O Projeto Xingu, programa de extensão da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e do Hospital São Paulo, gerenciado pela SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, celebrou 60 anos de existência com a realização do seminário “Confluências: saúde, cuidado e interculturalidade”. O encontro reuniu mestres, lideranças e especialistas das ciências e medicinas indígenas, além de pesquisadores e profissionais da saúde coletiva, criando um espaço de diálogo que reforçou a importância da produção compartilhada de conhecimento.
Considerado um dos programas de extensão universitária mais antigos do Brasil na área da saúde indígena, o Projeto Xingu construiu ao longo dessas seis décadas uma trajetória marcada por aprendizado, luta e presença contínua nos territórios indígenas, contribuindo para o cuidado em saúde, para a construção da política pública de saúde indígena e para a formação de centenas de profissionais de saúde. A história do projeto é marcada pela construção conjunta com os povos indígenas, ampliando a compreensão sobre o processo saúde-doença sob múltiplas perspectivas.
O seminário trouxe como foco as confluências de saberes, inspiradas no pensamento do intelectual quilombola Nego Bispo. Mesas de debate e rodas de conversa integraram a programação, promovendo reflexões sobre cosmopercepções, cuidado tradicional e o papel das instituições de ensino na defesa do direito à saúde indígena.
Para o coordenador do Ambulatório de Saúde Indígena e referência no projeto, Dr. Douglas Rodrigues, o momento simbolizou mais do que uma comemoração. “Chegar aos 60 anos significa reafirmar o compromisso com os povos indígenas, com o diálogo e com a construção de uma saúde que respeita o território, a cultura e o modo de existir de cada povo”, afirmou.
A celebração reforçou o legado do Projeto Xingu e evidenciou sua relevância na luta por equidade e justiça na atenção à saúde indígena.