Na UBS Vila Gumercindo, gerenciada pela SPDM/PAIS – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina/Programa de Atenção Integral à Saúde, um projeto tem feito a diferença na vida de crianças e pré-adolescentes que enfrentam desafios no desenvolvimento cognitivo e de atenção. O grupo “Imaginart”, conduzido por uma equipe multidisciplinar formada por pediatra, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga, foi criado a partir das demandas recorrentes nos atendimentos individuais. A iniciativa surgiu da necessidade de oferecer um cuidado mais integrado, com atividades em grupo que favorecessem a socialização, o estímulo cognitivo e motor, além de fortalecer a comunicação.
“O objetivo do grupo é fazer com que, através das brincadeiras do lúdico, eles possam se expressar mesmo, conviver em sociedade, trazer autonomia para eles. Acho que a autonomia é super importante também, tanto para se expressar quanto para resolver suas questões”, afirma Paula Virginia Nogueira de Aguiar, fonoaudióloga do grupo.
O grupo, que é fixo e se reúne todas as sextas-feiras às 9h, conta atualmente com cerca de 10 crianças em acompanhamento contínuo. Durante os encontros, são propostas atividades lúdicas e estruturadas que trabalham desde a atenção e a organização do pensamento até habilidades sociais fundamentais, como a partilha e o respeito ao outro. Sentados em roda, os pequenos aprendem de modo acolhedor e criativo a materializar e quantificar objetos relacionados com o dia a dia, e entender suas funções na sociedade.
“A gente busca sempre utilizar as atividades lúdicas como forma de aprendizado, de regras sociais, de criatividade, de lógica, da espera, do comportamento em grupo, do comportamento individual e a gente tem tido um feedback muito bom das próprias crianças que também constroem com a gente rotineiramente, que sempre dão pitaco, querem se envolver em tudo”, declara Lara Rosan, Terapeuta Ocupacional do grupo.
A ação tem tido resultados para celebrar: uma das crianças que iniciou o grupo com dificuldade de articulação de fonemas já apresenta avanços significativos na fala após apenas quatro meses de participação. Também se observou uma melhora expressiva na compreensão de cálculos simples. Anteriormente, 70% do grupo não conseguiam acompanhar esse tipo de atividade. Hoje, com estímulo direcionado, muitos já compreendem a utilidade dos números em sua rotina.
Além do progresso no aprendizado, a equipe tem notado benefícios emocionais e sociais: melhora da sociabilização, estabilidade de humor e maior autonomia e evolução na comunicação. Mesmo entre os 30% do grupo que apresentam comorbidades mais complexas, os ganhos em qualidade de vida e integração têm sido notáveis.