Desde o início do mês de janeiro, o aparecimento de um vírus misterioso e recém-conhecido pela ciência vem causando alarde mundial. O novo tipo de coronavírus, classificado com o nome 2019-nCoV, nunca havia se manifestado em humanos. Centenas de pessoas da China, Japão, Tailândia, Taiwan, Coreia do Sul, Estados Unidos, Canadá e, agora, países da Europa, já foram infectadas com o vírus e desenvolveram problemas pulmonares graves.
A nova doença já fez dezenas de vítimas fatais e, até o momento, não se manifestou em terras brasileiras – os casos suspeitos estão sendo analisados para confirmação, ou não, do diagnóstico. As autoridades sanitárias estão trabalhando na elaboração de um Plano de Ação para evitar uma possível entrada do vírus. Mas o que se sabe até agora sobre o 2019-nCoV?
“Os coronavírus (CoV) são conhecidos desde a década de 1960 e compõem uma grande família de vírus, que receberam esse nome devido às espículas em sua superfície, que lembram uma coroa. Podem causar infecções respiratórias leves, até pneumonia grave com insuficiência respiratória e morte”, explica o infectologista Eduardo Medeiros, presidente das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da SPDM e do Hospital São Paulo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a origem do 2019-nCoV ainda não foi oficialmente identificada. Contudo, em decorrência de doenças já existentes com características semelhantes, cientistas acreditam que a fonte primária possa ser um animal. O governo da China, país que apresentou os primeiros casos, considera que o novo vírus tenha vindo de animais – mais especificamente de um mercado de frutos do mar e animais vivos na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, onde o surto começou.
“Já podemos falar em uma nova epidemia envolvendo vários países, visto que o vírus pode ser transmitido de uma pessoa para outra e já se espalhou por países da Ásia, Europa, África e América do Norte”, considera Medeiros. O infectologista aproveita para fazer um alerta: “A recomendação é que os brasileiros evitem viajar para áreas que estejam apresentando casos de infecção por coronavírus. Se viajar, é necessário evitar locais com aglomeração, não comer alimentos crus, principalmente de origem animal, sempre lavar as mãos, utilizar álcool em gel com frequência, usar lenço descartável para higiene nasal e não compartilhar objetos de uso pessoal como copos e talheres”, orienta.
Como se transmite o vírus
O novo coronavírus pode ser transmitido por secreções respiratórias pela tosse e espirro, pelas mãos contaminadas, contato com superfícies e objetos contaminados. Os pacientes suspeitos, aqueles que apresentam sintomas respiratórios e que tenham viajado para áreas epidêmicas como a cidade de Wuhan na China, devem utilizar máscara cirúrgica desde o momento em que forem identificados com sintomas respiratórios e na chegada ao serviço de saúde. O período de incubação, ou seja, entre a infecção e os primeiros sintomas, pode durar entre 5 e 12 dias.
Sintomas e causas
O 2019-nCoV se manifesta, na maioria das vezes, com o aparecimento de sintomas respiratórios como febre, coriza e tosse. Posteriormente, pode evoluir para pneumonia e dificuldade de respirar. Esses sintomas podem se agravar e resultar em um comprometimento pulmonar grave, causando insuficiência respiratória e até morte. Nos estudos atuais, a taxa de mortalidade está em torno de 2%.
Tratamento dos pacientes infectados
Ainda não existe um tratamento específico e eficaz contra a doença, somente testes de algumas medicações antivirais. Os pacientes infectados imediatamente recebem uma máscara cirúrgica para utilizarem e são tratados com suporte clínico. Nos casos graves, em que há dificuldade para respirar, recebem um suporte ventilatório na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A equipe médica, que deve se precaver utilizando máscaras respiratórias, luvas, avental e proteção ocular para evitar a infecção, precisa isolar os pacientes em quartos específicos com tratamento do ar, preferencialmente com pressão negativa, para evitar a transmissão do vírus.
O que os hospitais da SPDM farão em casos suspeitos?
As unidades hospitalares gerenciadas pela SPDM estão realizando planos de ação e fluxos para atenderem casos suspeitos. Estão sendo ministrados treinamentos sobre critérios diagnósticos e tratamento, além da notificação imediata à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e/ou à Secretaria Municipal de Saúde, e à Central/CIEVS/SES-SP.
Contudo, para reiterar: até o momento, não há casos confirmados no Brasil.