A doença celíaca (DC) é uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten ,frações proteicas presentes no trigo, centeio, cevada, aveia e derivados em indivíduos geneticamente predispostos.
A resposta imune resulta em lesão da mucosa do intestino delgado, atrofiando vilosidades e reduzindo a absorção de nutrientes.
Por vezes, o diagnóstico demora devido à variabilidade de sintomas, que podem ir muito além da simples diarreia.
O reconhecimento precoce é essencial para prevenir complicações como osteoporose, anemia crônica e riscos malignos no trato gastrointestinal.
Prevalência e formas clínicas
No Brasil, estima-se que cerca de 300 000 pessoas sejam afetadas pela DC, com maior incidência na Região Sudeste.
A doença é duas vezes mais comum em mulheres e pode manifestar-se em qualquer fase da vida.
As formas clínicas incluem:
- Clássica: sintomas digestivos intensos nas primeiras fases da vida.
- Não clássica: predominância de manifestações extra-intestinais.
- Latente: paciente em dieta com mucosa normal, mas suscetível a lesões futuras.
- Assintomática: detectada em rastreamento familiar ou sorológico.
Principais sintomas da doença celíaca
Sintoma | Forma Clássica | Forma Não Clássica |
Diarreia ou constipação | Diarreia aquosa com frequência elevada | Pode cursar com constipação crônica |
Anorexia e inapetência | Perda de apetite significativa | Episódios esporádicos de inapetência |
Emagrecimento e déficit de crescimento | Perda de peso acentuada em pediatria | Baixa estatura ou falha de crescimento tardia |
Cólicas e distensão | Dor e distensão abdominal constantes | Desconforto abdominal mais leve |
Irritabilidade e fadiga | Irritabilidade marcada em crianças | Fadiga crônica e cansaço inexplicável |
Anemia ferropriva | Presente em cerca de 50% dos casos | Anemia refratária à ferroterapia oral |
Manifestações extra-intestinais | Rara nesta forma | Artrite, osteoporose, esterilidade |
Como é feito o diagnóstico
- Anamnese e exame físico
- Avaliação de queixas digestivas e extra-digestivas.
- Sorologia específica
- Anticorpos anti-transglutaminase e antiendomísio positivos.
- Biópsia de intestino delgado
- Confirma lesão: vilosidades atrofiadas, atrofia de cristas e incremento de linfócitos intraepiteliais.
Cuidados na introdução da dieta sem glúten
- Educação alimentar da família: envolva todos os membros no aprendizado sobre ingredientes e rotulagem.
- Planejamento de cardápios semanais: organize refeições balanceadas para evitar improvisos contaminados.
- Prevenção de contaminação cruzada: separe utensílios, tábuas e superfícies de preparo para alimentos sem e com glúten.
- Suplementação e monitoramento nutricional: avalie a necessidade de vitaminas e minerais com um profissional.
- Registro de sintomas e evolução clínica: mantenha um diário alimentar e de sintomas para ajustar a dieta.
- Apoio psicológico e grupos de suporte: procure comunidades de celíacos para trocar experiências e manter a motivação.
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Alimentos proibidos na dieta sem glúten
Grupo Alimentar | Exemplos Específicos | Alternativas sem glúten |
Cereais e derivados | Trigo, centeio, cevada, aveia e farinhas | Arroz, milho, quinoa, amaranto |
Pães e massas | Pão francês, macarrão de trigo | Pão de arroz, massa de grão-de-bico |
Biscoitos e bolos | Biscoitos recheados, bolos confeitados | Biscoitos de polvilho, bolos de mandioca |
Cervejas e maltes | Cerveja tradicional, malte de cevada | Cerveja sem glúten, vinhos |
Molhos e empanados | Molho de soja convencional, empanados de trigo | Molho de soja sem glúten, farinhas alternativas |
Qual o próximo passo?
Antes de adotar qualquer mudança drástica na alimentação, confirme o diagnóstico com exames sorológicos e biópsia.
A transição para a dieta sem glúten demanda orientação nutricional especializada para evitar deficiências nutricionais e garantir qualidade de vida.
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A SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina – oferece redes de apoio em nutrição clínica, capacitação de equipes e implementação de protocolos em hospitais e unidades de saúde.
Para acompanhamento de indivíduos com intolerância ao glúten, procure as redes de apoio gerenciadas pela SPDM e tenha acesso a especialistas treinados e materiais de educação alimentar.
Perguntas Frequentes
Quais exames confirmam doença celíaca?
Sorologia para anticorpos antitransglutaminase e biópsia de intestino delgado são essenciais para confirmação.
A aveia é sempre proibida?
Aveia pode conter avenina, similar ao glúten; apenas versões certificadas como “sem glúten” são seguras.
Quais deficiências nutricionais são mais comuns?
Ferro, cálcio, vitaminas D e B12 podem ser reduzidos devido à má absorção.
Sintomas podem surgir em idosos?
Sim, podem aparecer tardiamente manifestando-se como anemia refratária, osteoporose ou fadiga inexplicada.
Como evitar contaminação cruzada?
Use utensílios exclusivos, leia rótulos cuidadosamente e mantenha alimentos sem glúten separados.
Dieta sem glúten emagrece?
Não necessariamente; ela corrige a má absorção e melhora sintomas, mas não é uma dieta de emagrecimento.
Há tratamento além da dieta?
Atualmente, o único tratamento eficaz é a dieta estrita sem glúten, acompanhada de suporte nutricional.