“O Brasil terá um crescimento muito mais acelerado de idosos e ainda não discute a relação entre qualidade e quantidade de vida da maneira que deveria”, alerta Ferraz. Segundo ele, dos 3,8% do PIB que são aplicados no Sistema Único de Saúde (SUS), pouco é direcionado para resolver problemas antigos e os que já batem à porta, em decorrência do aumento da expectativa de vida da população.
“Neste ambiente de 190 milhões de brasileiros, este percentual corresponde ao valor de uma passagem de ônibus ida e volta por habitante. Com esses recursos é difícil atender à demanda da população, sobretudo esse grupo que está envelhecendo mais rápido”, diz.
Ele destaca que, além do déficit financeiro, a gestão dos recursos públicos é ineficiente. Ferraz diz que não basta construir hospitais, é necessário também investir em equipamentos, manutenção e na contratação de profissionais.
“Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que a cada cinco pacientes com mais de 60 anos, quatro têm pelo menos uma doença crônica. No geral, 31% dos brasileiros são portadores de alguma doença crônica, enquanto em países desenvolvidos. Nos países desenvolvidos 45% da população registra o mesmo perfil. Isso significa que, ao avançarmos na expectativa de vida, vamos acumulando progressivamente mais doenças”, explica o especialista.
Para o presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, Rubens Belfort, os dados do IBGE mostram que o país hoje controla doenças que antes matavam mais cedo, caso das infecções, e já demanda investimentos em doenças crônicas e degenerativas. Segundo ele, pesquisas mostram que um idoso pode tomar em média 20 medicamentos por dia.