Nesta terça-feira (30), foi realizado, em São Paulo, o XIV Seminário Internacional PROTESTE: Impactos da Crise na Saúde e Reflexos para o Consumidor. O evento aconteceu no auditório da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e também contou com o apoio institucional do Instituto Ágora. A Proteste divulgou duas pesquisas, uma quantitativa e outra qualitativa, com o objetivo de verificar se há dificuldade na contratação de planos individuais e se o consumidor tem essa percepção.
Cerca de 100 pessoas estiveram presentes. Participaram da mesa de abertura Maria Inês Dolce, Coordenadora Institucional da Proteste, Cláudio Considera, presidente do Conselho Diretor da Proteste, Pedro Moreira, diretor executivo da Proteste, Regina Parizi, presidente do Instituto Ágora e da Sociedade Brasileira de Bioética, Carlos Garcia, superintendente da SPDM, e André Luiz Lopes Soares, diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, da Secretaria do Consumidor do Ministério da Justiça.
O evento contou com três painéis que abordaram o impacto da crise econômica no sistema de Saúde Suplementar, no SUS, a situação no cenário internacional e as ações necessárias para combater a crise na área da saúde.
O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), José Carlos Abrahão, falou sobre acesso, qualidade e sustentabilidade na área da saúde, além da questão da judicialização, que já se tornou generalizada neste setor. “A judicialização começa quando não se escuta e não há orientação correta. Hoje vejo essa questão não só no profissional que vende o plano de saúde ou no médico, mas em toda a cadeia do setor de saúde”, afirmou.
A pesquisa da Proteste mostrou que mais de 70% dos consumidores com plano de saúde não sabem as diferenças entre plano coletivo e individual, confundindo o plano coletivo com o familiar. Outro dado apresentado foi o de que 64% dos corretores não explicam as diferenças de contratos dos planos para o consumidor, que pode acabar contratando um plano coletivo sem saber do risco de reajuste elevado. Das pessoas que não têm plano de saúde, quase 50% pensam em contratar um novo, mas encontram no preço um dos principais impeditivos. A preocupação com as coberturas do plano, principalmente por aposentados e portadores de doenças pré-existentes, também foi outro ponto citado. Dos entrevistados que tinham plano anteriormente e deixaram de ter, cerca de 80% precisaram de atendimento médico e desses, aproximadamente 85% tiveram que recorrer ao SUS. Outros 31% recorreram a médico particular em consultório médico.
Maria Inês Dolce, Coordenadora Institucional da Proteste, falou sobre a importância do seminário para o atual cenário da saúde no Brasil e afirmou que a instituição é contra a proposta de planos acessíveis do Ministério da Saúde. “Temos que discutir o modelo de regulação que seja possível para o Brasil e também os impactos que isso tem no bolso do consumidor hoje. Esses planos populares que o ministro está propondo não vão resolver o problema da saúde no país porque é tirar o foco da falta de acesso no SUS e jogar para a saúde privada, que sabemos que não pode cumprir com os objetivos de dar qualidade e atendimento à população que hoje tem plano de saúde. O que nós queremos é que os retrocessos não aconteçam, vamos às discussões até para uma reflexão maior e para, se for o caso, fazer novas propostas em cima do que está sendo colocado”.