Sarampo: como se prevenir?

O sarampo continua sendo uma das doenças infecciosas mais preocupantes no mundo, especialmente pela sua alta capacidade de transmissão. Apesar de ter sido controlado em vários países graças à vacinação em massa, a queda nas coberturas vacinais têm favorecido o reaparecimento de surtos. 

Entender como a doença se manifesta e quais são as formas de prevenção é fundamental para proteger a saúde individual e coletiva.

A principal e mais eficaz maneira de se prevenir contra o sarampo é por meio da vacinação

A vacina é segura e eficaz, e sua aplicação é crucial para evitar casos graves, complicações e óbitos pela doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomendam uma cobertura vacinal de pelo menos 95% da população para prevenir surtos.

Esquema de vacinação e grupos indicados

As vacinas contra o sarampo são oferecidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do país e são gratuitas no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Os critérios de indicação são revisados periodicamente pelo Ministério da Saúde, considerando características clínicas da doença, idade, histórico de sarampo e ocorrência de surtos.

  1. Crianças:

    • A primeira imunização (dose de rotina) ocorre aos 12 meses (1 ano) de idade com a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).
    • A segunda dose é recomendada aos 15 meses de idade, com a vacina tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). As duas doses garantem a imunidade, visto que aproximadamente 15% das crianças vacinadas apenas com a primeira dose não desenvolvem imunidade.
    • Dose Zero (D0): em situações de maior risco devido à circulação do vírus ou surtos, é indicada uma dose extra para crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias. Essa estratégia foi adotada em estados e regiões consideradas mais vulneráveis, como as próximas às fronteiras (Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins), além de municípios de fronteira no Rio Grande do Sul e Regiões Metropolitanas em São Paulo. Mais de 82 mil doses zero já foram aplicadas.

  2. Adolescentes e Adultos:

    • Pessoas de 5 a 29 anos que não foram vacinadas ou têm o esquema vacinal incompleto devem receber ou completar duas doses da vacina tríplice viral, com um intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
    • Adultos de 30 a 49 anos que não foram vacinados devem receber uma dose da vacina tríplice viral.
    • Quem já teve sarampo na infância ou comprova as duas doses da vacina (até 29 anos) ou uma dose (de 30 a 59 anos), não precisa se vacinar novamente. Em caso de dúvida sobre o histórico vacinal, a recomendação é procurar uma unidade de saúde para orientação.

  3. Mulheres Grávidas:

    • A vacina tríplice viral é contraindicada durante a gestação, pois é produzida com o vírus vivo, ainda que atenuado, e a gravidez pode diminuir a imunidade da mulher.
    • Recomenda-se que mulheres que planejam engravidar tomem todas as doses da vacina antes da gestação. Caso não tenham sido vacinadas ou tenham o esquema incompleto, devem receber a vacina no puerpério (após o parto). Mulheres não vacinadas em idade fértil (10 a 49 anos) podem apresentar parto prematuro e o bebê pode nascer com baixo peso.

VEJA TAMBÉM| Caderneta de vacinação: a importância de manter sempre em dia

Tipos de vacinas que protegem contra o Sarampo

A prevenção do sarampo está disponível em diferentes apresentações, e o profissional de saúde aplicará a vacina adequada para cada pessoa, de acordo com a idade ou situação epidemiológica.

  • Dupla viral: protege contra o vírus do sarampo e da rubéola. Pode ser utilizada para bloqueio vacinal em situação de surto.
  • Tríplice viral: protege contra o sarampo, caxumba e rubéola.
  • Tetra viral: protege contra o sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).

Outras medidas de prevenção e controle:

  • Evitar contato: para crianças ainda não vacinadas, é uma prevenção evitar o contato com pessoas que apresentam sintomas de sarampo.
  • Ações de bloqueio: o Ministério da Saúde, em parceria com equipes estaduais e municipais, realiza ações de bloqueio contra o sarampo, rastreamento de contatos e intensificação da vacinação em áreas afetadas por casos importados.
  • Dia D: grandes mobilizações, como o “Dia D contra o sarampo”, são realizadas para reforçar a vacinação em municípios de alto risco e regiões de fronteira.
  • Isolamento de casos: o isolamento domiciliar ou hospitalar de casos confirmados pode diminuir a intensidade dos contágios. Deve-se evitar a frequência a escolas, creches ou qualquer contato com pessoas suscetíveis, até 4 dias após o início do período exantemático.
  • Monitoramento da cobertura vacinal: é fundamental monitorar a cobertura vacinal de rotina em todos os municípios e concentrar esforços nos de alto risco (onde a cobertura é inferior a 95%) para planejar campanhas e outras atividades de imunização.
  • Cooperação internacional: o Brasil também contribui para a prevenção enviando vacinas para países vizinhos, como a Bolívia, que enfrenta surtos, a fim de evitar a reintrodução do vírus.

É importante procurar atendimento médico se aparecerem manchas avermelhadas na pele, mesmo que a pessoa já tenha sido vacinada. 

A vacina é a única maneira de evitar o sarampo, uma doença que pode ser grave e deixar sequelas por toda a vida.

E afinal, o que é o Sarampo?

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, altamente contagiosa, causada por um vírus da família Paramyxoviridae, gênero Morbillivirus. Ele é transmitido principalmente por vias respiratórias, através de gotículas eliminadas quando a pessoa doente tosse, fala ou espirra.

Quais são os sintomas do Sarampo?

Os sintomas do sarampo seguem uma evolução bem característica, que ajuda no diagnóstico clínico. Eles aparecem em fases:

1. Fase inicial (pródromo) – 7 a 14 dias após a infecção

  • Febre alta (geralmente acima de 38,5 °C, podendo chegar a 40 °C).

  • Tosse persistente.

  • Coriza (nariz escorrendo).

  • Conjuntivite (olhos vermelhos e lacrimejando, com sensibilidade à luz).

  • Manchas de Koplik: pequenos pontos brancos com halo avermelhado na mucosa da boca, próximos aos dentes molares (sinal típico do sarampo).

2. Fase exantemática (erupção cutânea)

  • Ocorre 2 a 4 dias após os sintomas iniciais.

  • O exantema (manchas vermelhas) começa no rosto e atrás das orelhas.

  • Rapidamente se espalha para o tronco, braços, pernas e pés.

  • As manchas podem se juntar, formando grandes áreas avermelhadas.

3. Sintomas gerais associados

  • Mal-estar intenso.

  • Diminuição do apetite.

  • Irritabilidade.

  • Cansaço e fraqueza.

4. Complicações possíveis (sobretudo em crianças pequenas e imunossuprimidos)

  • Pneumonia (causa mais comum de morte relacionada ao sarampo).

  • Otite média aguda (infecção no ouvido).

  • Diarreia grave.

  • Encefalite (inflamação no cérebro, podendo causar sequelas neurológicas).

Importância em saúde pública

O sarampo é uma das doenças com maior capacidade de disseminação já registrada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que uma pessoa infectada pode transmitir o vírus para 90% das pessoas suscetíveis ao seu redor.

O sarampo é prevenível e a vacina segue sendo a forma mais eficaz de proteção. Garantir a imunização é essencial não apenas para evitar complicações graves, mas também para impedir a circulação do vírus em nossa comunidade.

A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) atua na gestão de hospitais e serviços de saúde que reforçam a importância da prevenção e da informação de qualidade para toda a população.

Acesse o site da SPDM e conheça mais conteúdos e iniciativas voltadas para a promoção da saúde e do bem-estar coletivo.

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Fontes consultadas

  1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil completa duas semanas sem novos casos de sarampo. [Brasília, DF], 20 ago. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/agosto/brasil-completa-duas-semanas-sem-novos-casos-confirmados-de-sarampo.

  2. SANTA CATARINA. Poder Judiciário. O que é Sarampo?. Florianópolis, [s.d.]. Disponível em: https://www.tjsc.jus.br/web/servidor/dicas-de-saude/-/asset_publisher/0rjJEBzj2Oes/content/o-que-e-sarampo-.

  3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Biblioteca Virtual em Saúde. Organização Mundial da Saúde volta a alertar para o aumento de casos de sarampo em todo o mundo. [Brasília, DF], [s.d.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/organizacao-mundial-da-saude-volta-a-alertar-para-o-aumento-de-casos-de-sarampo-em-todo-o-mundo/.

  4. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Sarampo. [Washington, D.C.], 2025. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/sarampo.

  5. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal da Saúde. Sarampo. São Paulo, 20 ago. 2025. Disponível em: https://prefeitura.sp.gov.br/web/saude/w/vigilancia_em_saude/doencas_e_agravos/sarampo/6289.

  6. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Sarampo. Belo Horizonte, [s.d.]. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/vacinamaisminas-antigo/sarampo/.

  7. PARANÁ. Secretaria da Saúde. Sarampo. Curitiba, [s.d.]. Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Sarampo.

  8. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sarampo. [Brasília, DF], [s.d.]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sarampo.

  9. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Biblioteca Virtual em Saúde. Sarampo: sintomas, prevenção, causas, complicações e tratamento. [Brasília, DF], [s.d.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/sarampo-sintomas-prevencao-causas-complicacoes-e-tratamento/.

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