O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é amplamente discutido em razão de sua prevalência e impacto na vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Apesar disso, muitas dúvidas cercam suas causas e características, dentre elas, sua influência da genética. Afinal, o TDAH é hereditário? Este artigo aborda as evidências científicas, explora a base genética do transtorno e desmistifica informações equivocadas.
O que é TDAH? Uma visão geral
O TDAH é um transtorno neurodesenvolvimental caracterizado principalmente por sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade. Esses sinais aparecem geralmente na infância e podem persistir na vida adulta. Indivíduos com TDAH têm dificuldade em se concentrar, organizar tarefas e controlar impulsos, o que afeta suas relações pessoais, desempenho escolar e vida profissional.
De acordo com informações da pesquisa publicada na Revista Pesquisa Fapesp, estudos apontam que o TDAH é reconhecido como uma condição complexa, influenciada por fatores biológicos, genéticos e ambientais. Essa visão reforça a necessidade de um diagnóstico abrangente e de tratamentos personalizados, que podem incluir intervenções medicamentosas e comportamentais. A abordagem multidisciplinar é essencial para mitigar os impactos do transtorno na qualidade de vida dos pacientes.
TDAH e hereditariedade: o que dizem os estudos?
A genética desempenha um papel significativo no desenvolvimento do TDAH. Pesquisas apontam que a hereditariedade do transtorno pode chegar a até 80%, o que o torna uma das condições neuropsiquiátricas mais hereditárias. Segundo um estudo publicado pelo UOL, foram identificados 27 pontos no genoma humano que estão diretamente associados ao risco aumentado de TDAH. Esses marcadores genéticos ajudam a explicar por que o transtorno frequentemente ocorre em várias gerações de uma mesma família.

Outras pesquisas, como um estudo de associação genômica ampla (GWAS, na sigla em inglês), indicam que genes específicos relacionados ao sistema nervoso central desempenham papéis importantes no desenvolvimento do TDAH. Essas descobertas corroboram a ideia de que a base genética é essencial para entender o transtorno e direcionar novas abordagens terapêuticas.
Além disso, de acordo com tese defendida na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, a interação entre predisposição genética e fatores ambientais pode influenciar a expressão do transtorno. Isso significa que, mesmo com uma predisposição hereditária, o ambiente em que o indivíduo cresce e vive pode atenuar ou agravar os sintomas do TDAH.
Mitos e verdades sobre a origem do TDAH
Mito 1: “O TDAH não é uma condição real”
Esse mito desconsidera décadas de estudos científicos que comprovam a existência do TDAH como um transtorno reconhecido. De acordo com o Instituto NeuroSaber, o TDAH está presente em manuais diagnósticos, como o DSM-5, e é respaldado por evidências científicas robustas. Sua classificação como uma condição neuropsiquiátrica demonstra que ele não é “invenção”, mas uma condição que exige cuidados específicos.
Mito 2: “O TDAH é causado apenas por falta de disciplina”
A crença de que o TDAH decorre apenas de maus hábitos ou falta de regras é equivocada. Estudos apontam que a genética tem papel fundamental na origem do transtorno. No entanto, fatores ambientais, como exposição a estresse ou substâncias tóxicas durante a gestação, podem agravar os sintomas em pessoas predispostas geneticamente.
Mito 3: “O TDAH é causado pelo consumo de açúcar”
Muitas pessoas acreditam que uma dieta rica em açúcar pode causar ou agravar o TDAH, mas isso é um mito. Pesquisas científicas, como as apresentadas pelo Instituto NeuroSaber (citadas acima), mostram que não há evidências suficientes para estabelecer essa relação. O consumo excessivo de açúcar pode causar hiperatividade temporária em qualquer pessoa, mas não é responsável pelo desenvolvimento do transtorno.
Verdade 1: “O TDAH tem uma forte base genética”
Segundo estudo publicado na National Library of Medicine supracitado, há evidências genéticas indicando que o TDAH é uma condição hereditária. No entanto, os genes não atuam isoladamente. Fatores como suporte familiar e intervenções precoces podem fazer grande diferença no prognóstico.
Verdade 2: “O TDAH não se limita à infância”
O TDAH não afeta apenas crianças. De acordo com o mesmo estudo da revista Frontiers in Psychiatry, aproximadamente 60% dos casos diagnosticados na infância continuam a apresentar sintomas na vida adulta. Esses sintomas podem se manifestar de forma diferente, afetando a organização, a gestão do tempo e os relacionamentos.
Verdade 3: “TDAH é tratado com uma combinação de terapias”
O tratamento do TDAH geralmente envolve uma abordagem integrada, que pode incluir medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida. Segundo informações da Revista Pesquisa Fapesp, citada acima, os medicamentos ajudam a regular as funções cerebrais, enquanto a terapia comportamental ensina estratégias práticas para lidar com os sintomas.
Genética, cérebro e TDAH: o que a ciência revela?
Pesquisas recentes também exploram como o TDAH afeta a estrutura do cérebro. Um estudo da revista Nature Neuroscience revelou que alterações no córtex cerebral estão associadas a indivíduos com TDAH. Essas mudanças incluem diferenças no volume e na espessura cortical, o que pode impactar funções cognitivas e comportamentais.

Além disso, o estudo publicado na revista Cell já citado acima identificou regiões genômicas que influenciam diretamente o risco de desenvolver o transtorno. Essas descobertas são fundamentais para compreender as bases biológicas do TDAH e criar estratégias terapêuticas mais eficazes.
Essas evidências reforçam que o TDAH não é causado por fatores externos isolados, mas está profundamente enraizado em mecanismos genéticos e neurológicos. A combinação dessas descobertas permite avançar na personalização do tratamento, levando em conta as características genéticas de cada indivíduo.
TDAH: a influência do ambiente e a interação com a genética
Embora a genética tenha um papel significativo no TDAH, os fatores ambientais também são relevantes. Estudos apontam que o ambiente em que a pessoa vive pode modular os efeitos dos genes. Por exemplo, a exposição ao álcool, tabaco ou outras substâncias durante a gestação pode aumentar os riscos de desenvolvimento do transtorno em crianças predispostas geneticamente.
De acordo com uma publicação na Nature, essa interação entre genes e ambiente é chamada de epigenética. Ela explica como o ambiente pode ativar ou silenciar certos genes, impactando o desenvolvimento do TDAH. Isso reforça a importância de um ambiente saudável, especialmente nos primeiros anos de vida.
Diagnóstico e tratamento: como a genética impacta na abordagem clínica?
O conhecimento genético sobre o TDAH também tem influenciado o diagnóstico e o tratamento da condição. De acordo com o estudo já citado acima publicado na Revista Pesquisa Fapesp, os avanços na compreensão da base genética podem levar à identificação de biomarcadores que ajudam no diagnóstico precoce e na personalização de tratamentos.
Além disso, pesquisadores destacam que, no futuro, será possível desenvolver terapias direcionadas para abordar as características genéticas específicas de cada paciente. Isso pode incluir medicamentos mais eficazes e menos propensos a causar efeitos colaterais.
É essencial, no entanto, que os médicos combinem as informações genéticas com uma análise clínica detalhada. Apenas assim será possível oferecer um tratamento completo e adequado às necessidades do paciente.
Conclusão
O TDAH é um transtorno altamente hereditário, com evidências científicas que confirmam o papel significativo da genética em sua origem. Apesar disso, fatores ambientais também desempenham um papel importante, modulando os sintomas e influenciando o desenvolvimento da condição.
A resposta à pergunta “TDAH é hereditário?” é clara: sim, o transtorno tem uma base genética relevante. No entanto, seu desenvolvimento é complexo e depende de uma interação entre genes e ambiente. Avanços científicos continuarão a trazer novas perspectivas, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes.
Para desmistificar o TDAH e promover a conscientização, é essencial compartilhar informações baseadas em evidências, como as apresentadas neste artigo.
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