Muito não sabem, mas a cidade de São Paulo viveu um surto de hepatite A em 2017. Enquanto em 2016 foram registrado 64 casos de hepatite A no município, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, em 2017 foram confirmados 694 casos da doença, quase 11 vezes mais. Desse número, 87% dos casos foram registrados em homens e quase metade (44%) ocorreu com aquisição provável por contato sexual desprotegido.
A hepatite A é uma infecção que pode ser contraída através da ingestão de alimentos ou água contaminados com coliformes fecais ou pelo sexo sem proteção. “A transmissão se dá através do manuseio de alimentos por pessoas sem a higiene adequada das mãos ou por ingestão de água não tratada. Em suma toda e qualquer forma de contato fecal oral pode transmitir o vírus”, explica Rafael Pardo, infectologista do Hospital Municipal Vereador José Storopolli, administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Os principais sintomas da doença são: dores abdominais, febre, dores de cabeça e pelo corpo, icterícia (pele amarela) e, em alguns casos, vômitos, náuseas e diarreia. “O paciente pode evoluir para uma forma grave da doença que é chamada de hepatite aguda fulminante. Nesses casos, pode ser necessário um transplante de fígado”, explica o infectologista.
O tratamento é apenas sintomático já que não há um tratamento específico para o vírus da hepatite A. O paciente recebe medicação para o quadro de dor, febre, dores abdominais e quaisquer outros sintomas.
Prevenção
A prevenção é simples e pode ser feita através da higienização das mãos e dos alimentos e da ingestão de água tratada, além, é claro, do uso de preservativo. Além disso, existe uma vacina para a hepatite A que é fornecida pelo SUS no calendário do Programa Nacional de Imunização (PNI). Ela está disponível para crianças de 15 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias. A população em geral que deseja se vacinar e não faz parte desse grupo, deve recorrer ao setor privado. “Não devem ser vacinados pacientes quem têm alergia à proteína do ovo ou a qualquer componente da vacina, assim como aqueles que já apresentaram alergia a vacinações anteriores”, alerta o médico.
De acordo com o especialista, grande parte dos casos em São Paulo deveu-se à contaminação fecal oral. “Essa transmissão pode ter ocorrido em pacientes que ingeriram bebidas em latas que estiveram colocadas em caixas de gelo com água contaminada ou através de práticas sexuais que envolvem sexo oral e anal sem proteção, por exemplo”, diz Rafael.