Dados recentes do Hospital São Paulo, vinculado à Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e à Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), por meio do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo (PrevFumo), mostram um recorte preocupante: entre 1.327 mulheres atendidas pelo programa entre 2018 e o início de 2025, 40% relataram aborto espontâneo. O PrevFumo também alerta para os riscos do tabagismo na menopausa, tema ainda pouco debatido, mas com impactos relevantes na saúde da mulher.
O cigarro pode antecipar a chegada da menopausa e intensificar seus sintomas. Mulheres fumantes tendem a entrar nesse período de transição hormonal mais cedo do que as não fumantes, o que está associado a um risco aumentado de osteoporose, doenças cardiovasculares e alterações no metabolismo. A queda precoce nos níveis de estrogênio também pode afetar a saúde emocional e sexual, tornando esse mais um ponto de atenção quando se fala em tabagismo feminino.
O alerta vem às vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, e chama atenção para os impactos do tabagismo, especialmente entre mulheres. Só no último ano, o PrevFumo atendeu cerca de 400 pessoas, sendo 66% do público feminino. A maioria das pacientes tem por volta dos 50 anos, alta dependência à nicotina (74%) e histórico de ansiedade (65%) e depressão (51%).
“O cigarro compromete seriamente a saúde da mulher em diversas fases da vida. Quando pensamos em fertilidade, gestação e até menopausa, os riscos se multiplicam. O tabagismo precisa ser tratado como um problema de saúde pública contínuo e não apenas como um hábito pessoal”, afirma a pneumologista Lygia Sampaio, coordenadora do PrevFumo.
Criado em 1988, o PrevFumo oferece tratamento gratuito com acompanhamento de uma equipe multiprofissional formada por pneumologistas, psicólogos, fisioterapeutas e enfermeiros. A cada dois meses, são abertas vagas para cinco novos grupos. O tratamento inclui sessões em grupo com abordagem cognitivo-comportamental, além do suporte medicamentoso fornecido pelo SUS, como adesivos de nicotina e bupropiona.
“Parar de fumar não é apenas largar o cigarro, mas aprender novas formas de enfrentar o cotidiano. O suporte psicológico é essencial para que a pessoa compreenda seus gatilhos e reconstrua sua rotina sem o uso como válvula de escape”, explica a psicóloga Rosangela Vicente.
Sobre o Hospital São Paulo
O Hospital São Paulo é um dos quatro complexos hospitalares mais importantes da cidade de São Paulo e um dos principais centros referenciados do SUS (Sistema Único de Saúde) para formação de médicos, ensino e produção científica.









