O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. No Brasil, ele representa um dos maiores desafios da saúde pública, afetando milhares de pessoas todos os anos, muitas delas em idade produtiva.
Apesar de seu impacto, o AVC é uma condição que pode ser prevenida, identificada precocemente e tratada com sucesso, desde que a população reconheça seus sinais de alerta e adote hábitos saudáveis que protegem o cérebro.
O que é o AVC e quais são seus tipos
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre quando há uma interrupção ou redução do fluxo sanguíneo no cérebro, impedindo que as células nervosas recebam oxigênio e nutrientes. Quando isso acontece, as células cerebrais começam a morrer em poucos minutos, o que exige atendimento médico imediato.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o AVC em dois tipos principais:
- AVC Isquêmico: ocorre quando há obstrução de uma artéria cerebral por um coágulo. É o tipo mais comum, responsável por cerca de 85% dos casos.
- AVC Hemorrágico: acontece quando há rompimento de um vaso sanguíneo dentro do cérebro, causando sangramento e compressão das estruturas cerebrais.
Em ambos os casos, o tempo é o fator mais crítico. O atendimento rápido pode reduzir sequelas e salvar vidas.
Você sabia?
De acordo com o Ministério da Saúde (2024), o AVC é responsável por cerca de 100 mil mortes por ano no Brasil, e estima-se que uma pessoa sofre um AVC a cada cinco minutos no país. No entanto, até 90% dos casos podem ser prevenidos com o controle de fatores de risco.
Principais fatores de risco
O AVC está fortemente relacionado a doenças crônicas e hábitos de vida.
Entre os principais fatores de risco estão:
- Hipertensão arterial: é o maior causador de AVCs no mundo. A pressão alta danifica as artérias cerebrais e facilita o rompimento ou a obstrução dos vasos.
- Diabetes mellitus: altera o metabolismo e favorece o acúmulo de gordura nas artérias.
- Colesterol alto: contribui para o entupimento dos vasos sanguíneos (aterosclerose).
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool: aceleram o envelhecimento vascular e aumentam a pressão arterial.
- Sedentarismo e má alimentação: elevam o risco de obesidade, diabetes e hipertensão.
- Estresse e privação de sono: afetam o equilíbrio hormonal e cardiovascular.
- Histórico familiar e idade avançada: fatores biológicos que exigem atenção redobrada.
O controle desses fatores é fundamental para evitar não apenas o AVC, mas também outras doenças cardiovasculares.
Como identificar os sinais de alerta
O reconhecimento rápido dos sintomas é essencial para garantir um atendimento eficaz.
O Ministério da Saúde recomenda o uso da sigla SAMU como forma de memorização dos principais sinais de alerta:
- S – Sorriso: peça para a pessoa sorrir; se um dos lados da boca ficar torto, é sinal de alerta.
- A – Abraço: solicite que levante os dois braços; a dificuldade em erguer um deles indica fraqueza muscular.
- M – Mensagem: peça para repetir uma frase simples; se houver dificuldade na fala, pode ser AVC.
- U – Urgência: aja rápido! Leve a pessoa imediatamente a um hospital de referência.
Outros sintomas que também exigem atenção incluem:
- Dormência súbita no rosto, braço ou perna (geralmente de um lado do corpo);
- Visão turva ou perda repentina da visão;
- Dor de cabeça intensa e repentina, sem causa aparente;
- Perda de equilíbrio ou coordenação motora.
Importante:
O atendimento deve ser imediato. O uso de medicamentos trombolíticos, por exemplo, só é eficaz nas primeiras horas após o início dos sintomas. Quanto mais rápido o paciente chegar ao hospital, maiores são as chances de recuperação sem sequelas.
Diagnóstico precoce e o papel da atenção primária
A atenção primária à saúde, garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é a principal porta de entrada para o diagnóstico e o controle dos fatores de risco do AVC.
Por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), a população pode realizar monitoramento da pressão arterial, glicemia e colesterol, além de receber orientações nutricionais e acompanhamento médico contínuo.
Essas ações de prevenção têm mostrado impacto direto na redução da incidência de AVCs e outras doenças cerebrovasculares.
Além disso, os Centros de Atenção Especializada e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estão preparados para o atendimento rápido e encaminhamento de urgência, garantindo acesso integral e equitativo ao cuidado.
Segundo a Fiocruz (2023), o fortalecimento da atenção primária e das campanhas de conscientização é responsável por uma queda de mais de 35% nas taxas de mortalidade por AVC nas últimas duas décadas no Brasil, um resultado que reflete o poder da prevenção aliada ao sistema público de saúde.
Hábitos que ajudam a proteger o cérebro
A prevenção do AVC está diretamente ligada às escolhas cotidianas.
Pequenas mudanças de comportamento têm grande impacto na saúde cerebral:
- Manter a pressão arterial controlada;
- Praticar atividades físicas regularmente (ao menos 150 minutos semanais);
- Adotar uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e grãos integrais;
- Evitar o tabaco e o consumo excessivo de álcool;
- Controlar o estresse e garantir horas adequadas de sono;
- Realizar check-ups periódicos e seguir as orientações médicas.
Essas atitudes reduzem a inflamação vascular, melhoram a circulação sanguínea e fortalecem o sistema nervoso.
O papel da SPDM na prevenção e no cuidado contínuo
A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) atua há mais de 90 anos na gestão de serviços públicos de saúde, desenvolvendo programas e campanhas voltados à prevenção de doenças cerebrovasculares e à promoção da saúde cardiovascular.
Nas unidades sob sua administração, a SPDM realiza ações de educação em saúde, triagem preventiva e acompanhamento de pacientes com hipertensão, diabetes e outras comorbidades, condições diretamente associadas ao risco de AVC.
Essas iniciativas integram a estratégia de cuidado contínuo, que visa não apenas tratar, mas prevenir e reduzir a reincidência de eventos cerebrovasculares.
Entre as ações de destaque estão:
- Campanhas de conscientização em parceria com Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde;
- Capacitação de profissionais de saúde para o reconhecimento rápido dos sintomas e encaminhamento adequado;
- Atendimento multiprofissional com foco na reabilitação e reintegração social de pacientes pós-AVC;
- Incentivo à adoção de hábitos saudáveis, fortalecendo a cultura da prevenção nas comunidades.
Essas iniciativas traduzem o compromisso permanente da SPDM em promover informação, cuidado e acolhimento, pilares fundamentais de uma saúde pública humanizada e eficaz.
O AVC pode ser prevenido e suas consequências minimizadas quando há informação, vigilância e acesso rápido ao atendimento.
Identificar os sinais de alerta, manter hábitos saudáveis e controlar doenças crônicas são passos essenciais para proteger o cérebro e preservar a qualidade de vida.
A SPDM reafirma seu compromisso com a promoção da saúde e a prevenção de doenças, atuando de forma integrada ao SUS para levar conhecimento, atendimento de qualidade e esperança a milhares de pessoas em todo o país.
Cuidar do coração e do cérebro é cuidar do futuro.
E prevenir o AVC é um ato de responsabilidade coletiva.
Fontes consultadas
- Ministério da Saúde (MS). Dia Mundial de Combate ao AVC – Dados e orientações 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/29-10-dia-mundial-do-avc-acidente-vascular-cerebral/
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Doenças cardiovasculares https://www.who.int/health-topics/cardiovascular-diseases#tab=tab_1
- Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS Brasil). Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/doencas-cardiovasculares
- Cliamesaude Acidente vascular cerebral (AVC) Disponível em:
https://climaesaude.icict.fiocruz.br/acidente-vascular-cerebral-avc
- SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina. Programas de prevenção e promoção da saúde cardiovascular. https://spdm.org.br









