Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Copenhague, com mais de 7 milhões de pessoas na Dinamarca, apontou que o uso de cannabis pode aumentar em até quatro vezes o risco de desenvolvimento de esquizofrenia. De 1995 a 2010, a incidência de casos da doença no país subiu de 2% para 6% a 8% da população, ao mesmo tempo em que se elevou o uso pesado e frequente da maconha.
O estudo é considerado o maior já feito sobre a droga e foi publicado na respeitada revista JAMA Psychiatry, analisando os dados obtidos em bases de departamentos médicos e psiquiátricos de 7.186.834 dinamarqueses, que completaram 16 anos de idade em algum momento entre 1° de janeiro de 1972 e 31 de dezembro de 2016, sendo 50% mulheres e 50% homens. Foram analisados todos os fatores de risco para o desenvolvimento da esquizofrenia, sendo detectado que o uso de cannabis para automedicação como causa foi quatro vezes maior, na comparação com pessoas com o transtorno relacionado a outros motivos, que permaneceram estáveis.
Foram vários os fatores responsáveis pelo aumento do uso de maconha. Um deles são as tentativas de autocontrole de sintomas inespecíficos, como alterações no sono, humor deprimido, isolamento, ansiedade e hiperatividade. Através dos dados obtidos do uso da maconha como forma de automedicação, o estudo descobriu ainda que a psicose induzida por cannabis está associada ao início tardio da esquizofrenia.
“Além disso, as evidências experimentais sugerem fortemente que a cannabis, mesmo em doses relativamente baixas, causa sintomas semelhantes aos psicóticos em indivíduos saudáveis. Cabe lembrar também que, com o passar dos anos, a maconha tornou-se ainda mais potente, apresentando uma concentração maior de THC, o princípio ativo da droga, que passou de 0,3% na década de 60 para, em média, 10% nos dias de hoje”, afirma o psiquiatra especialista em dependência química Ronaldo Laranjeira, diretor da UNIAD e presidente da SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.