A obesidade é uma condição crônica, marcada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que gera impactos diretos na saúde.
Mais do que peso, ela provoca inflamações, alterações hormonais e sobrecarga metabólica, aumentando o risco de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardíacos, esteatose hepática, apneia do sono e osteoartrite.
A gordura, especialmente a visceral, atua como um órgão inflamatório, desregulando hormônios da fome e da saciedade, afetando vasos sanguíneos e prejudicando o equilíbrio do organismo.
O lado positivo: mudanças simples na rotina são capazes de reduzir significativamente esses riscos, promovendo saúde e bem-estar a longo prazo.
Mecanismos fisiopatológicos da obesidade
Quando há excesso de gordura no corpo, especialmente a gordura visceral (aquela que se acumula ao redor dos órgãos), ela deixa de ser apenas um estoque de energia e passa a agir como um órgão ativo, liberando substâncias inflamatórias, como TNF-α e IL-6, que dificultam a ação da insulina.
Esse desequilíbrio também interfere nos hormônios que regulam a fome e a saciedade, como a leptina e a grelina, tornando mais difícil controlar o apetite e o gasto de energia.
Além disso, o excesso de peso pode afetar os vasos sanguíneos, aumentar o estresse oxidativo e favorecer o acúmulo de placas de gordura nas artérias, o que eleva o risco de doenças cardiovasculares.
Com o tempo, a carga extra sobre as articulações e o sistema respiratório compromete a mobilidade e até a respiração, tornando tarefas simples mais cansativas e difíceis.
É importante ressaltar que existem diversas doenças que são associadas à obesidade.
Principais doenças associadas à obesidade
Diversas doenças crônicas são mais prevalentes em pessoas obesas devido aos mecanismos fisiopatológicos que mencionamos.
A seguir, as mais comuns e seus principais mecanismos patogênicos:
Doenças associadas e mecanismos envolvidos
Doença | Mecanismo principal |
Doença cardiovascular | Aterosclerose acelerada, hipertensão e disfunção endotelial |
Diabetes mellitus tipo 2 | Resistência à insulina e disfunção das células β |
Hipertensão arterial | Aumento do débito cardíaco e resistência vascular |
Apneia obstrutiva do sono | Redução do espaço aéreo superior e fadiga diafragmática |
Esteatose hepática não alcoólica | Acúmulo de lipídios no fígado e inflamação hepática |
Osteoartrite | Sobrecarga mecânica articular e inflamação crônica |
Acidente Vascular Cerebral (AVC) | Hipertensão e hipercoagulabilidade plasmática |
Em suma, tratam-se de condições graves, e é fundamental reconhecer sua seriedade e entender a extensão de cada uma delas.
Doença cardiovascular
Pessoas com obesidade têm até o dobro de chances de desenvolver problemas no coração e na circulação.
A pressão alta, muito comum nesses casos, força demais as artérias e acelera o desgaste dos vasos, abrindo caminho para doenças como a aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes das artérias).
Com o tempo, o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos aumenta consideravelmente o risco de infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral) ,complicações graves, mas que podem ser prevenidas com cuidado e acompanhamento médico.
Diabetes mellitus tipo 2
A obesidade é um dos principais fatores que levam à resistência insulínica, ou seja, o corpo precisa produzir cada vez mais insulina para manter a glicose sob controle.
Com o tempo, o pâncreas se esforça tanto que as células responsáveis por essa produção começam a se desgastar, o que leva ao aumento constante do açúcar no sangue.
O diabetes tipo 2, quando não tratado, pode afetar os nervos, os rins e a visão. Por isso, é fundamental identificar os sinais cedo e buscar acompanhamento adequado.
Hipertensão arterial
O excesso de peso faz com que o corpo precise bombear mais sangue, o que aumenta a pressão nas artérias e força o coração a trabalhar mais.
Com o tempo, essa sobrecarga constante nos vasos e no músculo cardíaco pode causar danos sérios, como insuficiência cardíaca.
Se a pressão alta não for controlada, o risco de um acidente vascular cerebral (AVC) também cresce de forma preocupante.
Apneia obstrutiva do sono
O acúmulo de gordura na região do pescoço e nas vias aéreas pode dificultar a passagem do ar durante o sono, levando a interrupções respiratórias repetidas ao longo da noite.
Essas pausas na respiração causam falta de oxigênio, sono fragmentado e, como consequência, muito cansaço durante o dia.
Estima-se que mais da metade das pessoas com obesidade moderada sofrem, mesmo sem saber, de algum grau de apneia do sono, um distúrbio que pode afetar seriamente a saúde e a qualidade de vida.
Esteatose hepática não alcoólica
O acúmulo de gordura no fígado é uma complicação comum em pessoas com obesidade. Quando essa gordura se deposita de forma excessiva, caracteriza-se um quadro conhecido como esteatose hepática não alcoólica.
Esse acúmulo compromete o funcionamento do órgão, podendo gerar processos inflamatórios silenciosos e, com o tempo, favorecer o desenvolvimento de fibrose hepática, um processo de formação de cicatrizes no tecido do fígado.
Sem o devido controle, a esteatose pode evoluir para quadros mais graves, como esteato-hepatite, que já envolve inflamação e lesão hepática, e, em casos avançados, pode progredir para cirrose.
A boa notícia é que, na maioria dos casos, mudanças no estilo de vida são capazes de reverter o quadro nas fases iniciais, prevenindo complicações mais sérias.
Osteoartrite
O sobrepeso coloca uma carga extra sobre as articulações, principalmente nos joelhos e quadris, que são fundamentais para o nosso movimento diário.
Com o tempo, essa pressão constante desgasta a cartilagem que protege as articulações e causa inflamações dolorosas, dificultando até mesmo atividades simples, como caminhar ou subir escadas.
Em pessoas com obesidade, a osteoartrite costuma avançar mais rápido e com sintomas mais intensos, exigindo atenção e cuidado desde os primeiros sinais.
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Prevenção com mudanças simples no dia a dia
Pequenas alterações no estilo de vida têm impacto significativo na redução de risco.
A adoção gradual de hábitos saudáveis favorece a adesão e resultados a longo prazo.
Intervenções diárias e benefícios esperados
Mudança simples | Benefícios principais |
Caminhada de 30 minutos por dia | Aumenta sensibilidade à insulina e fortalece o coração |
Consumo de frutas e verduras | Melhora perfil lipídico e oferta de fibras |
Redução de bebidas açucaradas | Controla calorias vazias e estabiliza a glicemia |
Hidratação adequada (1,5–2 L/dia) | Auxilia no metabolismo e na saciedade |
Sono regular (7–8 horas por noite) | Regula hormônios da fome e reduz o estresse |
Pausas ativas no trabalho | Combate sedentarismo e melhora a circulação |
Estratégias para manter a motivação
Trace metas pequenas, semana a semana , nada fora da realidade, mas que te façam sentir progresso.Anotar o que você come e as atividades que realiza pode ajudar a enxergar o quanto já caminhou, mesmo nos dias difíceis.
Compartilhar seus desafios e conquistas com pessoas queridas ou em comunidades online traz força e incentivo nos momentos de desânimo.
E quando alcançar uma meta, celebre! Escolha formas de se recompensar que façam bem, um passeio, um presente, um tempo só pra você, sem usar a comida como válvula de escape.
Fonte: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9498506/
O papel da SPDM na promoção da saúde comunitária
A SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) desenvolve e oferece programas educativos sobre alimentação saudável e atividades físicas em suas unidades de saúde.
Perguntas Frequentes
Quais doenças estão mais associadas à obesidade?
As principais incluem doença cardiovascular, diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono, esteatose hepática (gordura no fígado), osteoartrite e AVC.
Por que a caminhada diária ajuda a prevenir complicações?
A caminhada diária e a atividade física regular ajudam a prevenir complicações da obesidade porque melhoram a sensibilidade à insulina, reduzem a pressão arterial e fortalecem o sistema cardiovascular.
É necessário seguir uma dieta rigorosa para ver resultados?
Não é necessário seguir uma dieta rigorosa para ver resultados. Mudanças graduais na qualidade nutricional, como aumentar o consumo de fibras e reduzir açúcares, são mais sustentáveis e eficazes a longo prazo.
Como o sono influencia o controle do peso?
O sono adequado é essencial para o controle do peso, pois ele regula a leptina e a grelina, hormônios que controlam a fome e a saciedade. Dormir bem ajuda a reduzir episódios de compulsão alimentar.
Beber mais água pode ajudar na perda de peso?
Sim. A hidratação adequada auxilia no metabolismo, promove sensação de saciedade e auxilia no transporte de nutrientes.
Qual é o papel dos grupos de apoio na mudança de hábitos?
Compartilhar experiências e receber suporte emocional aumenta a adesão a práticas saudáveis e favorece a troca de estratégias eficazes.
Quando devo procurar ajuda médica?
Se você apresenta ganho de peso contínuo, pressão arterial elevada ou sinais de resistência insulínica, procure um médico para avaliação e orientação.