O edema agudo de pulmão (EAP) é uma emergência médica grave que ocorre quando há acúmulo rápido de líquido nos pulmões, dificultando a respiração e comprometendo o transporte de oxigênio pelo corpo.
O quadro exige atendimento imediato, pois pode evoluir rapidamente para insuficiência respiratória e risco de morte.
Com mais de 90 anos de história dedicados à promoção da vida, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) reforça a importância da informação e da agilidade no diagnóstico, destacando o papel vital das equipes de saúde na identificação precoce e no tratamento correto dessa condição potencialmente fatal.
O que é o edema agudo de pulmão
O edema agudo de pulmão é caracterizado pelo extravasamento de líquido dos capilares pulmonares para os alvéolos, as pequenas estruturas responsáveis pela troca de oxigênio.
Esse acúmulo impede que o ar entre e saia adequadamente dos pulmões, levando à falta de ar intensa e súbita.
Em termos clínicos, o EAP pode ser classificado em duas formas principais:
- Cardiogênico: causado por problemas cardíacos, especialmente insuficiência cardíaca congestiva, em que o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma eficiente.
- Não cardiogênico: resultado de outros fatores, como infecções graves, traumas, intoxicações, queimaduras extensas ou insuficiência renal aguda.
Em ambos os casos, o reconhecimento precoce e o tratamento rápido são fundamentais para evitar complicações graves.
Principais sinais de alerta
O edema agudo de pulmão costuma se manifestar de forma abrupta, com sintomas que evoluem em minutos ou poucas horas.
Entre os sinais mais comuns estão:
- Falta de ar súbita e intensa, mesmo em repouso;
- Tosse com secreção espumosa e rosada, resultado do acúmulo de líquido misturado a sangue;
- Sensação de sufocamento, especialmente quando deitado;
- Cianose (coloração azulada dos lábios e extremidades), causada pela falta de oxigenação;
- Taquicardia e ansiedade extrema, sinais de que o corpo está em sofrimento respiratório.
Esses sintomas indicam emergência médica absoluta.
De acordo com o Ministério da Saúde, o paciente deve ser levado imediatamente a uma unidade de pronto atendimento ou hospital, onde receberá suporte respiratório e tratamento específico.
Fatores desencadeantes e grupos de risco
Diversas condições podem levar ao desenvolvimento do edema agudo de pulmão.
Os principais fatores desencadeantes incluem:
- Insuficiência cardíaca descompensada, especialmente em pacientes com histórico de infarto ou hipertensão arterial não controlada;
- Crises hipertensivas, que aumentam a pressão nos vasos pulmonares e sobrecarregam o coração;
- Infecções pulmonares severas, como pneumonia e sepse;
- Doenças renais, que causam retenção de líquidos;
- Traumatismos torácicos ou pós-cirúrgicos;
- Reações adversas a medicamentos ou inalação de substâncias tóxicas.
O risco é maior em idosos, pessoas com doenças cardíacas crônicas, diabéticos, hipertensos e pacientes em tratamento de hemodiálise.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que as doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 30% das mortes globais, e o edema pulmonar é uma das complicações mais graves desses quadros.
A importância do atendimento imediato
O sucesso do tratamento do edema agudo de pulmão depende diretamente da velocidade do atendimento.
Quanto mais cedo o paciente recebe suporte médico, maiores são as chances de estabilização e recuperação.
As principais medidas terapêuticas incluem:
- Oxigenoterapia: o fornecimento imediato de oxigênio ajuda a normalizar os níveis de saturação no sangue;
- Diuréticos intravenosos: medicamentos que eliminam o excesso de líquido e reduzem a pressão nos vasos pulmonares;
- Vasodilatadores: reduzem a resistência vascular e aliviam o esforço cardíaco;
- Ventilação não invasiva ou invasiva, quando o paciente apresenta insuficiência respiratória grave;
- Monitoramento hospitalar contínuo, para controle da pressão arterial, frequência cardíaca e função renal.
Em casos de edema agudo de pulmão de origem cardíaca, o tratamento deve ser acompanhado de avaliação cardiológica detalhada, com o objetivo de corrigir a causa subjacente, como arritmias, falhas valvares ou insuficiência ventricular.
Importante:
O tratamento domiciliar não é indicado em nenhuma hipótese. O EAP é uma emergência médica, e a falta de intervenção rápida pode levar à falência respiratória em minutos.
Prevenção e acompanhamento de pacientes de risco
Prevenir o edema agudo de pulmão exige controle rigoroso das doenças de base.
Pacientes com histórico de problemas cardíacos, hipertensão ou doenças renais devem manter acompanhamento médico contínuo e seguir corretamente as orientações clínicas.
As principais medidas preventivas incluem:
- Controle da pressão arterial e do diabetes;
- Uso adequado dos medicamentos prescritos;
- Evitar excesso de sal e líquidos na dieta, quando indicado;
- Realizar consultas periódicas com cardiologista e nefrologista;
- Evitar o tabagismo e o consumo de álcool;
- Praticar atividades físicas leves e regulares, conforme recomendação médica.
A Fiocruz reforça que o fortalecimento da atenção primária à saúde, com acompanhamento regular e acesso a exames preventivos, é essencial para reduzir internações por complicações cardíacas e pulmonares, como o EAP.
O papel da SPDM
Entre suas ações, destacam-se:
- Gestão de unidades hospitalares de referência, com equipes multiprofissionais capacitadas para o diagnóstico e o tratamento de pacientes em estado crítico;
- Programas de capacitação médica e de enfermagem, focados em protocolos de atendimento rápido e seguro em casos de insuficiência respiratória;
- Ações de educação em saúde, voltadas à prevenção de doenças cardiovasculares e à promoção do autocuidado;
- Projetos de acompanhamento de pacientes crônicos, garantindo tratamento contínuo e humanizado.
Essas iniciativas refletem o compromisso da SPDM com uma saúde pública eficiente, acolhedora e baseada em evidências científicas, contribuindo diretamente para a redução da mortalidade por causas evitáveis.
O edema agudo de pulmão é uma condição médica grave, mas tratável quando reconhecida a tempo.
Saber identificar os sinais de alerta e buscar atendimento imediato pode significar a diferença entre a vida e a morte.
A SPDM reafirma seu compromisso com a educação em saúde, o cuidado humanizado e a excelência no atendimento público, atuando para salvar vidas e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS).
A informação é o primeiro passo para a prevenção.
E a ação rápida é a chave para a recuperação.
Fontes consultadas
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Cardiovascular diseases and pulmonary complications – Global data. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/cardiovascular-diseases#tab=tab_1
- National Center for Biotechnology Information (NCBI). Pulmonary Edema (2023) Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK557611/
Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Protocolos e programas institucionais em urgências e emergências clínicas. Disponível em: https://spdm.org.br








