína e do crack no país. Entre os destaques:

  • Consumo de cocaína em pó: cerca de 3,2% da população adulta já utilizou em algum momento da vida.

  • Uso de crack: aproximadamente 1,3% da população declarou já ter feito uso.

  • Dirigir sob efeito da cocaína: cerca de 5% dos usuários relataram já terem conduzido veículos após consumir a substância, aumentando significativamente o risco de acidentes de trânsito. 

Cocaína e saúde mental

O consumo de cocaína está intimamente ligado ao surgimento ou agravamento de transtornos mentais. Entre os principais impactos:

  • Depressão: usuários apresentam maior prevalência de sintomas depressivos, tanto durante o consumo quanto em períodos de abstinência.

  • Ansiedade: a cocaína pode desencadear ou intensificar quadros de ansiedade generalizada e crises de pânico.

  • Psicoses induzidas por substâncias: em casos de uso intenso, pode ocorrer desorganização do pensamento, delírios e alucinações.

  • Ciclo de dependência: o efeito estimulante gera um mecanismo de reforço, aumentando a chance de uso repetido e compulsivo.

Estudos recentes publicados no PubMed também apontam que o consumo de cocaína tem relação direta com a desregulação dos circuitos de recompensa no cérebro, potencializando vulnerabilidades emocionais e aumentando o risco de transtornos psiquiátricos.

Dirigir sob efeito da cocaína

Um dos pontos mais preocupantes revelados pelo III LENAD é o relato de pessoas que já dirigiram sob efeito da cocaína. Entre os principais riscos:

  • Redução da capacidade de julgamento e maior propensão a assumir comportamentos de risco.

  • Alterações na atenção e nos reflexos, que comprometem a direção segura.

  • Associação com outras substâncias, como o álcool, potencializando os perigos.

Esse comportamento não coloca em risco apenas o usuário, mas também toda a sociedade, reforçando a importância de políticas públicas de prevenção e fiscalização.

Caminhos para tratamento

Superar a dependência da cocaína exige uma abordagem integrada e multidisciplinar, que pode incluir:

  • Acompanhamento psiquiátrico: essencial para manejo de sintomas depressivos, ansiosos ou psicóticos.

  • Psicoterapia: com destaque para a terapia cognitivo-comportamental, que auxilia no enfrentamento de gatilhos e prevenção de recaídas.

  • Clínicas especializadas em saúde mental: integradas à rede do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecem tratamento estruturado e contínuo.

  • Projetos de instituições como a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que atua na gestão de unidades de saúde, promovendo acesso a cuidados especializados em saúde mental e dependência química.

Os dados do III LENAD reforçam que o consumo de cocaína é um problema complexo, que gera consequências sérias para a saúde mental e para a segurança pública. A associação com depressão, ansiedade e risco de acidentes evidencia a urgência de ampliar políticas de prevenção, reduzir estigmas e fortalecer a rede de tratamento.

Buscar ajuda profissional é um passo fundamental, e os recursos disponíveis no SUS, somados a iniciativas de instituições como a SPDM, mostram que é possível oferecer suporte efetivo, promovendo recuperação e qualidade de vida para quem enfrenta a dependência da cocaína.

Acesse mais informações em nosso site: spdm.org.br

Fontes consultadas

  • Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD): Caderno temático cocaína e crack na população brasileira – Resultados 2023. São Paulo. Unifesp. 2025. Disponível em: https://lenad.uniad.org.br/cadernos-lenad/cocaina_crack_vf_04_300725.pdf

  • SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina. Conteúdos e projetos em saúde mental. Disponível em: https://spdm.org.br

  • PubMed – Cocaína e sintomas psiquiátricos.  Revisão sistemática sobre associação entre uso de cocaína e transtornos psiquiátricos.
    Disponível em: 

https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC181074/

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