Verão é sinônimo de muito calor, diversão, piscina, praia e suor. Mas cuidado, nem tudo é diversão: os cuidados com a saúde não podem ser negligenciados.
As temperaturas mais altas e a umidade são o paraíso dos fungos, causadores de micoses nas dobrinhas e partes mais escondidas do corpo, como o meio dos dedos dos pés, virilha e couro cabeludo. É que esses são lugares que geralmente não secamos direito após o banho, e no caso dos pés, que passam o dia dentro de sapatos quentes.
“A micose é transmitida por vários tipos de fungos presentes principalmente no solo, por isso é comum nos pés, mas não ocorre só lá”, explica Camila Kallaur, dermatologista do Ambulatório Médico Especialidades (AME) de São Jose dos Campos.
A micose pode ser superficial, quando afeta pele e unha, ou profunda, quando afeta outros órgãos. O fungo causador gosta de locais quentes, e não perdoa nem o couro cabeludo, local em que pode piorar um quadro de dermatite seborréica, a famosa caspa.
A frieira é um tipo comum de micose, que afeta principalmente os meios dos dedos dos pés, causando vermelhidão, descamação e coceira. Nas unhas, causa “esfarelamento” e alteração de cor.
O tratamento pode ser simples, com cremes, loções e talcos antifúngicos que um médico pode prescrever, mas quando afeta as unhas, ou em casos mais extensos, pode precisar de medicação oral e demorar até dois ou três anos para curar. “Seguir o tratamento de forma correta é muito importante. Pode até ser cansativo ficar tanto tempo medicando, mas do contrário, o fungo pode ficar mais forte e o tratamento durar mais”, alerta a dermatologista.
Outro inconveniente da micose é que ela é transmissível, embora não facilmente como uma gripe. “É preciso um contato prolongado e rotineiro, como dividir sempre os calçados para que seja contagioso, e estudos indicam que até mesmo o pincel de esmaltes compartilhado seja um risco”, alerta Camila Kallaur.
Apesar de não apresentar grandes complicações por si só, em associações com outras doenças, a micose pode levar à quadros graves, como em portadores de diabetes ou doenças. “É uma porta de entrada para outros microorganismos, como bactérias, levando à eripsela”, explica a dermatologista.
Para não deixar a micose estragar o verão, é melhor começar a ver onde pisa descalço. Solos molhados e contaminados, como bordas de piscina, pisos de vestiários, clubes e banheiros públicos, requerem chinelos.
A dermatologista Camila Kallaur lista algumas dicas para se proteger e evitar as frieiras:
– Higiene é prevenção para muitas doenças, e também para micoses. Lave bem, com água e sabão, as regiões mais escondidas em dobrinhas, como a virilha e os dedos dos pés, e depois seque bem direitinho, porque é na umidade que o fungo se prolifera.
– Na manicure, leve sempre seu alicate e outros objetos, inclusive esmalte. “O processo de esterilização nos salões geralmente é suficiente para evitar o fungo, mas precisa de regulação e testes mensais que por vezes não são feitos, o que pode deixar o processo falho”, alerta a dermatologista. Sobre os cuidados com seus objetos pessoais, ela completa: “basta lavar com água e sabão, e deixar de molho em álcool 70 graus por dez minutos. Esse procedimento é importante para evitar o autocontágio, que além de afetar partes ainda sãs, pode prejudicar o processo de cura”, explica.
– Não andar descalço e evitar os mesmos sapatos, com forros e muito fechados. Após uso prolongado, deixe os sapatos descansando em área arejada, principalmente ao sol.
– Não compartilhar calçados.
– Manter as unhas bem cortadas e evitar que elas encravem.
– Usar desodorantes e talcos específicos para os pés regularmente.