A disforia é um estado emocional caracterizado por uma sensação intensa e duradoura de desconforto, irritação ou insatisfação.
Diferente de uma tristeza passageira, ela compromete o bem-estar e a estabilidade emocional de forma mais profunda. Pode estar relacionada a transtornos psicológicos, como depressão, ansiedade e transtornos de identidade.
Suas causas são diversas, incluindo fatores hormonais, neurológicos, ambientais e emocionais.
É fundamental buscar um diagnóstico profissional para entender a origem e iniciar o tratamento adequado.
Principais causas da disforia
A disforia pode ter diversas origens, que variam de fatores biológicos a vivências emocionais intensas. Entender suas causas é essencial para identificar os gatilhos e buscar o tratamento mais eficaz.
Muitas vezes, esses fatores se combinam e potencializam o sofrimento emocional.
Abaixo, veja as principais causas que podem estar por trás desse estado psicológico.
Conheça as causas:
Alterações neuroquímicas
Desequilíbrios em neurotransmissores como a serotonina podem afetar o humor de forma significativa.
- Distúrbios hormonais
Oscilações hormonais, especialmente em fases como puberdade, TPM (Tensão Pré-menstrual) ou menopausa, podem desencadear sintomas disfóricos.
- Traumas emocionais
Experiências dolorosas não elaboradas, como perdas ou abusos, deixam marcas que influenciam o estado emocional.
- Uso de substâncias psicoativas
Drogas lícitas e ilícitas podem interferir no funcionamento cerebral e provocar oscilações de humor intensas.
- Doenças psiquiátricas pré-existentes
Transtornos como depressão, ansiedade e transtorno bipolar frequentemente incluem episódios de disforia.
- Estresse crônico
A exposição prolongada ao estresse desgasta o equilíbrio emocional e contribui para o surgimento de disforia.
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Como identificar os sintomas da disforia
Identificar os sintomas da disforia é fundamental para buscar ajuda e evitar que o quadro se agrave.
Esse estado emocional vai além de uma simples tristeza e pode comprometer diversas áreas da vida.
Muitas vezes, os sinais aparecem de forma silenciosa e são confundidos com cansaço ou estresse.
Estar atento aos indícios ajuda no diagnóstico precoce e no início do tratamento adequado.
Os sintomas são:
- Tristeza ou irritação constante sem causa aparente
O humor permanece alterado mesmo sem um motivo claro ou identificável.
- Sensação de desconexão com o corpo ou a realidade
A pessoa pode se sentir deslocada, como se não pertencesse a si mesma ou ao ambiente.
Mudanças no apetite, no sono e na energia
Há oscilações visíveis na rotina, como insônia, fadiga constante ou falta de vontade de comer.
- Dificuldade de concentração e sensação de vazio
Tarefas simples tornam-se difíceis, acompanhadas de um sentimento persistente de que algo está faltando.
- Isolamento social e demonstrações de angústia
A pessoa tende a se afastar de amigos e familiares, demonstrando sofrimento mesmo sem verbalizar.
Relação entre disforia e transtornos mentais
A disforia está frequentemente associada a transtornos mentais como depressão e ansiedade, intensificando o sofrimento psíquico.
Essa relação exige atenção clínica, pois o impacto emocional pode comprometer diversas áreas da vida da pessoa.
Disforia de gênero e suas especificidades
A disforia de gênero é uma condição em que a pessoa sente um desconforto profundo e persistente em relação ao sexo biológico que lhe foi atribuído ao nascer, pois esse não corresponde à sua identidade de gênero.
É importante diferenciar disforia de gênero de identidade de gênero: enquanto identidade de gênero se refere à forma como a pessoa se reconhece e se sente, homem, mulher, ambos ou nenhum, a disforia envolve o sofrimento emocional causado por essa incongruência.
Nem toda pessoa trans ou não binária experimenta disforia de gênero, mas quando ela está presente, pode ser bastante debilitante e exige atenção cuidadosa.
Os impactos psicológicos da disforia de gênero são amplificados pela não aceitação social, discriminação e rejeição familiar.
O preconceito, a invisibilidade e a falta de representatividade geram sentimentos de solidão, medo e insegurança.
Muitas pessoas em situação de disforia enfrentam ansiedade, depressão, baixa autoestima e risco aumentado de automutilação e suicídio, especialmente quando não têm apoio.
Por isso, o acompanhamento terapêutico adequado é fundamental para ajudar a pessoa a compreender sua identidade, lidar com o sofrimento emocional e desenvolver estratégias de enfrentamento.
Psicólogos e profissionais de saúde mental capacitados para acolher questões de gênero são essenciais nesse processo.
O apoio psicológico também contribui para o fortalecimento da autoestima e para a tomada de decisões conscientes sobre possíveis transições sociais, hormonais ou cirúrgicas, respeitando sempre o tempo e o desejo da pessoa atendida.
Disforia em quadros de depressão e ansiedade
A disforia pode se manifestar de forma intensa em pessoas que já enfrentam transtornos como depressão e ansiedade, potencializando o sofrimento psíquico.
Nesses casos, a disforia se apresenta como uma sensação profunda de insatisfação, desconforto com o próprio corpo, instabilidade emocional e falta de sentido.
A pessoa pode relatar angústia constante, irritabilidade, autocrítica excessiva e uma sensação de inadequação que parece não ter explicação concreta.
Alguns sinais de alerta indicam que o quadro pode estar se agravando: isolamento social, choro frequente, pensamentos autodepreciativos, distúrbios no sono e na alimentação, e ideias suicidas.
A combinação entre disforia e transtornos como depressão pode fazer com que a pessoa perca o interesse pelas atividades diárias e pela vida em geral.
É importante observar mudanças bruscas de comportamento e alterações emocionais que durem mais de duas semanas.
Diante desse cenário, algumas ações recomendadas incluem o início imediato de acompanhamento psicológico e psiquiátrico, com profissionais preparados para lidar com o sofrimento relacionado à identidade e autoestima.
Técnicas terapêuticas focadas na autocompaixão, na regulação emocional e na ressignificação da autoimagem são muito eficazes.
Além disso, o acolhimento por parte da rede de apoio (amigos, familiares e comunidade) é essencial para reduzir o sofrimento e fortalecer a sensação de pertencimento e valor pessoal.
Tratamentos e caminhos para o bem-estar
A busca pelo bem-estar emocional exige atenção, escuta e cuidado profissional. O tratamento da disforia e de outros sofrimentos psíquicos precisa ser abrangente e personalizado.
Diversas abordagens podem ser combinadas para promover uma vida mais equilibrada e saudável.
Tratamento / Caminho | Descrição |
Terapia com profissionais da saúde mental | Psicólogos e psiquiatras ajudam a identificar causas, sintomas e estratégias de enfrentamento. |
Uso de medicação adequada, quando necessário | Antidepressivos ou ansiolíticos podem ser prescritos para alívio dos sintomas, sempre com orientação médica. |
Mudanças de hábitos e atividades de bem-estar | Alimentação equilibrada, exercícios físicos, meditação e hobbies fortalecem a saúde mental. |
Apoio de amigos, familiares e grupos de escuta | Relações acolhedoras oferecem suporte emocional e reduzem a sensação de solidão. |
Importância de um plano de tratamento individualizado | Cada pessoa tem necessidades únicas, e o cuidado deve respeitar seu tempo e história. |
Onde encontrar acolhimento especializado e seguro
Lidar com disforia emocional exige não apenas escuta sensível, mas um cuidado verdadeiramente qualificado.
Procure locais que aliem estrutura, empatia e profissionais preparados para atender com responsabilidade.
A SPDM, que gerencia hospitais e unidades de saúde por todo o país, oferece atendimento completo e humanizado em saúde mental, se você ou alguém próximo precisar de apoio, busque uma das unidades sob sua gestão e encontre um cuidado acolhedor, efetivo e comprometido com o bem-estar.
Leia mais: Como as redes sociais afetam a saúde mental?
Compreender a disforia é o primeiro passo para enfrentá-la. Ela não deve ser ignorada nem subestimada.
Buscar suporte pode transformar o sofrimento em oportunidade de recuperação e fortalecimento emocional.
Perguntas frequentes
Disforia pode surgir de forma repentina?
Sim, em alguns casos, os sintomas aparecem de forma abrupta. Mudanças hormonais, traumas ou uso de substâncias podem desencadear.
É essencial investigar as causas com um profissional de saúde mental.
Disforia afeta o rendimento no trabalho ou estudos?
Sim, a dificuldade de foco e desmotivação são comuns. Isso pode gerar prejuízos no desempenho e na autoestima.
Buscar acompanhamento ajuda a recuperar o equilíbrio funcional.
Existe diferença entre disforia e crise emocional?
Sim, a disforia é mais persistente e profunda. Crises são mais pontuais e geralmente têm gatilhos específicos.
Ambas merecem atenção, mas o tratamento pode ser diferente.
Dr. Elson Asevedo – Psiquiatra, Diretor Técnico do CAISM Vila Mariana